Joanna

13 {Devlin}

Depois da conversa que tinha tido com a minha irmã em que tínhamos esclarecido tudo à cerca do Bryan, tinha apenas ido vê-lo para lhe dizer que não podia continuar o que estávamos a fazer. Primeiro ele tinha brincado, tinha dito que se eu estava apaixonada por ele era só dizer, mas depois tinha percebido que eu estava a falar a sério. Não consegui ficar lá mais tempo e acabei por me ir embora. Não, não estava apaixonada por ele mas gostava dele e aquilo custava. A mim, Devlin Parker Winston que nunca se tinha sentido mal por acabar com um rapaz. Mas desta vez era diferente, era por causa da minha irmã.

Tinha passado uma semana e durante todo esse tempo ele tinha continuado a tentar falar comigo, quer fosse por chamada quer por mensagens mas eu ignorava tudo, mesmo que me custasse bastante fazê-lo. Precisava de esquecer o que tinha acontecido até porque depois do verão eu ia voltar para França e quem cá iria ficar era a Deborah e o Bryan, não queria estragar o que havia entre os dois.

Afastei os lençóis e levantei-me da cama de uma vez. O meu despertador já tinha tocado à uns bons quinze minutos mas eu tinha-o ignorado e continuado deitada. Estava sozinha em casa porque toda a minha família tinha ido visitar a família da minha tia. Felizmente eu tinha-me conseguido safar porque tinha fingido que estava muito mal na noite anterior. Não é que tivesse alguma coisa contra a família da minha tia Becca, até gostava demasiado deles, mas preferia ficar sozinha por um bocado.

Tirei um iogurte do frigorífico e atirei-me para o sofá enquanto ligava a televisão. Juntei as sobrancelhas assim que ouvi a campainha e decidi ignorar. A minha família tinha a chave e tinham ido embora à meia hora, iam passar o dia todo fora. Quem quer que fosse podia voltar noutro dia. Mas quem estava do outro lado não pensava a mesma coisa porque continuou a tocar incessantemente à campainha – Já vai! – gritei enquanto me levantava do sofá e caminhava até à porta.

Abri a porta mas assim que vi quem era voltei a fechá-la, ou tentei porque não o consegui fazer, o Bryan era mais forte do que eu e conseguiu impedir-me – Nem penses.

- Penso sim, os meus pais ensinaram-me a não abrir a porta a estranhos.

- Então também te deviam ter ensinado a ver quem era antes de a abrir. – revirei os olhos com o que ele disse e deixei a porta aberta – Preciso de falar contigo, Devlin.

- Não temos nada para falar, Bryan. – encostei-me à porta e cruzei os braços enquanto olhava para ele.

- Tu podes não ter nada para falar mas eu tenho. – ele sabia que esta conversa estava por um fio por isso é que estava tão quieto no alpendre. E eu sabia que tínhamos que falar mas eu não o queria fazer – Estávamos bem e de repente afastaste-te com uma explicação que não faz qualquer sentido. Devlin, o que é que aconteceu?

Encolhi os ombros – Eu percebi que não sou assim. – disse a primeira coisa que me veio à cabeça – Gosto de me divertir mas não gosto de andar por ai a comer um gajo às escondidas como se eu fosse uma prostituta. Por isso se é isso que achas que eu sou, não quero voltar a ver-te. – eu sabia que aquela era a explicação mais mal pensada de sempre mas precisava de dizer alguma coisa e fazê-lo ir embora.

- Eu não acho que sejas uma prostituta. – disse ele com uma careta – E nós começámos isto porque concordámos que era melhor ao principio sermos só os dois. Devlin, eu gosto de ti, nós damo-nos bem juntos e temos muita coisa em comum. Se o problema é estarmos a fazer tudo às escondidas, deixamos de o fazer.

Ri-me assim que ele que acabou de falar – Deixamos de o fazer? A sério, Bryan Moore? – abanei a cabeça ainda a sorrir – Toda a gente sabe que tu és o rapaz a procurar se quiseres um caso de uma noite e agora estás a dizer-me que íamos assumir a toda a gente que andamos juntos? Estás mocado, ou assim?

Foi a vez dele de revirar os olhos e nesse momento percebi que estava a conseguir irritá-lo. Era melhor assim, era a maneira que tinha de o fazer ficar chateado comigo e ir embora sem que voltasse a procurar-me. Tinha prometido à minha irmã que a nossa relação não ia mudar fosse porque rapaz fosse e ia cumprir essa promessa. A família era mais importante que qualquer romance.

- Eu não sei o que aconteceu mas eu sei que tu não és assim. Estás a ser parva, Devlin. Eu nunca fiz isto na minha vida, nunca pedi a uma rapariga para tornarmos as coisas mais sérias por isso acredita, não estou mocado, estou a ser sincero. Eu sei que também gostas de mim e por isso é que não percebo o porque é que estás a fazer isto.

Apertei a cana do nariz enquanto respirava fundo. Eu sabia que ele era demasiado teimoso para desistir. Tinha passado uma semana e ele tinha continuado a mandar-me mensagens e a telefonar todos os dias e tinha-me agora aparecido à porta de casa. Por isso, qual era o mal de dizer a verdade? Ele podia não a perceber mas pelo menos ouvia-a e tinha que a aceitar.

- Eu estou a fazer isto porque eu e tu não podemos ficar juntos. – disse desencostando-me da porta para ficar frente a frente com ele e olhá-lo nos olhos – A minha irmã… - calei-me antes de falar de mais, não ia ser eu a dizer o que a Deborah sentia por ele – a minha irmã adora-te e és o melhor amigo dela. Como é que achas que ela se vai sentir quando isto que nós temos acabar mal, porque acredita, vai acabar mal, eu e tu não fomos feitos para ter uma relação e eu e tu juntos seria o desastre de todas as relações. Agora imagina como é que vai ser para ela quando tiver de escolher entre a irmã e o melhor amigo. Não a vou meter no meio desta confusão. A vossa relação é mais importante do que isto que nós temos por isso aceita a minha decisão, Bryan. Por favor.

Durante uns segundos que pareceram horas ele ficou muito quieto só a olhar para mim. Mordi o interior da minha bochecha enquanto pensava em tudo o que tinha acabado de dizer. Não sabia se o fazer pensar que para mim o que nós tínhamos tido não tinha significado nada porque não tinha sido isso mas não o queria esclarecer. Se ele pensava isso era melhor, queria dizer que ele me ia esquecer e seguir em frente, exatamente aquilo que eu tinha que fazer também.

- Tudo bem, eu percebo. – fiquei à espera que ele dissesse mais alguma coisa mas ele não o fez. Sentia uma dor no peito ao olhar para ele porque percebia-se a léguas que ele estava magoado mas eu não podia fazer nada. A minha irmã estava apaixonada por ele e eu tinha andando a fazer sexo com ele, por amor de deus. A mínima coisa que eu podia fazer era agora que sabia os sentimentos dela pelo Bryan, afastar-me – Mas aquilo que eu disse antes é verdade, Devlin. Por isso quero que saibas que durante o tempo em que aqui ficares quero ser teu amigo. Podemos não ter mais nada mas preciso de ter a tua amizade.

Assenti com a cabeça apenas porque sabia que se dissesse alguma coisa a minha voz ia sair diferente do normal porque estava neste preciso momento a controlar-me ao máximo para não chorar.

O Bryan assentiu também com a cabeça antes de virar costas. Olhei para cima para tentar controlar as lágrimas e quando voltei a olhar para a frente ainda fui a tempo de o ver voltar atrás e aproximar-se de mim. Eu sabia que ele o ia fazer, eu sabia que o devia afastar mas era a última vez, era a despedida.

Subi as minhas mãos até às bochechas dele e correspondi ao beijo. Aquele beijo foi diferente dos outros, foi carinhoso e demorado porque era uma despedida. Eu tentei mas não consegui reprimir as lágrimas e só percebi que estava a chorar quando senti o indicador do Bryan a passar pela minha bochecha e limpar as mesmas. Fechei os olhos quando nos afastámos para recuperar o ar e senti-o a beijar-me a testa.

Quando abri os olhos ele já não estava lá e a única coisa que me fazia ter a certeza que aquilo não era um sonho era a poeira no ar do carro que tinha acabado de arrancar da entrada de minha casa.

Passei a pontinha dos dedos pelos meus lábios e suspirei – Merda.

Porque raio é que na primeira vez que sentia alguma coisa especial por um rapaz as coisas tinham que acabar assim? Era castigo, só podia. Tinha passado tanto tempo a pensar em apenas divertir-me, estar com os rapazes só porque sim e porque uma vez que eu conseguia ter a atenção em mim sem me esforçar minimamente, porque é que não podia aproveitar? E agora aqui estava eu, a pagar por isso.

Acordei do transe e entrei novamente em casa, fechando a porta da rua com o pé. Devia ter-me deixado estar em França, longe de todas estas confusões e problemas. Quem é que eu queria enganar? Não ia ficar esse tempo longe da minha família e não me arrependia de ter conhecido o Bryan ou de ter estado com ele. Arrependia-me sim de como as coisas tinham acabado.

Atirei-me novamente para o sofá e estiquei-me até agarrar no meu telemóvel. Marquei o número que dava para a minha caixa de correio de voz. Depois de ouvir a mulher da operadora, carreguei no botão para ouvir a primeira mensagem.

- Devlin, é o Bryan. Outra vez. Podes ligar-me ou responder às minhas mensagens? Estou a parecer um perseguidor. Deus. Liga-me.

Para quem queria saber como é que as coisas entre a Dev e o Bryan estavam... aqui estão elas, uma maravilha não? 

Vou só deixar a minha notinha do costume para dizer que acho adorável o que a Dev está a fazer, abdicar da felicidade dela pela irmã (claro que é adorável, fui eu que a criei *.*) e apesar de eu ser filha única e portanto a minha ideia de relações entre irmãs\irmãos não ser lá muito boa, sei que quando pomos outra pessoa em primeiro lugar isso é que é amor e é exatamente isso que ela está a fazer com a Deb.

E o Bryan no fundo é um fofo. P.S. só para esclarecer porque eu odeio isto, eles não estão perdidamente apaixonados um pelo o outro até porque já passou bastante tempo desde que a Dev voltou (parece que não mas passou) e apesar de eles terem andado enrolados e tal, eles gostam um do outro e têm muito em comum mas ainda não se amam. Só queria deixar isto como notinha.

Espero que tenham gostado e obrigada por todos os vossos comentários fofinhos s22

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