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A noite anterior tinha sido a maior confusão de sempre. A minha família não era perfeita, tínhamos montes de problemas e segredos que se mantinham assim para nos proteger mas nunca tínhamos descarrilado como tinha acontecido com a Reed e a família dela na noite anterior. E ela era a nossa amiga, a nossa família, por isso aquilo pelo que ela estava a passar, afectava-nos também.
A última coisa que me lembrava da noite a anterior tinha sido a Devlin a ir à casa de banho. Tinha tentado manter a minha atenção no filme que estava a dar depois disso mas não consegui. Estava demasiado cansada para continuar a lutar por manter os olhos abertos e acabei por adormecer no sofá.
E exatamente por essa ser a última coisa que me lembrava que não percebia como é que tinha ido parar àquela cama, com o Bryan. Se tivesse feito alguma coisa da qual me poderia arrepender, lembrar-me-ia, como tal a única explicação era que ele me tinha trazido para aqui para eu dormir melhor.
Fiquei uns segundos a olhar para o Bryan. Apesar de todo aquele seu ar de rapaz mal comportado que não se importava com mais ninguém a não ser ele próprio e a família, assim parecia um completo anjinho. Mordi o lábio inferior para evitar afastar uma mecha de cabelo preto da testa dele e consegui controlar-me. Toquei-lhe no braço para ter a certeza que ele estava a dormir e assim que o Bryan nem se mexeu, afastei os lençóis que tinha em cima de mim e levantei-me.
A casa estava num completo silêncio. Já tinha visitado a casa do Bryan e do Dom tantas vezes e nunca a tinha apanhado assim. E não era o tipo de silêncio de que toda a gente estava a dormir, era o tipo de silêncio que significava que os efeitos da noite anterior ainda estavam no ar.
- Bom dia, bela adormecida.
Levei a mão ao peito assim que apanhei o maior susto da minha vida – Dev! – exclamei enquanto respirava fundo. Ela estava exatamente no mesmo sítio onde eu me lembrava de estar na noite anterior, deitada no sofá. Tinha a cabeça deitada nos braços e ar de quem mal tinha dormido toda a noite.
Aproximei-me do sofá e sentei-me no mesmo depois de levantar as pernas da minha irmã. Voltei a pousá-las no meu colo enquanto olhava para ela – Como é que achas que a Reed está?
A Devlin suspirou e encolheu os ombros – Mal, de certeza. Depois da noite de ontem é normal. Temos de a ajudar, Deb. Ela sempre nos ajudou em tudo, é a nossa vez.
Assenti com a cabeça. Desde que éramos pequenas que a Reed sempre tinha estado do nosso lado, mesmo em coisas estúpidas e sem sentido. Nós também tínhamos estado sempre do lado dela mas desta vez a situação era muito mais grave, ela precisava de toda a nossa ajuda.
- Porque é que eu fui dormir com o Bryan? Só me lembro de adormecer aqui.
- Alguém tinha que ir dormir com ele e alguém tinha que ficar no sofá. Eu achei que era menos estranho tu dormires com ele do que eu.
No momento em que lhe ia responder, a expressão da Devlin mudou. Olhei por cima do meu ombro e vi a Reed a entrar na sala. Nunca a tinha visto com um aspeto tão horrível. O cabelo castanho estava despenteado e tinha umas olheiras gigantes, de certeza que tinham sido resultado do choro e da falta de sono. Nem depois das nossas festas ela ficava naquele estado.
- Olá. – cumprimentou ela enquanto se esforçava por sorrir. Assim que se sentou na poltrona puxou as pernas para cima e agarrou-se às mesmas – Não precisavam de ter ficado aqui, eu depois ligava-vos.
- Não sejas parva. – interrompeu-me a minha irmã antes que eu tivesse tempo de ser menos agressiva – Claro que íamos ficar aqui. És a nossa melhor amiga, estamos preocupadas contigo e queremos ajudar.
- Estamos aqui para ti, Reed. – completei eu com um sorriso.
Ela sorriu e desta vez o sorriso parecia mais verdadeiro – Eu sei. – quando a Devlin se sentou no sofá, a Reed levantou-se e veio para ao pé de nós, sentando-se entre mim e a minha irmã – Adoro-vos. – abraçámo-nos todas tal como sempre fazíamos.
- O que é que vais fazer? – a Devlin era sempre muito direta, às vezes demasiado mas nós já nem levávamos isso a mal, era como ela era.
- Ainda não sei. Como é que vou para casa e lido com a minha mãe-barra-tia e a minha tia-barra-mãe? Preciso de um tempo para pensar por isso acho que vou ficar por aqui até ter as ideias no sítio. – a Reed suspirou e encolheu os ombros – Quando arranjar maneira de lidar com isto, lido com elas.
- Tens o nosso apoio. – assegurei com um sorriso – E se quiseres ir lá para casa também podes. Sabes que toda a nossa família te considera uma Parker-Winston.
Passámos o resto da manhã a falar e acabámos por deixar a conversa da noite anterior de lado e falar apenas de coisas sem sentido, o que fizeram com que a Reed se animasse e até se risse. Era bom vê-la assim novamente.
Tentámos esperar que os rapazes acordassem mas isso não aconteceu. Segundo a Reed, o Dominic tinha ficado a noite quase toda a falar com ela, a tentar acalmá-la e tinha acabado por adormecer quando já era de manhã. O Bryan não precisava de ter uma noite atarefada como a do primo para dormir bastante. Ele podia mal dormir como fazia quando tinha festas e tinha de trabalhar mas também era capaz de dormir quase meio dia.
E foi por isso que acabámos por nos ir embora sem nos despedirmos deles, apenas da Reed. Passei toda a viagem de carro a tentar ganhar coragem para falar com a minha irmã. Nunca tínhamos escondido segredos uma da outra e eu estava a fazê-lo. Não conseguia continuar a fazê-lo e precisava de falar com alguém sobre isto, sobre o que sentia pelo Bryan.
- Dev, posso falar contigo sobre uma coisa? – perguntei depois de fecharmos a porta de casa atrás de nós.
- Claro. – respondeu ela de sobrancelhas juntas. Mas antes de conseguirmos subir para um dos nossos quartos a nossa mãe apareceu preocupada e tivemos de lhe explicar tudo o que tinha acontecido na noite anterior.
Sentei-me na ponta da minha cama e mordi o lábio inferior enquanto tentava arranjar coragem – Oh por favor, Deborah. Estás a deixar-me preocupada. Diz de uma vez o que foi.
- Eu… - respirei fundo e disse tudo de uma vez – Eu gosto do Bryan. É mais do que gostar, eu estou apaixonada por ele. À uns dias encontrei um amigo meu e beijámo-nos e eu não conseguia pensar nele. Dev, eu estava a beijá-lo e a pensar no Bryan. Mas ele é o meu melhor amigo e ele é… bem, o Bryan. Não sei o que fazer. E escondi-te isto este tempo todo.
Levantei o olhar do chão pela primeira vez depois de ter dito tudo e reparei na expressão da minha irmã. Estava a olhar pela janela como se quisesse fugir de alguma coisa. Respirou fundo e olhou para mim – Eu também te tenho andando a esconder uma coisa. Eu e o Bryan meio que andamos juntos. Não é nada sério. – acrescentou ela rapidamente – Não é nada de romântico, mas andamos envolvidos. Não sei explicar, Deb, mas nós somos parecidos e aconteceu. Mas se gostas dele não quero envolver-me com ele. Tentei afastar-me quando sabia que vocês eram melhores amigos mas assim afasto-me mesmo.
Aproximei-me dela e agarrei-lhe nas mãos – Dev, és a minha irmã. – sorri e abracei-a – Ninguém me é mais importante que tu. Não vou deixar que ninguém se meta entre nós, muito menos um rapaz. – estava… ligeiramente magoada por esta revelação da minha irmã mas não era nada que eu não suspeitasse antes. Eles eram muito parecidos, claro que se iam dar bem e claro que ia acabar por acontecer alguma coisa. Mas não ia deixar que isso se metesse no meio da nossa relação.
- Eu também não vou deixar que isso aconteça. – assegurou ela enquanto me abraçava com força – Por isso mesmo é que me vou afastar dele. Até porque sabes que eu odeio estas coisas. Estamos a parecer um casal e eu odeio isso. Não sou rapariga de ter namorado.
Ri-me e assenti com a cabeça – Até porque depois ia ser complicado, ter de me meter entre a minha irmã e o meu melhor amigo. – brinquei. A melhor maneira que tinha de lidar com toda esta situação era levar a coisa na brincadeira e era exatamente isso que estava a fazer.
- Não te preocupes, isso não vai acontecer. – deixei que a Devlin me puxasse para fora do quarto porque já sabia para onde íamos, para a nossa praia onde de certeza que estava toda a família neste momento – Ninguém se vai meter entre nós muito menos um rapaz. Desistimos as duas dele. Somos só eu e tu, Deb. - sorri. Era uma promessa e eu sabia que a Devlin cumpria todas as suas promessas. E eu ia fazer o mesmo. Era eu e ela, só eu e ela.
Portanto... algo me diz que vocês não estavam à espera disto porque bem, a Deb finalmente admitiu os seus sentimentos pelo Bryan à irmã que só por acaso tem andando enrolada com ele... o drama....
Acho que o capítulo foi meio fraquinho mas espero que tenham gostado e desculpem só o publicar agora mas ontem esqueci-me de preparar tudo e pronto.
Beijinhos e obrigada por todo o vosso apoio e comentários!