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Veinte

por Joanna, em 07.11.15

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Tal como em todas as viagens que tinha feito com o Enzo naquela mota do diabo, acabei por ter de me agarrar a ele e encostar a minha cara às costas dele tanto para evitar levar com o vento como numa tentativa de me abstrair do que estava a acontecer, ou mais propriamente, da velocidade demasiado excessiva a que ele conduzia.

Rezei a todos os deuses assim que chegámos finalmente ao local onde ia decorrer o combate; não era o mesmo sítio da outra vez mas apesar disso era mais do que possível perceber que as parecenças entre os dois locais eram muitas.

- Anda comigo. - pediu o Enzo, agarrando-me na mão para me puxar em direção ao edifício com péssimo aspeto que se encontrava a poucos metros à nossa frente – Não te afastes, ok? – assenti com a cabeça e aproximei-me mais das costas dele – Vai ser como da outra vez, ficas ao pé do Roberto durante o combate e eu depois vou ter contigo. Não saías de lá. – foi falando o Enzo enquanto passávamos pela multidão em direção ao pequeno estrado montado onde estava o homem do altifalante que desconfiava ser o Roberto.

- Enzo! – gritou o homem assim que nos viu – Outra vez a tua miúda? – perguntou ele enquanto cumprimentava o Enzo e reparou em mim mesmo atrás dele – Não te preocupes, ela fica aqui comigo por isso está mais do que segura! – o Roberto sorriu e desviou a atenção de nós novamente para o altifalante, gritando pelo mesmo que o combate estava quase a começar e para fazerem as últimas apostas – Vai lá preparar-te, o combate está prestes a começar.

As mãos do Enzo subiram até à minha cara enquanto os nossos olhares se fixavam um no outro – Não saías daqui. – pediu ele com uma expressão ligeiramente preocupada, o que só me deixou a mim ainda mais preocupada por ficar ali sozinha com um maluco de megafone e estar no meio de tanta testosterona e violência – No fim do combate venho buscar-te, está bem? – assenti com a cabeça, não conseguindo fazer absolutamente mais nada; estava ali sozinha por isso a situação era muito diferente da outra vez – Vai correr tudo bem princesa. – acrescentou ele com aquele seu sorriso antes de se afastar.

Meg {18:20} : Onde estás?

Meg {18:34} : Sky! Estou a ficar preocupada, o que é que se passa?

Meg {19:05} : Por favor responde!!!

Sky {19:21} : O Enzo tem um combate e não tive outro remédio senão vir com ele. Depois volto para a universidade

Mandei a mensagem à minha prima e voltei a guardar o telemóvel no bolso das calças. Estava ligeiramente chateada com ela porque continuava a considerar que aquilo era tudo culpa dela. Se a Meg não tivesse decidido gostar do Santiago, fazendo assim com que passássemos todos mais tempo juntos, se ela não me tivesse deixado sozinha com o Enzo para fazer o relatório e não tivesse mantido o namorado ou o que quer que eles fossem no nosso quarto, eu nunca teria passado a noite em casa do Enzo fazendo com que estivesse naquele fim do mundo com ele. Era tudo culpa da Megan. Bem e digamos que o destino também deu uma grande ajuda.

Bufei para o ar e cruzei os braços, tentando descontrair-me o máximo possível o que era praticamente impossível devido ao ambiente em que me encontrava. O Roberto voltou a falar ao megafone, dando por encerradas as apostas e preparando a multidão para o início do combate que se daria a qualquer instante.

O meu olhar parou no Enzo assim que ele reapareceu naquele sítio. Estava apenas com as calças pretas vestidas o que dava uma bela visão do seu corpo despido, corpo que eu já tinha tipo várias oportunidades de admirar. Confessemos que por muito idiota que ele fosse, ninguém no seu perfeito juízo diria que o Enzo não era giro. A sua expressão habitual de relaxamento e descontracção estava ligeiramente carregada de preocupação e eu sabia que era por causa de mim. Os nossos olhares encontraram-se e ele sorriu-me, deixando-me com a barriga às voltas de nervosismo.

A multidão começou ao rubro, enchendo aquele espaço de barulho e aumentando a confusão de pessoas que se empurravam para tentarem ver melhor e irem para mais perto da zona onde se daria o combate. O adversário do Enzo entrou também no ringue improvisado e senti-me arrepiar completamente devido ao seu ar assassino, coisa que parecia não incomodar minimamente o Enzo.

O Roberto deu início ao combate e tentei manter o meu olhar na zona em que ambos os lutadores se encontravam mas tudo aquilo começava a deixar-me mal disposta. Nunca tinha sido a favor de violência e depois do que se tinha passado, qualquer tipo de brutalidade especialmente esta sem qualquer propósito a não ser o de fazer dinheiro, deixava-me demasiado nervosa.

Comecei a sentir que aquele sítio estava demasiado abafado e que o ar para respirar me começava a faltar; tudo piorou assim que o Enzo conseguiu acertar um murro no adversário que começou a jorrar sangue do nariz, demasiado sangue para aquilo ter sido um golpe pouco violento. Tentei passar pelo Roberto para sair dali mas ao ver-me a tentar sair do estrado, senti aqueles braços fortes e tatuados agarrarem-me pela cintura.

- O que é que estás a fazer, miúda? – perguntou-me ele próximo de ouvido pois era a única maneira de o ouvir no meio de toda aquela confusão – Queres distrair o Enzo? Merda.

Continuava a sentir-me demasiado claustrofóbica ali mas ao ouvir o Roberto praguejar, olhei automaticamente por cima do meu ombro, conseguindo assim ver o Enzo virado na nossa direção, com o olhar colado em mim e aquela sua expressão de preocupação. Abri a boca para gritar mas o barulho era muito e também não tive tempo de proferir qualquer som antes do adversário dele aproveitar aquele momento de fraqueza do Enzo e ataca-lo com toda a força que tinha.

- Bom trabalho, miúda. – resmungou o homem enquanto me largava – Não saías dai. Preciso que o nosso menino ganhe o combate e assim não ajudas.

Voltei para o sítio onde tinha estado antes, sentindo-me cada vez pior à medida que o tempo ia passando e parecia que o Enzo não conseguia recuperar e arranjar maneira de atacar o adversário. Apertei a barra de ferro que se encontrava à minha frente com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos.

O Enzo conseguiu finalmente ver-se livre do outro rapaz, empurrando-o para trás de forma a que se tornasse possível levantar-se. Encolhi-me mal o vi, cheio de sangue que sabia que não era só dele mas que mesmo assim ainda havia algum que lhe pertencia e a cara e o tronco despido com algumas marcas que começavam a surgir devido aos vários golpes que ele não tinha conseguido defender. O nosso olhar voltou a encontrar-se e assim que viu que eu estava bem, o Enzo pareceu ser possuído por uma raiva assassina e atacou o seu adversário com tudo o que tinha, deitando-o ao chão numa questão de segundos.

O silêncio reinou o edifício por segundos que mais pareceram horas; os fãs daqueles combates pareciam nunca terem visto o Enzo a apanhar tantos golpes sem se conseguir defender e de certeza que também nunca tinham visto o Enzo a dar cabo de alguém naquela rapidez de movimentos, afinal os combates tratavam-se de entretenimento. Quando o Roberto voltou a gritar pelo altifalante, desta vez informando o vencedor, o barulho voltou a encher aquele local.

O Enzo saiu do círculo do combate, não se preocupando sequer com o adversário enquanto passava pela multidão e seguia até ao estrado. Subiu os degraus dois a dois e passou pelo Roberto, caminhando até mim. Voltei a encolher-me automaticamente, sentindo um medo frio e cru a percorrer todo o meu corpo devido à proximidade a que nos encontrávamos e por ser a primeira vez que via aquela faceta do Enzo, aquele ar bruto, cheio de sangue e com alguma raiva dele.

- O que é que aconteceu? Disse-te para ficares aqui e esperares por mim.

Engoli em seco e levantei o meu olhar para ele, constatando agora com a nossa proximidade que ele tinha ficado mesmo ferido em várias zonas do seu corpo; o sobrolho esquerdo parecia rebentado, a bochecha direita tinha um pequeno corte e haviam várias manchas escuras espalhadas pelo seu peito despido.

- Desculpa. – pedi num tom tão baixo que no meio daquela confusão não cheguei a saber se ele me tinha ouvido – Podemos sair daqui? – perguntei num tom mais alto – Preciso de sair daqui.

Ele assentiu com a cabeça e agarrou na minha mão para me manter junto ao seu corpo. Trocou umas palavras rápidas com o Roberto, eu continuava demasiado alheia a tudo para prestar atenção ao que eles estavam a dizer, e depois disso o homem mais velho passou ao Enzo um envelope pardo que estaria cheio de notas que pagavam aquele combate.

Segui o Enzo até ao exterior do edifício e fechei os olhos com um suspiro assim que o ar frio da noite me bateu na cara, minimizando os efeitos que aquele combate tinha deixado em mim apesar de eu não ter passado de uma mera espectadora.

- O que é que se passou? – voltou ele a perguntar enquanto vestia o casaco de cabedal.

- Não sei. Não me estava a sentir muito bem e queria sair dali. – o nosso olhar encontrou-se novamente e parecia que ele era capaz de ver para dentro de mim, ler-me os pensamentos, e isso era assustador – Desculpa, não queria desconcentrar-te nem queria que ficasses assim.

A expressão do Enzo suavizou e ele assentiu com a cabeça – Não te preocupes, já me aconteceu pior. Não te vou levar já a casa, está bem? – juntei as sobrancelhas em confusão – Apesar de ser muito bom a curar os meus ferimentos deves-me ajuda já que aconteceram por causa de ti. – revirei os olhos sentindo-me ligeiramente melhor, o que parecia ser o efeito da reação de parvalhão do Enzo – E além disso não me parece boa ideia deixar-te já sozinha.

Não disse nada, apenas esperei que ele subisse para a mota para eu fazer o mesmo. Sentia-me culpada por ele estar naquele estado e por isso tratar-lhe das feridas parecia-me o mínimo que podia fazer. Além de que, nunca iria dizê-lo em voz alta, mas o Enzo tinha razão; neste momento não me sentia nada preparada para estar sozinha ou mesmo estar com a Meg e ter de lhe contar tudo o que se tinha passado.

Coloquei os braços à volta do tronco do Enzo, tão distraída com os meus pensamentos que nem me lembrei dos hematomas que ele tinha no mesmo até o ouvir gemer de dor.

- Desculpa. – apressei-me a pedir e a retirar os braços mas não consegui ser rápida o suficiente a fazer esta segunda porque as mãos do Enzo agarraram-me nos punhos e colocaram novamente os meus braços à volta do seu tronco mas nunca posição em que não o magoasse. Tinha os braços dentro do casaco dele, sentindo a sua pele quente contra a minha o que me fez arrepiar completamente.

- Não faz mal. – ouvi-o dizer e vi-lhe aquele meio sorriso provocador antes de arrancar com a mota dali para fora.

**

 Ao chegar a casa do Enzo, o silêncio e as luzes apagadas da mesma faziam concluir que continuava a não haver ali mais ninguém para além de nós os dois. O Enzo despiu o casaco e atirou o mesmo para o sofá, voltando a ficar apenas com as calças pretas vestidas e agora que estávamos ali os dois sozinhos aquilo parecia seriamente errado, outra coisa que parecia muito errada era o facto de eu não conseguir parar de olhar para toda a extensão de pele despida dele.

O Enzo olhou por cima do ombro na minha direção e sorriu quando me apanhou a olhá-lo fixamente. Revirei os olhos, irritada por ele me ter apanhado a fazê-lo – Estava a ver as tuas feridas. – tentei desculpar-me com a primeira coisa que me lembrei mas sabia que ele tinha percebido a minha mentira já que as costas dele não tinham qualquer marca do combate.

- Vou tomar banho. – foi a única resposta que ele deu antes de subir as escadas que davam para o andar superior. Segui atrás dele e assim que entrámos no quarto que ele partilhava com o irmão, deixei-me cair na cama do Enzo distraída em pensamentos até ele se começar a despir. Arregalei os olhos antes de perceber o que se estava a passar e fechar automaticamente os olhos e virar a cara para o lado.

- Podias ter avisado! – atirei chateada e sentindo as minhas bochechas mais quentes. Decidi levar também as mãos aos olhos para tapar os mesmos e ter a certeza que não caía na tentação de continuar a olhar para o seu corpo despido, coisa que hoje parecia não conseguir controlar – És mesmo idiota.

- Não vi qualquer problema. – falou o Enzo e sabia que ele estava a sorrir, claro que estava a sorrir, o idiota gostava daquilo – Já tomámos banho juntos, já partilhámos a cama e somos amigos. Podemos ver-nos despidos.

- Não me vais ver despida por mais amigos que sejamos. – foi a primeira coisa que me lembrei de dizer – E isso tudo não quer dizer que possas despir-te à minha frente à vontade! – respirei fundo numa tentativa de acalmar o calor que sentia nas bochechas e tentar afastar as imagens do Enzo despido que me passavam pela cabeça neste preciso momento.

- Pronto está bem. Vou tomar banho.

Depois de ouvir os passos do Enzo a afastarem-se no chão de madeira, deixei cair as mãos e abri lentamente os olhos. Levantei-me da cama e saí para o corredor, ouvindo o barulho da água a correr pela porta aberta da casa de banho. Caminhei lentamente até àquela divisão e encostei-me à ombreira da porta de onde conseguia ver os movimentos do Enzo apesar da cortina que havia na banheira a luz daquele espaço fazia sombra para o exterior.

Mordi o meu lábio inferior e ganhei coragem para falar, o que confesso foi um pouco difícil sabendo que o Enzo estava completamente despido e debaixo de água a poucos metros do local onde me encontrava – Onde é que tens as coisas para eu te tratar das feridas? – perguntei conseguindo fazer com que a minha voz não soasse com falhas ou engasgada.

O Enzo afastou a cortina e eu desviei automaticamente o olhar até ter a certeza que ele só ia meter a cabeça de fora em vez de me dar uma visão de todo o seu corpo – Olá. – lancei-lhe um olhar irritado devido ao seu sorriso – Queres juntar-te? Já chegámos à conclusão que somos bons a tomar banho juntos. – semicerrei-lhe os olhos, sentindo-me cada vez mais irritada por parecer não conseguir controlar o meu corpo e sentir novamente o sangue fugir-me todo para as bochechas – Pronto tudo bem. – ele encolheu os ombros e apontou para um armário que havia debaixo do lavatório – Está aí tudo numa caixa branca.

Quando a cortina voltou a ser puxada para o seu sítio, entrei na casa de banho e agachei-me em frente ao armário que o Enzo tinha indicado. Depois de abrir o mesmo encontrei logo à minha frente a caixa que ele tinha falado e abri a mesma, procurando tudo o que precisava para lhe tratar das feridas feitas no combate.

Estava tão concentrada naquilo que só passado um bocado é que percebi que a água a correr tinha deixado de preencher aquela divisão e virei-me para ver o que se passava, o que foi uma péssima, mesmo péssima ideia.

- Enzo! – gritei fechando os olhos com força enquanto sentia as minhas bochechas a aquecer novamente, mas desta vez pareciam prestes a explodir. O Enzo tinha acabado de tomar banho e tinha saído da banheira deixando-se estar muito despido à minha frente. Tinha visto tudo, absolutamente tudo – Oh meu deus. Veste-te!

- Era o que eu ia fazer. – o tom divertido dele deixou-me ainda mais irritada com toda aquela situação; mesmo que ele não tivesse feito aquilo de propósito era mais do que óbvio que tinha gostado de toda aquela situação – Pronto já podes abrir os olhos.

Agarrei em todas as compressas e embalagens que tinha tirado e pousei as mesmas em cima do lavatório, virando-me finalmente para encarar o Enzo que tinha agora uma toalha branca à volta da cintura. Obviamente o meu olhar ficou alguns segundos parado naquela zona e não conseguia parar de reviver na minha cabeça aquilo que tinha visto há momentos.

- Senta-te. – mandei apontando para o tampo da sanita, sentindo-me ligeiramente mais controlada mas apenas muito ligeiramente. Ainda sentia as minhas bochechas a escaldar e por mais que tentasse não conseguia apagar do meu cérebro a imagem do membro do Enzo e ele estar apenas de toalha estava longe de ajudar.

- E então que tal?

- Não vi nada! – respondi com a voz ligeiramente esganiçada – Assim que me virei fechei os olhos por isso não vi absolutamente nada. – menti com todos os dentes que tinha boca.

- Estava a falar das feridas, - falou ele com um encolher de ombros – mas se quiseres falar disso podemos falar.

Revirei os olhos irritada por ter sido mais uma vez apanhada no jogo dele quando já devia saber como é que o Enzo era. Voltei a virar-lhe costas, agarrando numa compressa e deitando um pouco de álcool etílico para a mesma. Assim que voltei a olhar para o Enzo ele tinha conseguido pôr a mão num maço de tabaco que se encontrava agora no seu colo e acendia o cigarro que tinha na boca.

- Devias esperar que eu te tratasse das feridas para fumar. – aproximei-me novamente dele e passei a compressa pelo sobrolho do Enzo que depois do banho já não tinha qualquer resto de sangue mas ainda tinha mau aspeto. Tinha a certeza que aquilo lhe doía mas mesmo assim ele não se encolheu uma única vez de dor. Desci a compressa para o corte da bochecha e deitei-a fora a seguir, indo buscar a embalagem de tomada para lhe passar pelas feridas do peito o que tornou aquele momento muito esquisito e intenso. Meti-me direita assim que acabei de o fazer e roubei-lhe o cigarro dos dedos – Preciso disso. – murmurei antes de levar o cigarro aos lábios.

Senti o olhar do Enzo posto em mim enquanto os cantos dos seus lábios estavam ligeiramente subidos para aquele seu sorriso característico. Deixei que a nicotina me acalmasse ou pelo menos foi isso que pensei até estar pronta para expelir o fumo e o Enzo colocar-se complemente direito, o que fez com que ficássemos mais ao menos ao mesmo nível um do outro e acabasse por expelir o fumo para os seus lábios. Engoli em seco, totalmente apanhada de surpresa com aquilo, com a nossa proximidade e o facto de não me estar a querer nem conseguir afastar-me dele.

Os olhos acastanhados do Enzo fixavam os meus e mais uma vez sentia como se ele conseguisse ler os meus pensamentos e soubesse exatamente aquilo que eu estava a pensar. O coração parecia bater-me com mais velocidade no peito enquanto a minha respiração parecia cada vez mais arrastada. Nenhum de nós parecia capaz de se conseguir mexer mas foi no exato momento em o Enzo me tirou o cigarro dos dedos, deixando-nos estar assim em contacto, e ele se mexeu uns meros milímetros para a frente que o meu telemóvel começou a tocar no bolso das calças.

Voltei a engolir em seco, tentando de alguma forma ganhar capacidade de reação mas mesmo assim parecia presa naquele sítio pois continuava sem me conseguir mexer ou afastar e o mesmo acontecia ao Enzo sendo que a única diferença é que ele parecia ligeiramente irritado naquele momento. Levei a mão ao bolso das calças, afastando-me assim do toque dele e deixando apenas entre nós toda aquela proximidade e olhei para o ecrã do iphone onde se lia o nome Martin a negro.  

Antes de saber muito bem o que estava a fazer, carreguei no vermelho e voltei a guardar o telemóvel, olhando novamente para os olhos hipnotizantes do Enzo. A expressão irritada dele pareceu acalmar assim que o seu sorriso fez outra aparição.

- Vais beijar-me com o teu namorado a ligar-te?

Acordei do transe ao ouvir aquela pergunta e afastei-me dele – Não te ia beijar. – sentia o meu corpo demasiado quente e demasiado estranho como se estivesse doente – E o Martin não é meu namorado. – foi a última coisa que disse antes de fugir à pressa daquela divisão para ir buscar todas as minhas coisas e sair daquela casa para o ar livre e para longe do Enzo.

- Sky? – ouvi a voz da Lola quando passei por ela no corredor e ela ainda me tentou agarrar no braço mas eu consegui esgueirar-me antes de ela o fazer – Sky? – repetiu – O que se passa?

Desci as escadas sem dizer uma palavra e vesti o meu casaco, saindo para o ar frio da rua onde comecei a andar em passo acelerado em direção ao campus universitário.

13.06 – 12:20 am

Lola abriu a porta de entrada da casa com um sorriso entusiasmado nos lábios, seguida do resto do grupo, até estacar de repente e o sorriso fugir com enorme rapidez dando lugar a uma expressão de pânico e nervosismo.

- O que-o que é que aconteceu? – perguntou quando o seu olhar conseguiu desviar-se finalmente do chão da sala de estar onde se encontrava o corpo rodeado de sangue para a rapariga que se mantinha ajoelhada aos pés daquela pessoa – Sky?

Skylar chorava, abraçada a si própria enquanto se abanava para trás e para a frente numa tentativa vã de se acalmar a si própria – Ele está morto. – murmurava a rapariga incessantemente sem conseguir tirar os olhos do cadáver que se encontrava na sala de estar.

- O que se passa? – a voz da Meg fez-se ouvir assim que a rapariga saiu da cozinha onde tinha ido beber água para a sala – Oh meu deus. Sky, o que se passou? – a rapariga passou por uma Lola estática e caminhou até o local onde a prima continuava parada.

Skylar levantou o olhar para a prima, os olhos assim como o nariz vermelhos do choro – Meg, ele está morto.

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publicado às 16:27