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A última semana tinha corrido estranhamente bem. Os negócios continuavam em alta e até tinha conseguido arranjar novos clientes que me ajudavam a encher os bolsos de dinheiro agora que as corridas e as lutas estavam mais paradas; além disso, tinha continuado a passar bastante tempo com a Megan. As coisas entre nós ainda estavam longe de serem completamente sérias e de podermos dizer que éramos um casal mas gostava mesmo dela, da sua personalidade e da maneira como ela me fazia sentir; há muito tempo que não me sentia assim por uma rapariga, por mais maricas que isso seja.
Mas apesar de este meu sentimento de felicidade sempre que estava com ela, eu sabia que as coisas entre nós não iam durar muito tempo. Não era preciso ser vidente para saber que sempre que um bocadinho de felicidade que fosse batesse à porta de um Suarez, que rapidamente as coisas dariam para o torto. E neste caso não era mesmo preciso ser um vidente porque já antes de eu ter começado a sair com a Megan que era previsível que as coisas corressem mal e acabassem rapidamente.
Depois de sairmos de minha casa e deixarmos lá os meus irmãos, o Diego e a outra, tínhamo-nos afastado do bairro e estávamos agora mais perto da cidade, num jardim público que àquela hora tinha bastante gente. Caminhávamos de mãos dadas e quem nos visse podia muito bem achar que éramos um casal feliz, coisa que estava muito longe de ser verdade.
- Como é que correu o emprego? – perguntou a Meg quando nos sentámos num banco de madeira vazio.
Pousei o meu queixo no alto da cabeça dela assim que se encostou ao meu peito. Por momentos assim que ela me fez aquela pergunta lembrei-me do dinheiro todo que tinha feito naquele dia com as drogas e estava prestes a responder que tinha corrido muito bem quando me lembrei que não era a esse emprego que ela se referia mas sim ao meu emprego como lavador de pratos na pizzaria que ficava perto do bairro. Apesar de ela saber das corridas e das lutas, não estava nos meus planos contar-lhe que para além disso ainda vendia drogas; nada de especial, só mais um trabalho ilegal e o pior deles todos.
- Foi normal. – respondi com um encolher de ombros – Ao almoço até costuma haver muita gente como o restaurante fica perto daquela zona de escritórios, por isso foi exatamente como nos outros dias. Como é que foram as aulas?
- Iguais aos outros dias. A única diferença foi mesmo o castigo do Enzo e da Sky. – ela levantou a cabeça do meu peito de forma a conseguir olhar para mim – Sabias que o teu irmão andou com uma das professoras da universidade? – perguntou com uma cara enojada.
Soltei uma gargalhada e encolhi os ombros – Achas mesmo que eu ando a par de todas as raparigas, ou mulheres, - acrescentei devido àquele caso – com quem o meu irmão se envolve? Não fazia outra coisa se assim fosse. O Enzo sempre teve muito jeito com as mulheres e ao que parece elas gostam por isso eu já deixei de tentar perceber quem é a nova ou a velha.
- E tu? Vais dizer-me que não é de família o vosso jeito com as mulheres?
Coloquei os meus braços à volta da cintura da Megan e puxei-a de forma a que se sentasse em cima do meu colo. Sorri com a pergunta que ela tinha feito e passei os meus lábios pela zona entre o maxilar e a orelha dela que estava mesmo à minha frente.
- Não sei, diz-me tu.
- Acho que também tens muito jeitinho. – foi a resposta dela enquanto se encolhia contra o meu peito, o que me fez sorrir ainda mais por saber que ela estava com os braços arrepiados.
- Vais ser só minha o resto do dia. – voltei a pousar o meu queixo no alto da cabeça da Meg e coloquei melhor os meus braços à volta do seu corpo tanto para a manter contra mim como por causa do frio que se fazia sentir naquela zona do parque onde haviam mais árvores e agora que o sol se começava a pôr – Não quero saber se a tua prima não quer estar sozinha.
Eu sabia que não devia ter dito aquilo daquela forma mas só tarde de mais é que tive vontade de me bater. A Megan levantou a cabeça do meu peito e afastou-se um pouco de mim.
- Afinal porque é que odeias a Sky assim tanto? Desde a primeira vez que a viste que parece que ela te tentou matar ou algo do género quando ela nunca te fez nada. Ela é minha prima e é boa pessoa. Eu sei que… ela não morre propriamente de amores por ti mas… ela está preocupada comigo. Mas tu não tens motivo nenhum para a odiares assim tanto.
Mal tu sabes. Pensei para mim próprio quando a ouvi proferir aquela última frase. Assenti com a cabeça e olhei para ela – Desculpa. – pedi tentando parecer o mais sincero possível – Não sei porquê mas não consigo gostar da tua prima. Tu também não gostas do meu irmão. – acrescentei tentado de alguma forma dar a volta à conversa.
- Pois não mas estou a fazer um esforço para o aturar, mesmo quando ele persiste em andar atrás da Sky sem eu conseguir perceber com que objetivo. Tu podia tentar fazer um esforço com a Sky também. Ela é minha prima e é uma das pessoas mais importantes da minha vida.
- Está bem, eu faço um esforço. – disse num tom amuado não só pelo pedido dela mas por saber que precisava mesmo de fazer um esforço para me dar com a Skylar para que tudo corresse bem – Agora vamos deixar de falar da nossa família, está bem? – assim que a Meg assentiu com a cabeça, voltei a sorrir – Ainda bem. Como eu estava a dizer, vais passar o resto do dia comigo. Deixei um papel lá em casa a avisar.
As sobrancelhas da Meg juntaram-se numa expressão desconfiada – E qual é o plano?
Voltei a sorrir e encolhi os ombros, aproveitando que ela estava distraída para voltar a passar os meus lábios pela sua pele – Primeiro vamos jantar e depois logo se vê. Não há planos, esses são os melhores planos.
- Santiago pára. – resmungou ela por eu ainda estar a provoca-la com os meus lábios – Estou a falar a sério. – por mais que tentasse ela não conseguia falar no tom chateado que pretendia – Estamos num jardim, por amor de deus, há aqui crianças.
- Não é como se estivesse a tentar violar-te. – disse tentando não rir com a expressão dela ao tentar ignorar o meu toque ao mesmo tempo que tentava parecer zangada – Estou só a dar-te beijinhos.
- Pára. – pediu ela novamente mas agora num tom mais baixo e menos autoritário – Se continuas com isso acho que vamos ter de passar o jantar.
Sorri e encolhi os ombros – Eu disse-te, os melhores planos são aqueles que não são planeados. Se não queres jantar, não faz mal. – beijei-lhe o lóbulo da orelha e estava pronto a parar de a provocar quando ela se levantou do meu colo e me agarrou nas mãos, fazendo força para que eu me levantasse do banco – Onde é que vamos?
- Bem… eu conheci a tua casa por isso acho que é apenas justo que agora conheças a minha. Quer dizer, o sítio onde eu vivo agora. – voltámos a caminhar de mãos dadas enquanto nos dirigíamos à saída do parque que não ficava muito longe do local do campus universitário.
- Então é esse o plano? – perguntei com um sorriso provocador.
Ela olhou para mim com um ar sério antes de sorrir – O plano é que não há plano.
**
- Isto até que nem é muito diferente do meu quarto. – proferi assim que chegámos finalmente ao quarto dela no edifício dos dormitórios femininos – A única diferença é que tens uma casa de banho só para ti.
- Mesmo assim temos de tomar duche com o resto das raparigas.
- Hmm. – coloquei os meus braços à volta da cintura da Meg enquanto ela fechava a porta à chave e puxei-a para mim – Apesar de me parecer uma boa visão essa que acabaste de descrever, tenho a certeza que prefiro que tomes duches comigo.
- Não sei se serás assim tão boa companhia. – disse ela naquele seu tom provocador.
Passei novamente os meus lábios junto à sua orelha, naquele local que sabia que a deixava toda arrepiada e com os pensamentos trocados e foi exatamente isso que aconteceu quando a senti mais uma vez derreter contra o meu peito.
- Podemos sempre descobrir. – murmurei contra o seu ouvido.
- Isso é um convite? Dificilmente apanhamos os balneários vazios.
Afastei-me dele com alguma dificuldade confesso e caminhei até uma das secretárias do quarto. Agarrei numa folha branca de papel e numa caneta preta e escrevi “fora de serviço” na mesma.
- Só precisamos de fita-cola e temos uns balneários só para nós. – disse com um sorriso.
- Adoro planos sem planos. – ela sorriu e apontou para a primeira gaveta da secretária – Está aí.
Eu sei que não era bem isto que vocês queriam mas prometo que a partir de agora vão ter os momentos todos Sky e Enzo e vão continuar a ver esta noite deles.
Espero que mesmo assim tenham gostado da OS, eu gostei de a escrever principalmente porque vou deixando pequenas pistas que vocês não percebem mas pronto ahah e porque o resto das minhas personagens também são importantes - individualmente e para a história - por isso há certas coisas que têm mesmo de ver do ponto de vista delas para depois perceberem tudo.
Obrigada e até sábado!