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Apesar do meu nível de entusiasmo por voltar para casa, passei toda a viagem a dormir. Não sei como porque é sem dúvida um grande feito conseguir adormecer naqueles bancos horríveis do avião mas a verdade foi que adormeci em França e acordei na Austrália.
Caminhei pelo aeroporto até à passadeira onde saíram as malas do meu voo e aguardei que a mesma começasse a trabalhar. Felizmente a minha mala foi uma das primeiras.
Assim que agarrei na mesma, dirigi-me para a entrada do aeroporto. Não foi preciso olhar muito em volta porque assim que vi um bocado de cartão escrito a batom com a frase Devlin, estás em apuros, foi só levantar o olhar e vê-las.
Deborah Parker-Winston, a.k.a a minha gémea e ao seu lado, a nossa melhor amiga, Reed Johnson, largaram o pedaço de cartão e vieram a correr na minha direção.
Larguei a mala e abracei as duas, rindo-me ao mesmo tempo – Calma, vão deixar-me sem ar! – queixei-me apesar de as puxar com a mesma força que elas o faziam. Podia só ter passado um ano e mesmo com todos os telefonemas e videochamadas, nada era melhor do que as ver pessoalmente e as poder abraçar.
- Temos de ir para casa. – Deb sorriu assim que me largou. O mais difícil tinha sido ficar longe dela porque isso nunca tinha acontecido. Estávamos sempre juntas, éramos umas verdadeiras lapas e um ano inteiro longe dela tinha sido horrível – Estão todos à nossa espera.
- Sim, a tua mãe fez-me ter a certeza que não fugíamos porque ela já sabe que contigo cá, voltam as más influências.
- Já vi que deixaste os óculos, Reed. – provoquei enquanto agarrava novamente na minha mala – Conseguiste finalmente usar lentes de contacto sem quase arrancares um olho?
Reed fingiu rir-se e deu-me um encontrão com a cintura, uma vez que eu ia a arrastar a mala no meio da minha irmã e da nossa melhor amiga – Sabes que é preciso treinar para que deixe de ser difícil. Sempre ouvi dizer que a prática leva à perfeição.
- Eu também. – retorqui colocando a mala no porta bagagens do carro – Mas não era a falar de lentes de contacto. – acrescentei sorrindo.
Assim que Deborah se sentou no lugar do condutor, começou a luta pelo lugar do pendura, luta que eu ganhei, fazendo uma Reed semi contrariada ir para o banco de trás.
- A Reed está ansiosa de te contar as novidades. – Deb sorriu e começou a conduzir em direção a nossa casa – É uma pena que vocês mal tenham falado pelo skype porque eu tive de a ouvir o tempo todo.
- Até parece. – resmungou Reed que se chegou para a frente de maneira a ficar entre os nossos dois bancos – Eu não estou sempre a falar dele.
- Dele? – perguntou virando-me para trás – Oh meu deus! A nossa menina arranjou namorado? – perguntei apertando-lhe a bochecha ao mesmo tempo que a minha irmã se ria.
- Até parece que é um feito mundial. – Reed bateu-me na mão até a largar e voltou a encostar o queixo ao meu assento – Eu e o Dom já andamos à séculos, vocês é que nunca souberam.
Virei-me para trás de olhos arregalados – Espera, repete. Tu e o Dominic Watson? E que raio de conversa é essa de namorarem e nós não sabermos? – tinha estado longe um ano mas parecia que nunca me tinha ido embora, sem contar com estas novidades que não fazia a mínima, a nossa relação continuava igual a antes e ainda bem.
- Tu sabes que eu não gosto muito de contar as coisas sem ter a certeza que são sérias e queria esperar para ter a certeza que o que nós tínhamos era sério. – Reed sempre tinha sido uma espécie de mistura entre mim e a minha irmã, por isso é que sempre nos tínhamos dado as três tão bem. Eu era a rebelde do grupo, Reed era a meio-termo e Deborah era a mais calminha – Bem, agora as coisas estão sérias. E temos que combinar uma saída todos juntos.
- Podes ter a certeza que sim. – disse eu sorrindo – Ele era giro quando éramos putos, agora deve ser uma brasa.
- Dev, estás a falar do meu namorado! – Reed riu-se.
Assim que entrámos os portões da nossa propriedade, olhei pela janela enquanto percorríamos o caminho que dava até casa. Vivia ali desde que me lembrava mas um ano depois parecia tudo ainda maior. A propriedade estava na família à várias gerações e tinha sido conseguida por vários Parker, por isso é que era tão grande.
O terreno dos Parker consistia numa propriedade enorme com espaço para cavalariças onde tínhamos os nossos cavalos e uma zona para o gado. Encontrava-se também a nossa casa, uma vivenda com quatro andares, cada andar formava uma casa individual sendo que actualmente só dois andares é que estavam em funcionamento, o nosso e o dos meus tios. Mas não ficava por aqui. Na parte traseira da casa tínhamos um caminho que dava até à praia, uma praia pequena mas mesmo assim, era a nossa praia privada.
Escondi a cara com as mãos assim que a Deborah estacionou o carro e vi toda a minha família à porta. Sempre tínhamos sido muito entusiasmados e dados a festas, principalmente graças à minha tia que vinha de uma família latina e qualquer coisa merecia uma festa. Nada contra, eu adorava, excepto quando era uma festa de regresso para mim. Bem… se calhar até gostava na mesma…
- Tínhamos tantas saudades tuas. – abracei a minha mãe com força assim que ela veio ter comigo e de seguida o meu pai. O mais difícil de ter seguido o meu sonho tinha sido afastar-me da minha família e amigos mas se queria fazer no futuro aquilo que gostava, era o preço a pagar.
Depois de cumprimentar todos, agarrei no meu primo mais novo, o Michael, que eu só tinha visto quando ele tinha nascido e entrámos todos em casa.
A festa fez-se pelo resto da tarde e depois disso, eu, a Deb e a Reed fomos sair.
- Já não me lembrava como é que eram as festas da família Parker. – disse Reed sorrindo enquanto caminhávamos para a discoteca onde costumávamos ir. Ela era nossa amiga desde sempre e por isso era mais família que outra coisa.
- E agora vais lembrar-te de como são as festas com a Devlin. – disse a minha irmã sorrindo – Não é?
Ri-me e encolhi os ombros – Claro que sim, vê-se mesmo que somos gémeas, conheces-me mesmo bem. – agarrei na mão da Deb e sorri-lhe.
Passámos a noite toda a dançar e a beber, menos a minha irmã que era sempre aquela que bebia pouco para assegurar que alguém sóbrio ia a conduzir o carro e claro, porque ela era a bem comportada.
Assim que voltámos a casa, fizemos o máximo por não fazer barulho uma vez que já eram cinco da manhã e não queríamos acordar ninguém.
Atirámo-nos as três para a cama do quarto dos hóspedes, o quarto que usámos sempre que estávamos as três juntas, sem nos preocupar em vestir o pijama ou o que fosse. Eu e a Reed estávamos demasiado bêbadas para isso e a Deborah estava com demasiado sono para isso.
- Tinha saudades vossas. – disse sorrindo – Vou fazer estas férias renderem ao máximo. – o pior disto era serem apenas férias. Eram três meses mas mesmo assim, desde quando é que três meses eram o suficiente para aproveitar com a nossa família antes de ter de voltar de trocar de país?
- Sabes que nós também. – Deborah sorriu e beijou-me a bochecha antes de se enfiar dentro da cama, de vestido e tudo.
- Claro, Dev. Só espero que não te faças ao meu namorado. – Reed riu-se e deu-me um soco sem força no braço.
- Sabes bem que não. – olhei para ela e eu e a minha irmã dissemos ao mesmo tempo – Reed, as lentes de contacto. – tinha saudades disto, tinha saudades de pensarmos o mesmo, de dizer o mesmo.
- As lentes. – repetiu Reed com um suspiro – Tenho mesmo que me levantar. – queixou-se ela levantando-se da cama para ir até à casa de banho. Voltou alguns segundos depois e deitou-se novamente ao meu lado.
Fui a última a adormecer, não por não ter sono mas porque queria aproveitar aquele momento. Por mais estúpido que isto fosse. Três meses de férias, novamente em Austrália por isso ia aproveitar ao máximo para estar com todos e matar as saudades, se é que isso era possível.
Olhei para uma e depois para a outra e sorri ao vê-las a dormir e adormeci logo a seguir também.
Antes de mais tenho que vos informar que cada capítulo vai ser diferente por um motivo, como perceberam neste capítulo viram a "visão" da Devlin mas não vai ser sempre ela, a seguir é a Deborah e depois a Reed. A ordem é sempre esta.
Não respondi aos vossos comentários porque foram tantos posts que entretanto fiquei sem saber quem é que tinha respondido o quê e onde e era demasiado confuso para vos ir responder mas a partir de agora prometo responder sempre. De qualquer das maneiras obrigada pelo vosso apaio e entusiasmo!
Os capítulos vão continuar a ser postados quarta e sábado uma vez que como já disse, tenho a história toda acabada e as coisas do futuro mais ou menos adiantadas. Espero que gostem c: