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Assim que voltei para casa, encheram-me de mimos. E eu não me queixei, especialmente no estado em que me encontrava, depois de tudo o que tinha acontecido era tudo o que eu queria. E foi assim que passei o dia.
Enfiei-me debaixo das mantas da minha cama e sem querer o meu olhar parou na fotografia que tinha em cima da mesa-de-cabeceira. Aquela foto já tinha pelo menos três anos mas ainda me lembrava como se fosse ontem daquele dia. Eu estava sentada no colo do Dom e estava a rir-me de uma piada parva que ele tinha contado. O sorriso de felicidade dele era a coisa mais adorável do mundo.
Suspirei e meti a mão fora dos cobertores para virar o vidro da moldura para baixo. Pousei a mão no meu telemóvel para mandar uma mensagem às gémeas mas achei que era melhor não. Precisava de algum tempo sozinha aqui em casa com a minha família até conseguir voltar a sentir-me eu. Isso ainda não tinha acontecido e achava que estava longe de acontecer.
Tinha acabado de fechar os olhos para adormecer quando ouvi uma barulheira do lado de fora do meu quarto. Juntei as sobrancelhas e afastei as mantas de cima de mim, agarrando de seguida no robe para vestir o mesmo e só quando saí para o corredor é que percebi quem é que estava a fazer uma confusão enorme.
- Eu quero vê-la! Não me pode impedir de a ver, se ela não quiser falar comigo eu vou embora.
- Vais ter de sair, Dominic. A Reed não te quer ver e ela está a descansar.
- Ouviste a minha irmã? Vai-te embora, rapaz.
Eu tinha a certeza que tinha caminhado sem fazer qualquer barulho mas assim que cheguei à porta da sala o olhar de toda a gente foi posto em mim pelo que percebi que talvez não tivesse sido assim tão silenciosa. No meio da sala estava o Dom e as minhas mães, no meio de uma discussão por causa de mim.
- O que é que queres, Dom? – perguntei cruzando os braços enquanto olhava para ele.
- Falar contigo. Eu sei que não mereço, Reed, mas quero falar contigo. O Bryan contou-me… - afastei o olhar quando o vi a olhar para a minha barriga – Fui um idiota mas quero falar contigo. Por favor, Reed. Ouve-me e depois podes mandar-me embora, mas ouve-me.
Continuava a sentir todos a olhar para mim, à espera que eu tomasse uma decisão. Parte de mim queria gritar com ele e mandá-lo ir embora depois da maneira como ele me tinha feito sofrer quando não me tinha apoiado e por não ter estado lá quando eu tinha passado pelo aborto. Mas a outra parte de mim queria falar com ele, essa parte tinha saudades do Dom e de estar com ele. E infelizmente, ou felizmente, ainda não sabia bem, essa última parte ganhou à primeira.
- Tudo bem. Vamos falar. – disse passando por ele e dirigindo-me para a porta da rua – Mas cá fora. – sabia que elas não o iam deixar em paz se conversássemos lá dentro.
Senti o Dom a caminhar atrás de mim, completamente em silêncio. Depois de o ouvir a fechar a porta, sentei-me no banco de baloiço que tínhamos no alpendre – Podes sentar-te. – disse-lhe enquanto o via a olhar para mim com aquele ar de cachorro abandonado.
- Reed. – continuei a olhar para a frente. Não conseguia olhar para ele porque sentia as lágrimas a picarem-me os olhos e se olhasse para ele sabia que as lágrimas iam começar a escorrer pelas minhas bochechas – Desculpa. Eu sei que pedir desculpa não chega mas quero que saibas que é sincero. Eu devia ter dito logo que te apoiava e que queria estar contigo, formar a nossa família, mas tive medo… e saber que passaste por tudo sozinha… não é justo e eu devia ter estado contigo. Eu tinha que estar contigo. – olhei para ele e mordi o lábio inferior com força – Eu amo-te, Reed. Eu fui um idiota mas amo-te e quero lutar por ti.
Ficámos em silêncio no que pareceu uma completa eternidade. O Dom olhava para mim com os olhos brilhantes e o seu ar sincero enquanto eu tentava pensar no que dizer ou fazer. Eu amava-o, não havia dúvida disso, sempre o tinha feito e apesar de ele me ter desiludido, isso não tinha mudado. Mas… e se voltasse a acontecer? E se eu voltasse a precisar do Dom e ele não me apoiasse?
- Por favor, dá-me outra oportunidade.
- Dom… não sei. – puxei as pernas para cima e agarrei-me às mesmas – Eu amo-te, isso não mudou mas eu confiei em ti e desiludiste-me. E se voltar a acontecer? Não consigo passar pelo mesmo. Doeu tanto desta vez…
- Eu sei… e não posso prometer que não vou voltar a desiludir-te mas posso prometer que vou fazer de tudo para não o fazer.
Voltei a baixar as pernas e sentei-me de frente para ele. Amar era isto mesmo, amar alguém com as suas virtudes e os seus defeitos. Perdoar e ser perdoado. Ninguém é perfeito e por isso mesmo é que quando se ama alguém temos de aprender a viver com isso. E eu amava o Dom, muito.
Lancei-me para o Dom e rodeei o seu pescoço com os meus braços, sentindo de seguida os braços dele à volta da minha cintura para me puxar mais para si num abraço apertado.
- Desculpa, amor. – pediu ele enquanto passava uma das mãos pelo meu cabelo, ainda a apertar-me bastante contra o seu peito – Devia ter estado lá quando… quando o nosso bebé… - cheguei-me mais para ele, apertando-o com mais força ainda – Não vou voltar a ir embora, prometo. E vamos ter muitos bebés. Eu quero ter muitos bebés contigo. Quero que sejam inteligentes como tu e lindos como eu.
Soltei uma gargalhada enquanto sentia as lágrimas a escorrer pelas minhas bochechas. Eu amava-o como nunca tinha amado ninguém, amava-o completamente. O Dom era uma parte de mim que eu não queria perder nunca.
- Temos de ir lá dentro. – limpei as lágrimas com as costas da mão e puxei a mão do Dom para que fizesse o mesmo – Agora vais ter de conseguir que elas te perdoem.
Custou um bocado mas lá acabou por acontecer. Tanto a Cheryl como a Jennifer, apesar desta última ainda não o conhecer muito bem, sabiam o quanto o Dom significava para mim, o quanto me fazia feliz, mais do que me tinha feito triste e desiludida. E depois das pazes feitas, a Cheryl deu-lhe autorização para que dormíssemos juntos esta noite, mas que nos portássemos bem, claro. Como se eu fosse fazer sexo debaixo do mesmo teto que a minha família, credo!
Voltei a enfiar-me na minha cama mas desta vez com um sorriso nos lábios. Esperei que o Dom despisse a roupa dele até ficar de boxers para se juntar a mim. Cheguei-me mais para ele e deitei a cabeça no seu peito.
- Não sabes como eu estou feliz por estarmos juntos outra vez. – levantei a cabeça para olhar para o Dom assim que ele falou e sorri ao ver o seu sorriso.
- Sei sim porque eu também estou. – estiquei-me até lhe conseguir beijar o maxilar e voltei a chegar-me para baixo depois de o fazer.
Deixámo-nos ficar ali assim, agarrados um ao outro enquanto ele passava os dedos pelo meu cabelo e eu lhe fazia festinhas no peito despido. Pareciam que tinha passado muito tempo desde que tínhamos estado assim. Estava feliz por estarmos juntos novamente, muito feliz.
Levantei a cabeça e voltei a sorrir assim que vi que o Dom tinha adormecido. Sentia-me bem, sentia-me feliz, muito feliz. Nunca tinha sido o tipo de rapariga que se apaixonava por um rapaz e não via mais nada à frente a não ser ele e continuava a não sê-lo mas já não conseguia ver a minha vida sem o Dom nela.
Estiquei-me devagarinho até à mesa-de-cabeceira, tentando não me mexer muito para não o acordar apesar de saber que ele tinha sono pesado, e agarrei no meu telemóvel. Não precisei de ir aos contactos ou marcar o número porque já tinha o número na marcação automática.
- Reed? Oh meu deus, como é que estás? – pausa do outro lado da linha – Deb! É a Reed! - ri-me baixinho com todo o entusiasmo delas. Eram as minhas melhores amigas e também não conseguia ver a minha vida sem elas – Estás em alta-voz. O que é que aconteceu?
- O Dom veio cá. – falei num tom mais baixo que o normal – Fizemos as pazes.
- Claro que fizeram. – sabia que a Devlin estava a sorrir com um ar convencido.
- Devlin, o que é que fizeste? – perguntei de sobrancelhas juntas.
- Nada! – quase gritou ela do outro lado da linha o que me fez perceber que ela tinha mesmo feito alguma coisa.
- Devlin!
A pedido de muitas famílias, este casal fez as pazes e a pedido também de muitas famílias ahah o Dom disse que queria muitos bebés com a Reed! São mesmo românticos argh
Eu adoro a amizade destas três e esta conversa ao telemóvel não só me deixou um sorriso na cara como ainda me fez rir. Espero que tenham gostado do capítulo e muito obrigada por estarem a seguir a história! Beijinhos!