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[OS] Diego Aguilar I

por Joanna, em 26.09.15

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A universidade estava longe de ser algo que eu tinha pensado seguir; apesar dos meus comportamentos e companhias tinha-me esforçado ao máximo para acabar o secundário de uma vez e poder depois dedicar-me ao que fosse preciso para arranjar dinheiro e ajudar em casa mas os meus pais tinham tido outros planos. No dia em que tinha concluído o décimo segundo ano e pensava que estava finalmente livre de livros e professores, os meus pais disseram-me que tinham aberto uma conta em meu nome e que lá estava todo o dinheiro que tinham conseguido juntar do que sobrava depois de pagarem as contas e que isso era para eu prosseguir os meus estudos e ter um futuro melhor do que o deles, tentar sair do bairro. Eu sabia que eles o tinham feito com o melhor dos propósitos e que só estavam a tentar ajudar mas a verdade é que tinham lixado tudo. Ou pelo menos era o que eu pensava até saber que tinha entrado na mesma universidade que a Lola e o Enzo; isso significava que tinha um dos meus melhores amigos para matar tempo e distrair-me e que podia manter-me próximo da Lola, mesmo que essa proximidade continuasse a fazer-se à distância.

Não faço a mínima ideia de quando é que esta obsessão por ela começou. Desde que eu me lembro de ser gente que somos todos vizinhos e desde aí que fiz amizade com o Tiago e o Enzo com quem passava todo o tempo e fazíamos tudo. Eu era capaz de morrer por eles e sabia que eles fariam o mesmo por mim. Durante todo esse tempo a Lola tinha sido sempre posta de parte, era rapariga, era mais nova e era irmã deles e por isso mesmo durante bastante tempo era aquela que apenas olhava de passagem quando estava lá em casa ou a quem dizia um olá antes dos irmãos aparecerem e me chamarem.

Se calhar foi ai que tudo começou, mesmo quando não trocávamos mais do que uma mão cheia de palavras mas quando é que tudo mudou? Não faço mesmo a mínima ideia. Só sei que de um dia para o outro ela deixou de ser a rapariguinha a quem não prestava grande atenção para ser aquela de quem eu não conseguia desviar o olhar. Quer dizer, conseguia até porque tinha de o fazer para não ser apanhado por um dos irmãos dela.

Apesar de viver no bairro e me dar com os Suarez sempre fui muito mais calmo e calado do que eles, características que faziam com que eles fossem bastante requisitados pelas raparigas dali enquanto eu era normalmente deixado de parte mas eu não me importava porque não queria andar com qualquer uma, queria andar só com uma.

- Diego? – ouvi a voz da Lola que me chamou de volta à realidade e afastou todos os pensamentos que me toldavam a concentração – Estás a ouvir? – o facto da Lola ter juntado as sobrancelhas fazia-me perceber que estava longe de estar bem disposta.

- Não, desculpa. – quando tínhamos saído de casa dela não tínhamos ido para muito longe. A casa ao lado, a minha portanto, estava completamente vazia com ambos os meus progenitores a trabalhar até tarde, a única forma de ali alguém ganhar um pouco mais para apenas as despesas mensais – Diz.

- Estava a perguntar-te se me emprestas o livro. Preciso dele para uma das minhas próximas aulas. – disse ela enquanto me mostrava um livro de capa escura. Quando assenti com a cabeça ela pousou o mesmo na secretária ao pé das suas coisas. Voltámos ao silêncio, eu estava perdido em pensamentos uma vez que estávamos ali sozinhos, coisa que não acontecia há imenso tempo e ela parecia olhar-me fixamente à espera que uma reação minha – Quando é que me vais beijar outra vez?

Apesar de já ser considerado um homem adulto e uma vez que vivia naquele bairro e fazia tudo aquilo que se pode considerar ilegal, o que me dava o estatuto de perigoso, ia morrendo engasgado na minha própria saliva ao ouvir aquela pergunta.

- Lola- - comecei mas fui rapidamente interrompido por ela.

- Os meus irmãos não mandam em mim ou em ti, sabes? – o seu tom era bastante aborrecido – E acho que já está na altura de as coisas mudarem. Ou vamos continuar com isto? Fizemos sexo quando eu tinha dezasseis, voltámos a beijar-nos quando eu tenho vinte, daqui a quatro anos é o quê? O pedido de casamento? Ou voltamos ao sexo?

- As coisas não são assim tão simples. – foi a única resposta que me ocorreu apesar de saber que era absolutamente ridícula e infantil.

- Estou farta de vocês sempre a achar que podem decidir as coisas por mim e que vocês é que sabem o que é bom ou não para mim. Disseste que só me querias a mim, isso mudou? Foi isso que aconteceu?

Engoli em seco enquanto me preparava para mentir e dizer que era exatamente isso mas não conseguia. Sempre a tinha querido a ela, só a ela e não tinha mentido quando lhe tinha dito isso aos dezassete anos, na primeira e única – por mais triste que isso seja – vez em que tinha feito sexo na minha vida. Eu amava-a por todas as pequenas coisas, amava-a por tudo e parecia simplesmente errado olhar ou pensar sequer em estar com outras raparigas mesmo quando fingia que o fazia por causa do Enzo e do Santiago.

- Não, isso não mudou. – disse e vi-a soltar a respiração que ao que parecia tinha estado a conter até à minha resposta – Não menti quando disse isso ou quando disse que podia fugir contigo na noite na festa da universidade. Mas as coisas são mesmo complicadas Lola e tu sabes isso. Estamos sempre metidos em problemas para tentar arranjar mais dinheiro e já é mau o suficiente pensar nos meus pais se algum dia tiverem de me ir visitar à prisão do que acrescentar-te a ti também a esse pesadelo.

 A Lola encolheu os ombros – Era da maneira que vos visitava a todos numa só ida à prisão.

- Não tem piada Lola e tu sabes muito bem disso. – disse com um suspiro enquanto a olhava absorvendo todos os pormenores como fazia tantas outras vezes – E além disso os teus irmãos nunca iam aceitar isto. Se eles soubessem o que já fizemos eram capazes de me matar.

- Quero lá saber dos meus irmãos! – gritou ela irritada – Quero-te a ti, é só isso que interessa, eles não têm nada a ver com isso. Eu também nunca fui a favor das cabras com quem eles andavam metidos e não foi por isso que eles se deixaram de ver. Diz-me que não queres estar comigo e eu deixo-te em paz, mas se isto for tudo por causa da prisão que pode ou não vir a acontecer ou dos meus irmãos que já deviam saber que eu tenho idade suficiente para tomar decisões sozinhas lamento mas é estúpido.

- Lola… - ela voltou a lançar-me aquele olhar assassino que me fazia lembrar que ela era uma Suarez mesmo que durante o resto do tempo parecesse uma deslocada naquela família – Eu quero estar contigo. – admiti não conseguindo fingir que não sentia absolutamente nada por ela.

- Então não vejo qualquer problema. – a expressão zangada desapareceu do seu rosto sendo de seguida substituída por um sorriso.

Durante toda esta discussão eu tinha estado sentado na minha cama enquanto a Lola se encontrava sentada na cadeira da secretária, na outra ponta do quarto. Quando a discussão chegou ao fim, ela levantou-se da cadeira e caminhou até mim. Segui-a atentamente com o olhar durante esse curto percurso. Assim que a essa distância foi finalmente cortada, sentei-me mais direito quando a Lola se sentou ao meu colo com os braços à volta do meu pescoço. Instintivamente pousei as minhas mãos na sua cintura para a puxar mais para mim e evitar que ela se fosse embora. Tinha saudades dela e de estar assim tão próximo dela sem ter de me preocupar com o que quer que fosse e podendo apenas aproveitar aquilo.

- Pára de ter medo. – pediu olhando fixamente para os meus olhos – Gostarmos um do outro não tem nada de errado.

Assenti com a cabeça e estiquei-me de maneira a aproximar finalmente os meus lábios dos seus. Tínhamos feito tudo ao contrário e ela tinha razão, tinha passado demasiado tempo com medo de tudo quando tinha era que aproveitar o momento e o facto de sentirmos o mesmo um pelo outro.

A primeira rapariga que tinha beijado e com quem tinha estado tinha sido a Lola há quatro anos atrás quando tínhamos ficado os dois bêbados numa festa e uma coisa tinha levado à outra. Depois disso prometemos não falar do que tinha acontecido e fingir que não tinha acontecido nada, por mais que isso me custasse não a queria forçar a nada, tinha estado sempre à espera de um sinal. Durante o tempo que passou fui recebendo alguns mas não era nada que me fizesse ter a certeza que o que se tinha passado naquela noite não era um erro para ela, porque para mim não era mesmo nada um erro, e quando ela me tinha beijado na festa de início de aulas recebi finalmente o sinal. Só que desta vez fui eu quem se quis afastar.

- És a única rapariga que quero. – deixei escapas a confissão quando interrompemos o beijo mas continuamos com os nossos lábios colados.

- Eu também não quero mais ninguém. – abrimos ambos os olhos numa tentativa de perceber se estávamos a ser sinceros um com o outro. Aqueles olhos azuis que me faziam perder a linha do meu pensamento demonstravam apenas sinceridade e não precisei de mais nada.

As mãos da Lola colocaram-se dentro da minha camisola, puxando a mesma aos poucos para cima até que tive de a largar para a conseguir despir. A peça de roupa foi parar ao fundo da cama, seguida da camisola dela e de todas as nossas outras peças de roupa. Agarrei-a pela cintura e deitei-a na cama, colocando de seguida o meu corpo por cima do seu. Desta vez nenhum de nós estava bêbado e tínhamos acabado de dizer que não queríamos mais ninguém o que fez com que fosse tudo muito melhor.

 

Este capítulo é mais pequenino por ser uma OS mas nos próximos capítulos do ponto da vista da Sky já vos compenso que eles andam a sair maiores e.e

Espero que tenham gostado de ler esta uma OS porque eu adorei escrevê-la; assim já sabem mais sobre a relação destes dois e agora que eles decidiram dizer ao mundo o que sentem um pelo outro, vamos ver como é que corre esta revelação quando chegar aos ouvidos dos outros dois Suarez...

Obrigada a todas que ainda lêem e comentam os capítulos e até sábado!

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publicado às 14:41