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Tinha passado uma semana desde que tinha recebido uma chamada da Reed a pedir-me para ir ao hospital vê-la. Tinha pegado no carro a correr, juntamente com a Deborah enquanto toda a minha família ia nos outros, todos bastante preocupados com ela. E havia motivos para isso.
A minha melhor amiga estava grávida, coisa que eu ainda não sabia até àquele momento e preferia não ter sabido porque o que nos levou ao hospital foi a Reed ter perdido o bebé. Aborto espontâneo, disseram as enfermeiras, devido a muito stress e emoções muito fortes.
Ao longo desta semana ela tinha passado muito tempo em nossa casa, umas mini-férias para a fazer esquecer do sucedido. E felizmente estava a resultar. Ela continuava mal pelo que tinha acontecido tanto com o bebé como com o Dom e tinha-se recusado a contar-lhe o que se tinha passado, por mais que nós insistíssemos. E apesar de a maioria das vezes eu fazer o que era melhor para ela mesmo que ela não o visse no momento, desta vez decidi aceitar a sua decisão e não me meter, era o melhor.
- Anda lá, Reed. Vamos sair, temos passado a semana toda enfiadas em casa. E vamos só ao bar. – disse enquanto abria o meu roupeiro e tirava um vestido azul escuro curto. Ao longo desta semana tinha estado tão preocupada com os problemas da minha melhor amiga que felizmente nem tinha tido tempo para pensar nos meus. Ou melhor, no meu problema, um problema muito giro e por quem eu nutria sentimentos chamado Bryan.
- És uma chata, Dev. – foi a resposta dela mas levantou-se da cama e caminhou até à casa de banho para tomar um duche.
Assim que a porta se fechou atrás dela, o meu olhar e o da Deborah encontraram-se. Nós sabíamos que a tínhamos que animar, fazer o máximo para que ela voltasse a ser a Reed de antes, aquela que passava a vida a sorrir e se ria, a Reed que eu desconfiava que ela já nem se lembrava.
Meia hora depois estávamos as três prontas e descíamos as escadas da vivenda da família Parker para o rés-do-chão, onde estava toda a família na sala de estar como de costume. Despedimo-nos de todos antes de sairmos para o exterior, entrando no carro da Deborah que conduziu até à cidade.
Esta semana tinha sido muito diferente e muito estranha. Eu, a Deb e a Reed tínhamos passado os dias fechadas em casa, entre filmes e jogos, apenas a passar o tempo de alguma maneira, quer fosse dentro de casa quer fosse na nossa propriedade, na praia ou perto dos animais. Nada de saídas, nada de festas e definitivamente, nada de rapazes. Muito menos uns certos dois primos que conhecíamos muito bem.
Depois do carro ser estacionado, saímos as três e caminhámos em direção ao bar onde tínhamos combinado ir. À bastante tempo que não éramos vistas lá, a última vez tinha sido antes da minha ida para França. Vários olhares foram postos em nós enquanto passávamos a fila de pessoas e entrávamos, uns de inveja e outros de adoração, mas nada disso nos interessava hoje.
- Reed, estás com ar de velha. Sorri. – disse-lhe enquanto me esticava na sua direção e lhe puxava os cantos dos lábios para cima. Felizmente tínhamos encontrando com grande facilidade uma mesa vazia.
- Boa noite. – um dos empregados aproximou-se de nós com um sorriso nos lábios – O que é que vão desejar?
- Shots. – eu nem cheguei a abrir a boca porque a Reed foi quem respondeu – Muitos shots para esta mesa. – o rapaz olhou para mim e para a minha irmã, de certeza à espera que uma de nós fizesse outro tipo de pedido mas assim que eu encolhi os ombros e a minha irmã sem fala assentiu com a cabeça, ele desapareceu.
O rapaz reapareceu trazendo três copos de shots e depois de encher os mesmos ia levar a garrafa de vodka mas a Reed não deixou, agarrando na mesma e pousando-a na mesa. Bebemos o primeiro shot de uma vez, sem dizer nada e depois o segundo.
- À nossa. – a Reed levantou o copo de shot e nós fizemos o mesmo. Era a noite dela e era só isso que interessava – À amizade, à nossa amizade, mais importante que qualquer namorado ou filhos, mortos ou vivos. – senti a Deborah ao meu lado a encolher-se mas a Reed continuou – Vocês são as melhores amigas mais especiais que alguém pode ter.
Emborcámos o terceiro copo e de seguida pousámos o mesmo na mesa. A Deborah recusou-se a beber mais por isso a Reed reencheu o meu copo e o dela. Sempre tínhamos sido muito dadas a beber e isso tinha feito com que a nossa capacidade ao álcool fosse bastante elevada, mas uma semana de celibato tinha-me deixado mais fraca, estava a sentir-me meio tonta.
- Dev… - tinha encostado a testa à mesa mas levantei a cabeça assim que ouvi a voz da minha irmã. Tanto o meu olhar como o da Reed viraram-se para onde a Deborah estava a olhar e foi ai que os vi. Bryan e Dominic, a entrar no bar com um grupo de raparigas.
A Reed começou a rir-se e foi o que fez com que eles olhassem para nós. Que maravilha. Abanei a cabeça e agarrei na garrafa de vodka antes que a Reed tivesse tempo de agarrar na mesma – Queres ir embora? – perguntei-lhe preocupada.
- Não. Viemos para eu me divertir, não foi? Estou a divertir-me. – o olhar dela continuava fixo no grupo que tinha acabado de entrar e que se dirigia agora para uma mesa vazia na outra ponta do bar.
Os minutos que se seguiram foram passados entre bebidas e conversas sem qualquer interesse. Estávamos mais interessadas em olhar para a mesa do fundo porque por mais que qualquer uma de nós dissesse que não se importava ou não queria saber, sabíamos muito bem que era mentira. Mas eles eram rapazes, claro que se nós ficávamos uma semana em casa a chorar e a pensar no que tinha acontecido, eles iam aproveitar para sair com outras raparigas.
- Olá. – estava a levar o copo de shot à boca quando ouvi a voz familiar atrás de mim. Não me virei, não queria olhar para ele, mas a Reed abanou a cabeça depois da vodka descer pela garganta e levantou o olhar para o Bryan – Eu… - pela primeira vez ele parecia embasbacado – Está tudo bem com vocês?
Desta vez, antes que a Reed dissesse fosse o que fosse ou antes que eu atirasse o conteúdo do meu copo à cara do Bryan, a Deborah interviu, com o seu ar tranquilo de sempre – Sim, Bryan, obrigada. E contigo?
- Também. – foi a resposta dele, com os olhos postos em Reed. Tinha sido mais forte que eu mas tinha acabado por me virar de maneira a olhá-lo.
- O que é que foi, Bryan? – desta vez a Deborah não conseguiu impedir que a Reed falasse – Não te preocupes, já posso beber. Tive um aborto. – a maneira como ela disse aquilo fez soar tão natural mas eu sabia que ela estava a sofrer, via nos olhos dela.
A boca do Bryan entreabriu e desviou o olhar na minha direção por segundos. Revirei os olhos e levantei-me – Vamos embora. – disse eu e dei uma nota ao rapaz assim que ele passou pela nossa mesa. Tanto a Reed como a Deborah levantaram-se também, nenhuma delas estava triste pela saída mais cedo do bar.
- Devlin. – parei quando senti o meu pulso ser agarrado e olhei por cima do meu ombro para o Bryan à espera que ele dissesse alguma coisa apesar de eu não querer ouvir fosse o que fosse. A entrada no bar tinha sido suficiente, apesar de eu estar mais chateada com o Dom que com ele – Tenham uma boa noite.
Revirei os olhos com um sorriso cínico nos lábios antes de me afastar em direção à porta onde elas se encontravam à minha espera.
- O que é que ele queria? – perguntou a Reed. Tinha a certeza que a pergunta que ela queria fazer era ele falou do Dom? mas não a fez.
- Desejar-nos uma boa noite uma vez que a deles vai ser muito boa. – respondi no meu tom mais irónico. Não devia estar chateada, certo? Uma vez que tinha sido eu a afastar-me dele, uma vez que não tínhamos tido nada sério. Mas a verdade é que estava mais do que chateada, estava mesmo irritada com toda a situação.
Ele só está a ser exatamente como tu eras, e como ele é. Disse uma vozinha dentro da minha cabeça. Entrei no carro da minha irmã e abri a janela, precisava de levar com o vento na cara para afastar as emoções que estava a sentir.
A viagem de volta a casa foi feita em total silêncio da nossa parte, a única coisa que se ouvia eram as vozes que vinham do rádio do carro. Eu sabia que não era a única com a cabeça naquele bar e nas pessoas que lá se encontravam, tanto a Reed como a Deborah sentiam o mesmo.
A conclusão a que chegava era que as raparigas eram mesmo idiotas e principalmente que esta minha nova versão era uma idiota chapada. Estava na altura de voltar a comportar-me como um homem.
Portanto... este capítulo foi super dramático e emotivo como conseguiram perceber. Eu sei, eu também fiquei super deprimida por escrever a morte do bebé da Reed e do Dom mas quando eu comecei esta história sabia que ela ia ser cliché por causa do românce Dev-Bryan-Deb e por isso decidi que para compensar isso ia ter muito muito drama.
Obrigada por todos os vossos comentários *.* espero que gostem deste capítulo e o comentem também! Tenham um bom último dia de 2014 e um ótimo 2015! Beijinhos!