Joanna

07 {Devlin}

Tinha passado uma semana desde a saída de grupo até ao festival da praia e nesse tempo tinha apenas andando pela propriedade com a minha família, a matar saudades de todos e da vida em Austrália e tinha tido alguns encontros com a Reed, juntamente com a minha irmã. Não tinha voltado a ver os rapazes.

Mas o problema é que ao contrário da Deborah, eu não era muito dada a ficar muito tempo no mesmo sítio, odiava isso. Por isso tinha-me aproveitado do facto de ter uma irmã gémea para tirar o cartão do ginásio da Deborah e ir até ao mesmo. Claro que não tinha sido às escondidas, podia ser óptima a mentir e a safar-me de confusões mas dispensava-as, assim, a Deborah tinha-me dado um curso intensivo da vida no ginásio.

- Olá Deb. – assim que entrei, o rapaz que se encontrava atrás do balcão cumprimentou-me com um sorriso. Qual é que era o nome dele? Pensa Devlin.

- Olá Mark. – cumprimentei também com um sorriso enquanto passava o cartão pela máquina. Ele era giro. Não no sentido de podre de bom mas era giro. Mas estava no ginásio da minha irmã a fingir que era a minha irmã por isso tinha que me controlar e não arranjar problemas para o lado dela ou seria mau de mais. Além do mais, comportar-me como a Deborah era fácil, era só ser um eu demasiado santa e mais simpática.

- Antes que me esqueça. – disse ele assim que eu já ia começar a descer as escadas – Os chuveiros dos homens estão em obras por isso tivemos de juntar os chuveiros. – tentei manter um ar normal mas acabei por me lembrar que a Deborah iria ficar chocada com aquela informação, ao contrário de mim que não me importava minimamente – Por isso decidimos que cada um tem uma hora. As mulheres vão às cinco e os homens às seis e assim sucessivamente. Como costumas acabar o treino às cinco é para saberes que podes ir tomar banho descansada mas que se quiseres acabar mais tarde ou mais cedo pode ser um problema.

Assenti com a cabeça e voltei a sorrir – Não me esqueço, obrigada.

A Deborah tinha-me explicado tudo por isso foi fácil encontrar a porta dos balneários femininos e entrar nos mesmos. Como raio é que um ginásio deixava homens e mulheres a tomar banho nos mesmos chuveiros? Não era que me estivesse a queixar mas era estranho. Uma vez que só havia problema nos chuveiros que se encontravam à parte, o balneário estava apenas com mulheres que me cumprimentavam e como eu não sabia quem elas eram, dizia apenas olá e sorria. Assim que mudei de roupa e vesti a minha roupa do ginásio, uns calções pretos e um top azul claro, prendi o cabelo num rabo-de-cavalo e enchi a minha garrada de água. Podia não parecer muito a minha irmã naquele momento mas bem, estava ali para treinar e ia fazê-lo à minha maneira. Depois de agarrar no meu mp3 saí do balneário e dirigi-me até à sala da musculação, indo directamente para uma das passadeiras desocupadas.

Depois de correr durante uma boa meia hora, acabei por sair da passadeira e ir para outra máquina. Continuei a fazer exercício até estar demasiado cansada para continuar e foi ai que decidi que estava na hora de ir tomar banho.

Dirigi-me novamente até ao balneário para despir a minha roupa transpirada e coloquei a toalha à volta do meu corpo enquanto calçava os chinelos. Tirei o elástico do cabelo e agarrei nas minhas embalagens de gel de banho, champô e condicionador antes de me dirigir para os balneários.

Abri a água de um dos chuveiros para ir aquecendo a mesma enquanto pousava a toalha num dos suportes próprios e as embalagens noutro suporte. Sinceramente nem me preocupei muito, nunca tinha sido do estilo envergonhada por isso meti-me debaixo da água quente e nem me dei ao trabalho de fechar a cortina. E foi por isso que a seguir as coisas correram… bem… não sei dizer.

- Oh meu deus. – ouvi uma voz familiar atrás de mim e olhei por cima do meu ombro – Devlin. – não sei muito bem o que é que me desmascarou aos olhos de Bryan mas a verdade foi que ele percebeu logo que era eu. Se calhar porque a Deborah nunca se meteria num chuveiro de cortina aberta ou então porque afinal nós éramos mesmo diferentes. Demorei um bocado a acordar e perceber que ele estava ali também, de toalha à volta da cintura – São seis horas, é a hora dos homens.

Juntei as sobrancelhas confusa e deixei-me estar de costas para ele. Não era que tivesse vergonha ou o que fosse mas mal nos conhecíamos e bem, ele era o melhor amigo da minha irmã, ao menos só estava a ver o meu rabo, era menos estranho – A sério? – perguntei confusa – Ia jurar que são cinco. Eram as horas do relógio lá de cima. – tinha a certeza que tinha visto bem as horas.

- Esse relógio anda com problemas das pilhas, está uma hora atrasado. – explicou ele enquanto abria a água do chuveiro ao lado do meu. As paredes não deixavam ver nada, só conseguia ouvir o que se passava do outro lado – Bem, é melhor fechares a cortina porque posso não ser o único a vir tomar banho a esta hora. – disse-me ele e não sei porquê mas tinha a certeza que ele estava a sorrir.

- Não é que eu me importe muito. – admiti – Mas tens razão, não quero que tenham a ideia errada da minha irmã. – ia fechar a cortina mas acabei por não o fazer, colocando a cabeça do lado do chuveiro dele. Ele não tinha a cortina fechada e parecia tão à vontade como eu, também de costas para mim, infelizmente – Como é que soubeste que era eu? A Deborah podia ter-se esquecido de fechar a cortina.

Ele virou-se ligeiramente para mim, mas não completamente, pelo que não se viu mais nada que eu não tivesse visto cinco segundos atrás – Eu conheço a tua irmã à bastante tempo e bastante bem por isso para mim é fácil distinguir-vos, mesmo conhecendo-te à pouco tempo. – explicou ele com um sorriso – E também foi o facto da cortina. A Deborah nunca deixa a cortina aberta, acredita em mim. – eu sabia que era verdade, a minha irmã era demasiado inocente para isso.

- Moore! – ouviu-se do lado de fora da porta dos chuveiros – É bom que te despaches que estamos aqui cinco prestes a ir tomar banho.

Voltei a juntar as sobrancelhas e olhei rapidamente à minha volta. Não haviam chuveiros para todos eles. Oh meu deus. Fechei rapidamente a minha água e agarrei nas minhas embalagens, deixando apenas a toalha no sítio. Depois disso, enfiei-me rapidamente no chuveiro do Bryan e fechei a cortina do mesmo.

- O que é que estás a fazer? – perguntou ele com um certo divertimento nos olhos.

- Os teus amigos vêm tomar banho e não há chuveiros que cheguem, não quero que eles me vejam aqui. – uma coisa era fazer-me aos rapazes, outra era andar a passear por ali nua para um monte de gente. Maldito relógio com hora errada – Por isso vamos ter de partilhar o chuveiro. – sorri-lhe antes de o empurrar para o lado para me passar novamente por água – Eu não olho se tu não olhares e tenho a certeza que não o vais fazer, deve ser estranho tecnicamente veres a tua melhor amiga nua.

Apesar do que tinha acabado de dizer, sentia os olhos dele em mim. Tinha que admitir que quando nos tínhamos conhecido no festival tinha acontecido alguma coisa entre os dois. Não era amor à primeira vista nem nada do género mas sei lá, uma química ou o que quer que fosse. E eu não era de dizer não a essas coisas até porque ele era giro mas havia a parte estranha da coisa, ele e a minha irmã. Mas de certeza que a minha irmã não se preocupava, ela já me conhecia e também conhecia o Bryan, que pelo que eu tinha ouvido dizer, era o Don Juan da zona.

- Tarde de mais. – a voz de Bryan surgiu mesmo atrás de mim, demasiado perto do meu ouvido para que eu não ficasse com a pele toda arrepiada. Virei a cara na direção dele e ia falar mas uma voz do lado de fora cortou-me a palavra.

- O Moore hoje está com vergonha. – disse a mesma voz que tinha falado antes – Até fecha a cortina.

O Bryan sorriu enquanto me olhava nos olhos – É para deixares de olhar para mim. Não te quero apaixonado. – ouviu-se rir do lado de fora e depois as torneiras foram abertas, começando assim a conversa de homens. Os meus olhos continuaram presos nos do Bryan tanto que não sei de quem é que foi a iniciativa mas quando dei por mim já estava com as costas encostadas à parede fria, o corpo dele colado ao meu enquanto nos beijávamos.

Apenas nos afastámos quando precisámos ambos de ar e mantivemos o olhar fixo um no outro. Pela primeira vez, talvez em toda a minha vida, não sabia o que dizer por isso esperei um bocadinho até voltar a ter ideias formadas no meu cérebro.

- Eu posso tomar banho de cortinas abertas e adorar festas e curtir mas não sou nenhuma oferecida. – disse-lhe – Por isso não sei o que é que estás a pensar que vai acontecer mas não vou ser a tua putinha. O que é que vamos fazer agora? – falei baixo de maneira a que mais ninguém ali percebesse que eu me encontrava ali.

- Agora? Tomar banho. – respondeu ele com um sorriso – E eu não te acho oferecida. Não te preocupes, podemos continuar a divertimo-nos, nada sério, às escondidas, se quiseres. – antes que eu pudesse falar, ele voltou a roçar os lábios nos meus – És diferente, Devlin, e estou a ser sincero, não és uma oferecida, és apenas divertida, como eu. Damo-nos bem juntos. – assenti com a cabeça e para o fazer calar, voltei a beijá-lo.

Portanto sou só eu ou este capítulo teve piada? Se calhar vocês achariam mais piada se esta ideia vos tivesse surgido nos chuveiros do meu balneário, e antes que perguntem (ou se calhar não) estava sozinha, sim... no meu ginásio não à problemas que levem à partilha de chuveiros, feliz ou infelizmente...

Estou mortinha para ver os vossos comentários uma vez que a maioria está a torcer pelo Bryan e pela Deborah. Sorry mas tal como vos disse e foi possível perceber, estes dois são iguais e por isso a química está no ar. Mas nunca se sabe o que é que o futuro reserva ao Bryan e à Deborah por isso...

Obrigada por todos os comentários, é muito bom saber que ainda não se fartaram das minhas histórias ou de mim ahah!

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