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10 {Devlin}

por Joanna, em 10.12.14

A viagem de carro foi feita em completo silêncio. O Bryan ia a conduzir e apesar de prestar total atenção à estrada, percebia-se a léguas a preocupação dele. O Dom ia no lugar do pendura, a mesma expressão de preocupação ainda mais acentuada enquanto tentava ser o namorado que não pressionava. No banco de trás íamos as três, a Reed no meio de mim e da minha irmã com a cabeça no meu ombro e a mão dada com a Deborah.

Todos sabíamos que este não era o momento para falar, era o momento para ela pensar. Quando quisesse falar ela falava. Se eu descobrisse que toda a minha vida era uma mentira, acho que ficava um dia inteiro a pensar sobre isso antes de abrir a boca.

Tal como a viagem de carro, a subida até ao apartamento foi feita em silêncio a não ser pelo barulho que os nossos sapatos faziam nas escadas e a chave a rodar na fechadura.

- Obrigada por estarem aqui por mim. – a Reed forçou-se por sorrir mas pareceu mais uma careta do que um sorriso – Só preciso de um tempo sozinha, amanhã falamos, está bem?

Aproximei-me dela e assenti com a cabeça – Claro, Reed. Tens de descansar. – dei-lhe um beijinho na testa antes de a abraçar com força. Voltei para junto da minha irmã e do Bryan enquanto o Dom conduzia a namorada até ao seu quarto.

Sentei-me na ponta do sofá depois da Deborah se atirar para o mesmo com um suspiro – Podemos ficar cá? – perguntou ao Bryan e tive de morder o interior da bochecha. Não sabia se aquilo seria uma boa ideia. Quando ele concordou ela olhou novamente para mim – Vou avisar a mãe.

Depois de explicar à nossa mãe o que se tinha passado e o porquê de ficarmos aqui em casa, sentámo-nos os três no sofá a ver um filme qualquer que estava a acabar de começar. Ninguém queria falar sobre o que tinha acontecido no bar porque ninguém sabia o que dizer sobre isso. A mãe da Reed era afinal a tia dela e a verdadeira mãe dela tinha aparecido dezanove anos depois por ter estado na prisão.

Quando olhei para a minha direita sorri ao ver a Deborah de olhos fechados. Ela estava exausta e quem é que a podia culpar? Estávamos todos. Tinha sido uma noite demasiado animada e que tinha acabado num desastre. O Bryan estava sentado na poltrona e apesar de ainda estar acordado e olhar para a televisão, percebia-se que não estava a prestar qualquer atenção.

Levantei-me do sofá para ir à casa de banho – Onde vais? – olhei para baixo ao ouvir a voz da minha irmã que continuava de olhos fechados, só se tinha mexido de maneira a ficar melhor deitada no sofá.

- Vou à casa de banho. – agarrei numa manta que ali se encontrava e tapei-a – Dorme.

Não conhecia a casa mas não devia ser difícil encontrar a casa de banho. Caminhei até ao corredor que a Reed e o Dom tinha seguido e vi duas portas, uma à minha esquerda e outra à direita, deviam ser os quartos deles. Ao fundo do corredor havia outra porta aberta, a casa de banho.

- Vim ver se precisavas de ajuda. – ouvi uma voz atrás de mim e sorri – Mas já vi que não.

- E nunca vim a tua casa. – respondi ao Bryan enquanto entrava na casa de banho. Juntei as sobrancelhas com um sorriso quando ele deu mais um passo para a frente – Não sei o que é que pensaste mas eu vim mesmo à casa de banho. – abanei a cabeça com um sorriso e fechei-lhe a porta mesmo à frente da cara.

Puxei o autoclismo assim que fiz o que tinha a fazer e aproximei-me do lavatório para lavar as mãos. Percebia-se perfeitamente aquela era uma divisão só de homens por causa do que se encontrava à vista e da falta de arrumação. Não é que eu fosse assim tão arrumada também mas percebia-se perfeitamente que eles tinham um problema em dividir o espaço.

Depois de limpar as mãos à toalha fui abrir a porta da casa de banho. O Bryan já não se encontrava no corredor, de certeza que tinha voltado para a sala onde estava a minha irmã que se calhar até já tinha acordado. Encolhi os ombros e aproximei-me novamente do lavatório. A minha cabeça doía-me e a minha figura ao espelho mostrava o meu ar cansado. Tinha sido um dia longo e agora para o final tinha sido preocupante.

- Precisas de dormir. – desviei-me ligeiramente para o conseguir ver pelo espelho. O Bryan tinha voltado, estava encostado à ombreira da porta a olhar para mim – Pareces um zombie.

Virei-me de frente para ele e semicerrei os olhos – Ai sim? Não te queixas quando tens de estar com um zombie. – atirei-lhe com um sorriso convencido enquanto cruzava os braços. Tinha passado quase uma semana desde o que tinha acontecido no ginásio e eu e o Bryan tínhamo-nos continuado a encontrar, às escondidas claro. Não queria parecer uma acompanhante ou algo do género mas não queria meter-me nisto às claras por causa da minha irmã. Eles eram melhores amigos, eu estava aqui uns meses, não queria estragar a relação deles por causa do que eu queria agora. Acho que pela primeira vez estava a pensar em longo prazo e a pensar para além de mim.

- Não me posso queixar. – ele encolheu os ombros enquanto falava com um ar sério. Ia resmungar mas foi esse o preciso momento em que ele escolheu para sorrir e começar a caminhar até mim – A zombie beija bem.

Estiquei a perna até conseguir fechar a porta da casa de banho e puxei-o para mim pela camisola de seguida. Ficámos bastante próximos só a olhar um para o outro até que eu me estiquei na sua direção e ele se baixou na minha. Os nossos lábios colaram-se como já tinham feito tantas vezes antes. Era diferente, diferente de todos os beijos de antes. E isto era ridículo mas sei lá, se calhar tinham razão quando diziam que fazer as coisas às escondidas tornava tudo mais entusiasmante, se calhar era isso.

As mãos do Bryan desceram pelas minhas costas até ao fundo da cintura e pousaram no meu rabo. Cheguei-me instintivamente mais para ele ao mesmo tempo que aprofundávamos o beijo e assim que ele me sentou em cima do pequeno móvel que tinha ali, coloquei as minhas pernas ao redor dele. Só nos afastámos quando precisámos de recuperar a respiração e mesmo ai só afastámos os lábios, de resto continuámos próximos, bastante.

- Sou uma péssima pessoa. – disse fazendo uma pequena careta. Ele sorriu e passou a ponta dos dedos pela minha bochecha – A minha irmã que é a tua melhor amiga, a quem eu não escondo nada, não sabe disto e está na sala e a minha melhor amiga acabou de descobrir que vive com a tia e que não conhecia a mãe e eu estou a curtir contigo na casa de banho.

O Bryan riu-se e encolheu os ombros – Nem todos têm de ter uma vida miserável.

Revirei os olhos e mordi-lhe o maxilar – Temos que voltar para a sala, a minha irmã está lá.

- Não me apetece. – encostei a minha cabeça à do Bryan assim que ele a encostou no meu ombro, deixando estar os braços à minha volta.

Aquilo que nós tínhamos não era nada sério, era apenas uma maneira de passarmos um bom tempo os dois e como tínhamos muita coisa em comum era bom passar tempo com ele mesmo quando não andávamos aos beijos.

- Tens de ir levar a minha irmã para a tua cama. – ele meteu-se direito assim que eu falei e fez beicinho – É demasiado estranho se acordarem todos de manhã e me virem na tua cama, vão começar logo com coisas. Por isso tu dormes com a Deborah e eu fico no sofá.

Saltei do móvel onde ele me tinha sentado e agarrei na mão do Bryan de maneira a puxá-lo para que saíssemos da casa de banho. Assim que chegámos à sala a primeira coisa que eu fiz foi agarrar no comando e desligar a televisão que continuava no filme que tínhamos começado a ver. Olhei para o Bryan com um sorriso assim que ele se aproximou do sofá e pegou na Deborah ao colo que nem se mexeu, continuando a dormir.

Toda esta noite parecia saída de um filme. Tudo o que tinha acontecido era demasiado estranho e não se parecia em nada com a nossa vida normal, mas a nossa dita vida normal podia dar uma volta de cento e oitenta graus quando se descobriam certas coisas, tal como tinha acontecido nesta noite.

Dei um beijo na testa da minha irmã e estiquei-me de maneira a conseguir beijar o Bryan nos lábios – Dorme bem. – desejou ele com o seu sorriso malandro, aquele que deixava no ar a frase sonha comigo.

Apaguei a luz da sala e caminhei aos apalpões até voltar ao sofá. Quando me deitei no sofá e me tapei com a manta que havia no mesmo fiquei bastante tempo acordada antes de conseguir dormir. Todo aquele drama e descoberta da realidade da vida da Reed tinha-me feito pensar em mim, na nossa família. Os meus pais tinham um passado, não no sentido de toda a gente ter um passado mas no sentido de que muita coisa tinha acontecido antes de se terem mudado para a Austrália e nós pouco sabíamos sobre isso. Sabia que a minha mãe tinha sido casada antes, quando ainda vivia no Texas, sabia que se tinha divorciado dele porque ele lhe batia e sabia que tinha conhecido o meu pai em trabalho e tinham começado a dar-se um com o outro, if you know what I mean, até perceberem que estavam apaixonados. Eu sabia isso tudo. Mas havia muita coisa que ainda faltava explicar, coisas que eu não sabia e que eles não falavam. Se na nossa família não haviam segredos, porque é que eu me sentia como se houvesse alguma coisa que me estavam a esconder?

 

Portanto como eu disse, este capítulo foi um bocado estranho porque apesar de ser visto pelo ponto de vista da Devlin, é logo a seguir ao drama da Reed. 

Eu sei que vocês queriam um momento super hot como no ginásio entre eles (pelo menos algumas pessoas queriam ahah) mas têm de perceber que eles estão a ver-se às escondidas e que neste momento há drama no ar por isso a coisa só foi hot.

Espero que tenham gostado e obrigada por todos os vossos comentários e apoio c:

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publicado às 11:42


9 comentários

De Joanna a 10.12.2014 às 18:39

awwn fico muito contente querida c:
obrigada e beijinhos!

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