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Após a visita do Martin à academia de dança da Kendra, continuei a dançar durante mais algum tempo, o que acabou por não ser muito uma vez que a hora combinada para o almoço na embaixada estava perigosamente perto e eu ainda precisava de tomar um duche e mudar de roupa.
Tinha chegado alguns minutos antes pelo que consegui passar mais algum tempo com a Taylor que vinha toda entusiasmada da sua mais recente aula de espanhol. A Megan chegou ligeiramente atrasada e com um ar péssimo mas ninguém comentou nada sabendo perfeitamente a que é que se devia isso.
Sentei-me na cadeira onde tinha ficado em todas as outras vezes que tínhamos comido naquela divisão e esperei até que a refeição nos fosse servida. O meu telemóvel vibrou no bolso e tirei-o para ver do que se tratava; não eram permitidos aparelhos electrónicos à mesa por ser um momento de família mas ainda não tínhamos começado a comer.
- Tens um telemóvel novo? – perguntou o meu pai quando me viu com o aparelho na mão.
- Sim. – respondi e antes de conseguir controlar-me acrescentei – Há algum problema? Temos mais do que dinheiro suficiente para eu ter um iPhone novo.
A expressão de confusão do meu pai suavizou. A minha relação com o meu pai também tinha ficado muito tremida desde o aparecimento da Kendra e depois do que se tinha passado, ele tentava ao máximo que as nossas discussões fossem por motivos importantes e graves e não por coisinhas sem qualquer significado.
- A Sky foi assaltada. – virei a cara na direção da Megan que tinha a cabeça pousada na mão e tentava com alguma dificuldade manter os olhos abertos – No primeiro dia em que fomos à universidade. – semicerrei os olhos na sua direção e revirei os olhos.
- Assaltada? – repetiu a Kendra em choque – Vocês fizeram alguma coisa? Foram à polícia?
- Quem é que te assaltou? – perguntou o meu pai com a sua expressão facial totalmente alterada novamente – Sabes quem foi, como é?
Abanei a cabeça enquanto imaginava como seria bom esganar a minha prima naquele momento – Não fizemos nada porque como eu disse, temos dinheiro suficiente para comprar um iPhone novo. E na altura não sabia mas ele é irmão de uma rapariga com quem fizemos amizade na universidade e eles têm problemas monetários; prometi que não ia fazer queixa e não vou mudar de opinião agora.
- Quem é que te assaltou Skylar? – perguntou o meu pai ainda não convencido das minhas opções.
- Enzo Suarez. – voltou a responder a minha prima – Mas a Sky tem razão, as coisas já estão todas resolvidas e não vale a pena fazer nada.
- Mesmo assim eu continuo a achar que vocês deviam ter feito queixa. – a Kendra continuava a olhar para nós num misto de choque e preocupação. Desviei o olhar para o meu pai que estava estranhamente calado e pensativo – Sabe-se lá o que é que ele vai fazer com as informações que tinhas no telemóvel. Nós já sabemos que nem toda a gente é boa pessoa.
Aquela conversa começava a desagradar-me por saber perfeitamente o rumo que estava a tomar e abanei a cabeça – Não há motivo nenhum para preocupação, já está tudo resolvido. – disse num tom que fazia perceber que a conversa acabava por ali e felizmente acabou mesmo.
- Estás com um ar péssimo, Megan. - constatou a Kendra – Não te queres ir deitar?
- Espero que vocês não andem sempre em festas. – acrescentou o meu pai num tom mais suave mas percebia-se a léguas que ainda estava a matutar sobre o tema anterior – Pelo menos não descuidem do estudo.
- Não te preocupes, tio. – a Meg respondeu num tom mais baixo que o seu tom normal, de certeza que se devia ao facto de os sons a um volume normal já lhe faziam doer a cabeça – Nunca mais vou beber tanto. Nunca mais vou beber, assim é que está bem.
A Taylor levantou o olhar do prato com que brincava até momentos atrás e olhou para nós com os olhos muito abertos e um ar muito sério – Também posso ir a festas e beber? Vá lá. – acrescentou com um beicinho que me fez rir.
**
Depois do almoço na embaixada eu, a Meg e a Taylor tínhamos ido para o jardim aproveitar o bom tempo e o sol da primavera. Tinha-lhe contado tudo o que se tinha passado na festa a partir do momento em que nos tínhamos separado, quer dizer, tudo até à parte em que o Martin me tinha levado aos dormitórios porque o que se tinha passado no chuveiro estava a pensar levar comigo até ao túmulo. A Meg também me contou sobre a sua noite e sobre o rapaz que tinha conhecido na festa apesar de eu saber perfeitamente que haviam coisas que ela estava a esconder mas como desconfiava que isso era eles terem feito sexo, não insisti mais. Do rapaz misterioso sabia apenas que ele era giro e simpático e que se chamava Tiago.
A semana seguinte foi esgotante mas ao mesmo tempo muito calma e eu sei que é uma contradição mas foi exatamente isso que aconteceu. Com todas as apresentações feitas começámos a dar matéria e a receber trabalho em todas as cadeiras – daí a parte esgotante da semana. Agora porque é que a semana também foi calma? Porque os meus encontros com o Enzo reduziram drasticamente para apenas um que foi apenas de passagem quando nos encontrávamos no bar da escola.
Esperava seriamente que isso significasse que ele tinha percebido que eu não queria nada com ele e estava pronto para finalmente me deixar em paz mas sabia que era mais provável um tornado dar cabo de Espanha a isso acontecer. Não sabia se este afastamento repentino do Enzo se devia ao que se tinha passado nos chuveiros na semana antes ou se se devia à minha mais recente proximidade com o Martin, com quem agora passávamos a maior parte do tempo, mas fosse qual fosse o motivo, sabia perfeitamente que o Enzo se estava a preparar para mudar as coisas e quando o fizesse ia ser algo em grande.
Deixei-me cair na minha cama, agarrando-me à almofada enquanto olhava para a Megan que pousava os livros e cadernos na sua secretária.
- Finalmente é sexta. – disse com um sorriso enquanto aproveitava o facto de não ter de me levantar daquela cama para estudar ou ir para as aulas durante os próximos dois dias.
- Queres sair hoje? – juntei as sobrancelhas enquanto olhava para a minha prima – O Tiago mandou-me uma mensagem a dizer que vai haver uma festa qualquer na cidade. Não quero ir sozinha como é óbvio.
- Mas não vais estar sozinha. – disse de volta com um sorriso provocador – Tens o Tiago. – sabia bem fazer de Megan para variar e armar-me em Cúpido se bem que ela não se tinha livrado desse cargo a semana inteira, sempre a atirar-me para os braços do Martin, ou vice-versa, sempre que tinha alguma oportunidade. Tirei o meu telemóvel no bolso das calças e li a mensagem da Lola que tinha acabado de receber – Mas bem, eu também fui convidada por isso tudo bem. Vou finalmente conhecer o teu amigo? – perguntei sorrindo novamente.
A expressão da Megan mudou por instantes mas ela rapidamente voltou a sorrir. Parecia que não se tinha lembrado disso nem considerado essa hipótese – Parece que sim. Espero que gostes dele. – acrescentou voltando a fazer aquela cara estranha.
- Se tu gostas dele, eu gosto dele. Não te preocupes, vai correr tudo bem.
**
Não ia correr tudo bem.
Assim que entrámos no táxi à porta do campus da universidade e dissemos a morada que nos tinha sido dada o taxista disse-nos logo que não nos podia levar até ao sítio exato mas que nos deixaria a apenas uma rua de distância. Logo ai os meus alarmes interiores começaram a zumbir e a encher o meu cérebro de barulho e imagens dramáticas.
E agora que estávamos paradas nessa rua os alarmes soavam com ainda mais intensidade. A rua mais parecia um beco, a iluminação era mínima e não se via uma única pessoa a passar por ali. Para acrescentar, aquilo estava longe de parecer uma zona de habitação pois todos os prédios e casas estavam num estado péssimo.
- Tens a certeza que é aqui? – perguntei à Megan apesar de ela ter recebido a mesma informação que eu e por isso estar tão apta a responder a esta pergunta como eu estava.
- Foi a morada que nos deram. – respondeu ela com um encolher de ombros mas sabia que tal como eu estava preocupada com o sítio onde nos encontrávamos.
- Meninas como vocês não deviam andar por aqui. – disse o taxista enquanto apontava para o visor onde se encontrava a quantia que íamos pagar por aquela viagem – A paragem de camioneta mais próxima ainda fica longe e nenhum táxi vos vem buscar aqui. – à medida que o homem de meia-idade continuava a falar a minha vontade de lhe pedir para me levar de volta para a universidade só aumentava.
- Vamos encontrar-nos com uns amigos, de certeza que resolvemos isso. – disse a Megan tentando soar o menos preocupada possível – Obrigada e boa noite.
Saí do táxi e fiquei a ver o automóvel afastar-se antes de me voltar a virar na direção que o taxista disse que tínhamos de seguir para chegarmos à morada que nos tinha sido dada. Puxei o vestido preto para baixo e tentei parecer o mais segura de mim própria que me era possível nestas condições quando interiormente estava a dar em maluca.
A Meg agarrou-se ao meu braço e fizemos o caminho que nos tinha sido indicado. À medida que nos aproximávamos o silêncio era substituído pelo barulho de música e de vozes muito altas como se estivessem a falar por megafones.
- Preparem-se! – gritou uma voz que se tornava mais alta à medida que nos aproximávamos de um prédio que se encontrava tão mal como os outros mas de onde saíam luzes e bastante barulho – Esta noite vamos ter o combate que todos estavam à espera! Façam as vossas apostas!
Havia uma fila enorme de pessoas à porta do edifício e um homem muito grande e musculado a controlar quem entrava. Juntei as sobrancelhas e olhei para a Megan que estava com o mesmo ar confuso que eu.
- Pensava que isto era uma festa. – disse eu ainda sem perceber o que raio é que se estava a passar ali – Achas que nos enganámos no caminho? – perguntei virando-me para trás à procura de alguma placa que nos dissesse onde estávamos.
- Não, estamos no sítio certo. – respondeu a Meg e segui o olhar dela até um rapaz que estava parado na entrada do edifício a falar com o Diego e a Lola.
- De onde é que eu conheço aquele? – perguntei tentando dar a volta à cabeça para responder àquela pergunta.
- O que é que vocês estão aqui a fazer? – perguntou a Lola de olhos arregalados quando nos aproximámos o suficiente do grupo para eles nos verem.
- O que é que ela está aqui a fazer? – foi a vez do outro rapaz perguntar enquanto me olhava com um ar assassino. Espera… Santiago. Era o Santiago, o outro irmão da Lola. Juntei as sobrancelhas e rapidamente a minha expressão passou de confusão para choque. Tiago. Oh meu deus a minha prima andava com o outro irmão da Lola.
- A Lola convidou-me. – respondi acordando do choque – Mandaste-me uma mensagem. – continuei quando ela me olhou como se eu tivesse acabado de dizer que estávamos a ser perseguidos por tubarões – Olha. – estendi-lhe o telemóvel para ela ver a nossa conversa durante a tarde sobre aquela suposta festa.
- Não te mandei mensagem nenhuma. – disse a Lola enquanto olhava para o Diego – Deixei o telemóvel em casa. – ela revirou os olhos – Claro, o Enzo mandou-te mensagem.
- O Enzo? – repeti – Porque raio é que o Enzo me mandou mensagem do teu telemóvel para eu vir para aqui?
E finalmente vamos ter o gangue todo junto, vamos ver o que saí daqui não é...?
Tenho recebi muitos poucos comentários aqui no blog e não sei se isso quer dizer que vocês andam a ler mas não andam a comentar ou se já houve muita gente a desistir e espero seriamente que seja a primeira porque senão vou ficar super deprimida.
Numa destas noites deu-me uma vontade enorme de escrever e consegui escrever três capítulos seguidos, orgulhem-se, mas acontece que mesmo assim só tenho quatro capítulos adiantados e eu odeio ter as coisas assim tão em cima do joelho por isso ainda não sei bem como vou fazer mas vão estando atentas ao blog.
Mais uma vez muito obrigada a todas aquelas que ainda comentam e beijinhos!