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20 {Deborah}

por Joanna, em 14.01.15

Depois de sair do quarto da minha irmã e ir para o meu, demorei mais tempo a adormecer que o costume. Podia ser uma parvoíce ou estar a ser paranóica mas estava seriamente preocupada. E foi por isso que não dormi quase nada essa noite.

Acho que pela primeira vez em muito tempo, quando me levantei da cama e desci para a cozinha, não fui a primeira a acordar. A Devlin já se encontrava sentada numa das cadeiras a trincar uma torrada, com umas olheiras debaixo dos olhos que demonstravam que tal como eu não tinha tido uma das melhores noites da sua vida.

- Já cá estão as duas. – disse a minha mãe enquanto se apoiava no balcão de mármore e deixava um espacinho para que o meu pai se juntasse ao seu lado – Já podem dizer o que raio é que se está a passar?

- É a Deborah que tem de contar.

E foi assim que os olhos dos três se puseram em mim. Mordi o interior da bochecha nervosamente e sentei-me ao lado da minha irmã, agarrando na chávena de café que se encontrava mesmo à minha frente – No início do verão quando fomos todos ao festival da praia, um homem veio contra mim. E ontem quando fui ter com o Bryan vi esse homem outra vez. – bebi um pequeno gole de café e voltei a pousar a caneca na mesa – Se calhar não é nada…

- E se calhar é. – a voz do meu pai tomou aquele tom grave de quando ele estava preocupado e o olhar da minha mãe desceu para a bancada da cozinha antes de voltar a olhar para nós.

- Tenham cuidado, está bem? – pediu ela já a pensar naquilo que eu e a Devlin tínhamos pensado na noite anterior, o passado dela a meter-se no nosso presente – Nós vamos tentar perceber se se está mesmo a passar alguma coisa e até pode não ser nada mas até termos a certeza absoluta disso, tenham cuidado.

Assentimos as duas com a cabeça e de seguida vimos tanto o meu pai como a minha mãe a saírem da cozinha. Sentia-me culpada por os estar a preocupar com algo que podia não ser nada.

- O que é que vais fazer hoje?

- Devlin, não tens de andar atrás de mim. Estou a falar a sério.

- Só se prometeres que vais ter o telemóvel sempre à mão e caso vejas esse homem de novo ou tenhas alguma sensação errada me ligas logo. – quando eu revirei os olhos e assenti com a cabeça, ela encolheu os ombros – Então eu não ando atrás de ti.

Sorri e beijei-lhe a bochecha antes de voltar a subir para o meu quarto para me vestir para sair. Não tinha combinado nada com o Bryan ou com a Reed e ainda bem porque precisava de um tempinho sozinha.

Estacionei o meu carro num lugar livre e comecei a minha caminhada pelas ruas que eu já conhecia como a palma da minha mão. Mesmo vivendo quase na outra ponta da cidade e bastante isoladas, eu, a Dev e a Reed sempre tínhamos gostado de passear e conhecer todos os cantos e recantos da cidade.

Ia tão distraída a olhar em volta que fui contra uma pessoa – Desculpe. – pedi rapidamente.

- Não faz mal. – fiquei totalmente estática ao ouvir aquela voz e quando levantei o olhar para a pessoa senti um arrepio na espinha. Era o homem. E foi naquele momento que percebi que não podia ser uma coincidência. Eram muitas coincidências juntas – Tu estás bem?

Assenti com a cabeça e esforcei-me por sorrir mas tinha a certeza que pareceu tudo menos um sorriso, a Devlin é que era boa a mentir, não eu – Estou sim, ia distraída e não o vi, peço desculpa. – pedi novamente enquanto tirava o meu telemóvel do bolso – Bem, tenha um resto de bom dia.

SOS. Vi-o outra vez, veio contra mim. Rua principal. Dev, tenho medo.

Continuei a caminhar pela rua principal, andando o mais depressa que conseguia sem parecer uma maluca ou sem parecer suspeita. Precisava de entrar num café ou algo sítio público com bastante gente, assim ele não poderia fazer nada.

Mas não tive tempo de o fazer porque por todas as lojas por onde passava a maioria ainda estava fechada. O problema de ser domingo de manhã.

- Onde é que vais, Deborah? – ouvi a voz do homem atrás de mim e virei-me para ele enquanto olhava em volta à procura de alguém que me ouvisse caso eu começasse a gritar por socorro mas as poucas pessoas que tinham estado a circular pela rua tinham desaparecido uma vez que eu ia demasiado distraída para perceber que já não estava na rua principal mas sim numa das secundárias.

- O que é que quer? – perguntei tentando que a minha voz não tremesse.

Acho que ele mexeu a boca para me responder mas eu não cheguei a ver nada. Alguém apareceu atrás de mim, senti um pano na boca e no nariz e a minha visão começou a ficar turva até ficar mesmo tudo preto.

Não sei quanto tempo se passou ou o que aconteceu nesse tempo, a única coisa que sabia assim que abri os olhos foi que estava num sítio totalmente estranho e que se antes estava assustada, agora estava completamente apavorada.

Sentia as mãos presas atrás das costas, de certeza com corda porque os meus pulsos já estavam a doer e as pernas presas às pernas da cadeira onde me encontrava. Quando parei de analisar como me encontrava, percebi que não estava ali sozinha e não tinha a certeza se a pessoa que lá se encontrava tinha lá estado este tempo todo ou se tinha aparecido entretanto. Não importava.

- Olá, Deborah. Não deves saber quem eu sou. O meu nome é Jake Colton. Lamento que tenhas de estar aqui quando isto não te diz respeito mas sempre ouvi dizer que os filhos herdam dos pais.

- O que é que quer? – perguntei enquanto tentava manter a calma. Tinha conseguido mandar mensagem à Devlin pelo que ela sabia que se passava alguma coisa só não sabia onde me encontrar mas… eles iam resolver isso, eles resolviam sempre o assunto.

- A tua mãe fugiu de mim, Deborah. Eu pensei que conseguia suportar isso e viver sem ela mas não consigo, amo-a de mais. – revirei os olhos – Acredito que ela te tenha contado coisas mas não são verdade. Eu amo a tua mãe, nunca lhe faria mal.

- Bem, desculpe mas acredito mais na minha mãe do que em si que acabou de me raptar.

- Tudo bem, eu percebo. Não preciso da tua opinião preciso simplesmente que ligues à tua mãe. – o sorriso que ele me mostrava deixou-me ainda mais assustada que antes porque sabia que aquela conversa com a minha mãe não era para dizer que ele me ia deixar voltar para casa, pelo contrário.

Olhei para o meu telemóvel quando percebi que o Jake o tinha na mão e ficámos a ouvir o som de chamar até que alguém atendeu, alguém muito em pânico, a minha mãe.

- Deborah? Deborah, querida, o que se passou?

- Olá, Molly. – o sorriso que o Jake voltou a mostrar fez-me arrepiar completamente – A Deborah está aqui mas antes de falares com ela tens de falar um bocadinho comigo.

- Seu filho da puta, se mexes num cabelo da minha filha, estás morto! Ouviste, Jake? Morto!

- Dan, foi muito bom ouvir a tua voz mas quero falar com a Molly, não contigo.

- O que é que queres, Jake? Deixa a minha filha em paz, ela não tem nada a ver com isto. – encolhi-me mais de nojo do que de medo quando ele se aproximou de mim e com a mão que não segurava o telemóvel, tocou no meu cabelo.

- Mas ai é que te enganas, Molly. Ela tem tudo a ver connosco. Ela devia ser a nossa filha. Ela e a irmã. Tinha esperanças de apanhar as duas mas uma é bom na mesma.

- Mãe, é uma fábrica abandonada! – gritei o mais alto que conseguia – Protege a Devlin!

Calei-me assim que levei um estalo. Engoli em seco e fechei os olhos enquanto o ouvia a rir-se - Bem, bem. Ela é mesmo tua filha, Molly. Tem a mesma paixão que tu. Fazemos assim, vou mandar-te mensagem com o local onde quero que tu apareças. Vens sozinha e eu solto a tua filha, vens acompanhada e ela morre. Amo-te querida.

A chamada foi desligada e eu só conseguia ouvir o meu coração a bater tão alto que parecia um tambor.

 

Este capítulo é um bocado para o intenso, principalmente o final. Até agora a história era super banar, duas irmãs e um rapaz mas agora as coisas tomaram um rumo totalmente diferente.

Espero que gostem do capítulo apesar de não ser bem um capítulo para gostar e.e obrigada por todos os vossos comentários e por estarem a seguir a história, é muito importante para mim! Beijinhos s2

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publicado às 11:00


5 comentários

De lostdreams a 14.01.2015 às 13:47

omg eu sabia que ele ia fazer merda -.- estúpido do homem -.- e.e ahahahaha
gostei do capítulo e.e apesar do que aconteceu, claro. e coitadaaaaaaaa :c espero que ele não lhe faça nada e que alguém a ajude ou assim
beijinhos

De Sara a 14.01.2015 às 15:33

uau, que plot twist!
ansiosa para saber como as coisas se vão resolver :)

De twilight_pr a 14.01.2015 às 17:58

Meu Deus o que acabou de acontecer aqui! Estou mesmo wow! OMG!
Gostei imenso e eu agora quero ler mais :D

De andyjopanda a 14.01.2015 às 22:51

Adorei <3 principalmente por ser diferente, quero tanto saber o que vai acontecer, e se a Deb se vai consolar no ombro de alguém (tou a fazer figas), depois de isto tudo, tou ansiosa pelo próximo :) Bjs

De sacha hart a 15.01.2015 às 19:57

Whaaaaaat?
Fui apanhada completamente desprevenida! OMG, adoro quando fantasmas do passado voltam para assombrar. Abaixo ao Jake Colton!!!

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