Joanna

08 {Deborah}

Tinha passado uma hora desde que a Devlin tinha saído de casa com as minhas coisas para o meu ginásio. Quando ela tinha tido essa ideia eu tinha achado que estava tudo bem, eu achava sempre que estava tudo bem porque a minha irmã era óptima a levar a sua a avante, era capaz de convencer um vegetariano a comer carne se fosse preciso. Mas agora estava preocupada. Nem era pelo facto de perceberem que ela não era eu mas pelo que ela podia fazer lá enquanto se fazia passar por mim. A última coisa que queria era ir ao ginásio e ter um rapaz qualquer a encostar-me à parede porque pensava que tinha sido eu a beijá-lo.

Levantei-me do sofá e olhei para a minha família que se encontrava toda ali na sala – Vamos comer um gelado. – sugeri com um sorriso – Não vamos todos à cidade à tanto tempo.

Meia hora depois estávamos todos à entrada da vivenda à espera de Hailee que tal como a Devlin, era sempre a última. Elas tinham bastante em comum, eram iguaiszinhas, assim como eu e a Lulu tínhamos muita coisa em comum também.

Apesar de vivermos numa propriedade longe do centro da cidade, não ficávamos muito longe, apenas quinze minutos de carro. E eu adorava o sítio onde vivíamos. Claro que podia ter vizinhos, seria mais divertido se os tivesse mas mesmo assim a propriedade era enorme, tínhamos a nossa praia privada, a nossa família sempre tinha sido grande e unida e a Reed era a nossa visita constante. Pelo menos até a Devlin ter ido para França, ai as coisas tinham mudado ligeiramente.

Quando entrámos na gelataria foram-se todos sentar numas mesas vazias excepto eu e a minha mãe que ficámos ao balcão para pedir os gelados de toda a gente. Encostei-me à minha mãe e sorri quando ela me beijou a testa.

- Passa-se alguma coisa, Deb? – perguntou ela com o tom de preocupação de mãe.

- Só falta a Devlin para ser exatamente como antes. – respondi com um pequeno sorriso e meti-me direita assim que chegou a nossa vez de pedir. Depois do pedido feito, apontámos para a mesa onde íamos e dirigimo-nos para a mesma.

- Ela ainda vai ficar cá durante bastante tempo, podemos voltar a fazer uma saída destas. – sorri de volta à minha mãe enquanto assentia com a cabeça.

- Deborah? – olhei para trás quando ouvi uma voz e um sorriso apareceu-me logo nos lábios.

- Bell? – olhei para a minha mãe que encolheu os ombros com um ar comprometedor e depois de acenar um adeus ao Bell dirigiu-se para a mesa onde se encontrava toda a família – O que é que estás aqui a fazer? – perguntei indo abraçá-lo. Bell Olsen era o meu amigo e companheiro de laboratório desde o secundário, antes de ter ido viver com o pai para a outra ponta da Austrália depois do divórcio dos seus pais.

- Vim passar uma semana com a minha mãe. – respondeu ele com um sorriso nos lábios enquanto baixava os braços – E a tua mãe mandou-me mensagem. – olhei por cima do ombro quando ele disse aquilo – Ela soube que estavas a morrer de saudades minhas.

Revirei os olhos com um sorriso nos lábios e dei-lhe um soco sem força no braço. Era verdade, tinha saudades dele principalmente porque parecia que toda a gente de quem eu gostava acabava por ir embora. Tinha acontecido com o Bell e depois com a Devlin. Mas eles estavam os dois de volta e agora era só isso que importava.

- Como se tu não tivesses saudades minhas. – disse sorrindo.

Ele acabou por se juntar a nós enquanto comíamos os gelados e no final, prometeu aos meus pais que me levava a casa em segurança e a horas decentes. A minha mãe parecia super contente, o meu pai nem por isso mas acabaram por concordar e voltar todos para a propriedade.

- Quero saber todas as novidades. – disse ele enquanto caminhávamos até ao jardim principal – O que é que fizeste na minha ausência além de chorar pela minha partida. – brincou ele com um sorriso nos lábios. O Bell não era nada como o Bryan apesar de ter alguns comentários parecidos, eles eram completamente diferentes. O Bell tinha mais em comum comigo do que o Bryan e mesmo assim… eu não conseguia parar de pensar no Bryan. Pára Deborah.

Encolhi os ombros e sentei-me no primeiro banco de madeira vazio que encontrámos – A minha irmã foi estudar para França, também voltou agora, está de férias. – cruzei as pernas e olhei para ele – Tenho um primo com dois anos, é o Michael. – voltei a encolher os ombros sem saber o que mais contar, a verdade era que a minha vida não era nada entusiasmante como a da Devlin.

- E quantos namorados? – perguntou ele na brincadeira apesar dos seus olhos parecerem bastante sérios. Fiz uma careta e ri-me – Oh vá lá. – resmungou ele com um sorriso – Como se isso fosse verdade.

- É verdade. Nenhum. – encostei a cabeça ao banco – E tu? Conseguiste encantar alguma enquanto lhe explicavas como é que o sistema respiratório dos peixes funcionava?

- Ah ah ah. – disse ele ironicamente mas acabou por se rir – Nem por isso. Os meus tempos no outro lado da Austrália são passados a ter de me dar com a minha madrasta e a estudar. Não mudou muito do que fazia aqui e aqui também não consegui arranjar nenhuma namorada.

- Do outro lado da Austrália podiam ser meio cegas. – provoquei com um sorriso nos lábios – Fico feliz que tenhas voltado, mesmo que seja por pouco tempo. Já passou tanto tempo desde que te foste embora.

- Também tenho saudades disto. – o Bell encostou a cabeça ao banco também, ficando a olhar para o céu – E também tinha saudades tuas se é isso que queres saber. – acrescentou com um meio sorriso – A única coisa que me faz feliz por ter ido com o meu pai é porque sei que aqui ia continuar a não ter nada. Sabes como é que é a minha mãe.

A mãe do Bell era uma alcoólica. Mal trabalhava e o dinheiro que fazia era usado para a bebida. O Bell estudava e trabalhava quando ali vivia para conseguir arranjar comida e roupa. Claro que era sempre bem-vindo a nossa casa e nós tentávamos ajudá-lo, por isso é que a minha mãe o adorava tanto. Acho que toda a gente adorava a nossa casa e a nossa família.

- Eu sei. Fico triste por teres ido embora mas fico feliz por teres uma vida melhor.

Ele voltou a meter-se direito e sorriu-me. Estiquei-me na direção dele para lhe beijar a bochecha mas quando estava demasiado perto, ele virou a cara e os nossos lábios juntaram-se.

O meu primeiro instinto foi afastar-me mas não o fiz, apenas fiquei muito quieta sem saber o que fazer. A mão do Bell veio parar ao meu pescoço e foi ai que fechei os olhos e me deixei levar. Tinha dezanove anos e este era o meu primeiro beijo, sim, eu sei que é triste mas era a realidade.

Os lábios dele eram suaves contra os meus e como não sabia o que fazer, fui seguindo o que ele fazia e deixando-me levar. Tinha a certeza que os lábios do Bryan eram tão suaves como os do Bell.

Mas que raio? O Bryan? Porque é que estava a pensar no Bryan enquanto estava a beijar o Bell? O Bryan era o meu melhor amigo mas por outro lado… o Bell também era o meu melhor amigo e aqui estava eu a beijá-lo. Mas eu sabia que o Bell era diferente do Bryan. O Bryan era o menino mau, aquele que todas queriam e que conseguia sempre o que queria, aquele que sabia que era giro e usava essa carta a toda a hora. O Bell era diferente. Giro, querido, em tantas coisas igual a mim e com uns lábios muito bons mas mesmo assim o meu pensamento só ia para o Bryan.

Afastei-me e mordi o lábio inferior. Ele demorou um bocado a voltar à realidade, tal como me tinha acontecido quando nos tínhamos beijado.

- Desculpa, Deb. – pediu ele rapidamente. Outra coisa que os fazia diferente. O Bryan nunca pediria desculpa por um beijo porque ele sabia que qualquer que fosse a rapariga ia estar mais do que agradecida por o ter beijado.

- Não faz mal. – respondi enquanto forçava um sorriso – Só… não acho que devemos seguir com isto, Bell. És o meu melhor amigo e sabes como estas parvoíces dos namoros estragam tudo e além do mais, tu vais embora daqui a uma semana.

Ele assentiu com a cabeça, sorrindo também apesar de parecer ainda mais falso que o meu sorriso. Partia-me o coração ver que o estava a fazer sofrer, ver que ele por um segundo tinha tido a esperança que houvesse algo entre nós mas não podia fazê-lo sofrer mais quando fingia que pensava nele enquanto nos beijávamos.

- Eu sei. É melhor ir levar-te a casa antes que os teus pais venham atrás de mim de caçadeira.

Ri-me e agarrei na mão do Bell assim que ele ma estendeu depois de se levantar do banco – Sabes que eles são bem capazes disso. – brinquei com um sorriso nos lábios enquanto o seguia até ao seu carro que se encontrava estacionado perto da gelataria.

Portanto este capítulo é um bocado seca mas era uma seca necessária para vocês perceber que a Deborah sente mesmo mais pelo Bryan do que demonstra às outras pessoas por isso acho que vocês vão me querer bater por causa do Bell e do beijo ahah mas vão ficar felizes porque ela só pensou no Bryan.

Espero que gostem e obrigada por todos os vossos comentários s2

Autoria e outros dados (tags, etc)