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Epílogo I #
Epílogo II #
Podem ter passado dois anos mas ainda parecia que tinha sido ontem que o verão de 2014 tinha acontecido.
O avião vindo de França aterrou no preciso momento em que o Bryan chegou ao aeroporto. Passaram vários longos minutos até que os cantos dos lábios dele subissem para um sorriso ao vê-la chegar. A Devlin estava de volta à Austrália depois de acabar o seu curso de pastelaria e apesar de o seu grande sonho sempre ter sido trabalhar em França, tinha decidido começar o seu próprio negócio no seu país.
Abraçaram-se com força assim que se viram frente a frente novamente. Ao longo destes dois anos tinham começado a falar novamente, tinham começado devagar até que como seria de esperar, não conseguiram fingir que não sentiam nada um pelo outro, mesmo estado a quilómetros, mares e continentes de distância.
O namoro tinha começado à precisamente um ano e meio, com a visita surpresa do Bryan a França. Depois disso o namoro tinha sido à distância, excepto por mais algumas visitas dele, e como se sabe, todos os namoros à distância são muito complicados ainda mais para estes dois, dois conhecidos players mas quem diria? Quando se encontra a alma gémea, as coisas mudam, nós mudamos. Foi precisamente o que lhes aconteceu.
- Como é que os conseguiste convencer a vir só tu?
- Prometi que te levava directamente para casa.
A Devlin sorriu, eles beijaram-se e o Bryan agarrou na mala dela, conduzindo-a para fora do aeroporto onde tinha deixado o carro.
- Podíamos fugir e estar um bocadinho juntos antes de irmos para lá. – sugeriu ela com um sorriso enquanto passava os dedos pelo braço do Bryan que se encontrava mais próximo dela.
- Nem pensar. Os teus pais são bem capazes de me matar e desculpa lá se tenho menos de uma ex-Texas ranger e um ex-agente da DEA.
- És tão mariquinhas.
- Se queres continuar a ter um namorado, é melhor seguirmos para tua casa e depois sim, eu compenso-te com um momento sozinhos.
Tal como tinha acontecido à dois anos, toda a família estava à espera da Devlin com uma festa. E com toda a família incluía-se a Reed, o Dom e as duas mães da Reed.
- Oh meu deus. – assim que as duas melhores amigas se viram, depois da Devlin ter o seu momento com a família, abraçaram-se enquanto se riam – Como é que uma pasteleira consegue ser tão magra? Estás mais magra do que antes, Dev.
- Tu sabes como é que eu sou, posso comer tudo e continuo em boa forma.
- Agora que ela voltou para casa e vai comer connosco, volta logo a ficar com mais carne nos ossos.
- Olha que não sei, mãe.
Passaram o resto da tarde todos juntos a falar, comer e matar todas as saudades dela. Só no final da tarde é que se despediram e os quatro, a Devlin, a Reed, o Bryan e o Dom, saíram do rancho.
- Passei o tempo todo a ouvir o teu disco. – as duas raparigas iam nos bancos de trás do carro – Adorei as músicas todas e era uma maneira de matar saudades dos teus concertos.
- Eu sabia que ias gostar da prenda. E estou a escrever o segundo disco. – a Reed sorriu orgulhosa – Já não falta muito para o acabar e começar a tour.
- Acho muito bem, mas tens de ter cuidado. – a Devlin baixou-se até ter a cabeça à altura da barriga da melhor amiga – Tens de ter cuidado com esta menina.
- Ou menino. – disse o Dom com um sorriso – Por mim pode ser um ou outro.
- Estamos quase a saber mas agora ainda é cedo e como ainda só estou grávida de três meses, vou ter mais do que tempo suficiente para os concertos sem ter de me preocupar.
- Afinal onde é que vamos? – perguntou a Devlin juntando as sobrancelhas – Bryan?
- Não me perguntes a mim. Eu não sei nada, tens de perguntar ao motorista.
Mas ela não precisou de perguntar porque assim que se começaram a aproximar do local, a Devlin percebeu onde estavam a ir. Assim que estacionaram o carro e saíram do mesmo, os casais deram as mãos e caminharam para dentro do cemitério.
Quando pararam em frente à campa, a Reed sorriu – Bem, agora que estamos aqui os cinco, - desviou por segundos o olhar para a campa que se encontrava atrás de si Deborah Parker-Winston. 1995-2014. Amada pela família e amigos. – é o momento ideal.
- É suposto eu perceber o que se está a passar? Oh meu deus, Reed. Estás grávida de gémeos?
Ela riu-se e abanou a cabeça mas quem respondeu foi o Dom – Não. É só um. À três meses eu pedi a Reed em casamento e concordámos em esperar até estarmos todos juntos novamente. Sabemos que as nossas famílias vão obrigar-nos a ter uma cerimónia gigante mas primeiro queríamos uma coisa pequenina, com vocês.
- Por isso, - continuou a Reed – agora que voltaste e estamos aqui, eu e o Dom vamos casar e vocês vão ser os padrinhos.
- O quê? Mas eu nem estou vestida para um casamento!
- Amor, acho que vais ter tempo para isso quando for o casamento gigante que eles vão ser obrigados a fazer.
Quando o padre chegou, a Reed e o Dom colocaram-se em frente à campa com a Devlin ao lado da melhor amiga e o Bryan ao lado do primo. Foi uma cerimónia simples mas cheia de significado e do mais importante, amor.
- Pode beijar a noiva.
O casal beijou-se enquanto os padrinhos batiam palmas e assobiavam. Agora era altura de celebrar, uma espécie de despedida de solteiro que nenhum dos dois tinha tido, uma onde estavam os quatro juntos.
O padre tirou-lhes uma fotografia apesar de eles estarem longe de parecer que tinham acabado de estar num casamento, a única sugestão disso era o ramo de flores colhidas do jardim do cemitério na mão direita da Reed e o facto de tanto ela como o Dom terem as mãos esquerdas estendidas e terem as suas alianças nos dedos.
Passaram algum tempo ali, a contar mais do que tinha acontecido nos últimos dois anos, a escolher nomes de bebés, cores de vestidos para o casamento a sério e a inventar o discurso da família de ambos ao saber que eles tinham casado numa pequena cerimónia sem qualquer um dos pais dos noivos.
Quando chegou a altura de ir embora, a Devlin ficou para trás enquanto os outros três caminhavam de volta para o carro, onde iam esperar por ela para depois se dirigirem ao bar onde iam continuar a celebração deste dia.
Assim que se viu sozinha, ela ajoelhou-se em frente à campa e ajeitou as flores que haviam na mesma.
- Tinhas razão mas também estavas errada. Não conseguia perdê-lo também porque amo-o como nunca amei ninguém mas não consigo viver sem ti. Penso em ti todos os dias, a toda a hora. Sempre que vou fazer alguma coisa lembro-me da tua cara de desaprovação mas como me seguias mesmo sem gostar do que eu queria fazer. – ela pousou a mão na pedra fria – Sempre fomos muito unidas porque éramos mais do que irmãs por isso nunca vou conseguir viver sem ti. Mas sei que tenho que seguir em frente. Nunca vais ser esquecida mas tenho que seguir em frente. E é isso que estamos todos a fazer. Só gostava que tu estivesses aqui.
Ela levantou-se e lançou um último olhar à lápide que se encontrava à sua frente onde estava a fotografia antes de seguir também em direção ao carro.
Podia já não estar fisicamente com eles mas continuava a tomar conta deles, a estar com eles. E estava feliz por todos eles, por a minha irmã ter finalmente encontrado alguém que amava e que a amava de volta, por o Bryan deixar de ser aquele parvo mulherengo que quase só se importava com ele, por a Reed estar novamente feliz, grávida e casada com o amor da vida dela e por o Dom estar a fazer exatamente aquilo que tinha prometido depois da discussão dele e da Reed quando ela tinha abortado.
Não importava se já não éramos cinco porque continuávamos a ser um grupo, um grupo forte e unido. Eu também gostava de poder estar com eles mas estava à minha maneira e era melhor assim, assim estavam todos felizes, incluído eu, Deborah Parker-Winston.
Não sabia muito bem como escrever este final e então lembrei-me disto, de escrever segundo o ponto da vista da Deb como se ela estivesse presente na mesma.
Espero que tenham gostado do final, a Reed está grávida outra vez! Ahah já podem ser todas madrinhas da criança!
Obrigada por terem acompanhado a história e fico muito feliz por terem gostado c:
A próxima história já está começada e bastante adiantada e vai ser muito diferente mas espero que gostem. Terça vou fazer um pequeno post com as personagens e com a capa e na quarta posto o primeiro capítulo.
Subi para os ombros do Bryan tal como ele tinha dito para fazer e consegui chegar à janela mas não conseguia ver nada lá para dentro. A janela estava demasiado suja e lá dentro estava demasiado escuro para conseguir perceber o que lá dentro se passava.
Desci das costas dele e apesar de a nossa relação já não estar tão estranha como estava antes, limitei-me a ficar em silêncio. Não tinha nada para lhe dizer, não conseguia pensar nele quando a minha irmã estava com uma pistola apontada à cabeça e a culpa era minha.
Acho que a respiração faltou-me por segundos quando a Reed disse que estávamos no sítio certo mas depressa voltei a mim e tirei do bolso das calças o telemóvel. Marquei o número da minha mãe com uma enorme rapidez e felizmente ela não me fez esperar muito tempo.
- Encontrámo-la. – apesar de ela ter falado depois de mim, não estava a prestar qualquer atenção, estava sim a pensar no que fazer, como entrar na fábrica e como tirar a minha irmã de lá – Quantos homens? – repeti a pergunta da minha mãe e ouvi a Reed a responder que eram bastantes – Alguns. A polícia tem de vir. – o Jake não queria a polícia mas nós precisávamos de apoio ou a minha irmã acabava morta ou levada pelo Jake ou a outra opção era a minha mãe entregar-se àquele maluco. Nada ideias que eu aprovasse – Eu sei mãe, mas é a Deborah. Precisamos da polícia e vocês têm de se despachar.
Desliguei a chamada e voltei a guardar o telemóvel no bolso – A tua mãe avisa o teu tio? – perguntou a Reed ao que eu assenti com a cabeça.
- O que é que fazemos agora? – foi a vez do Bryan. Eu queria entrar. Queria tirá-la de lá o mais depressa possível mas não estava a ver como.
- As fábricas têm sempre portas laterais. – lembrei-me. Sim, podia esgueirar-me lá para dentro sem que dessem por mim – Vocês já fizeram bastante, obrigada por nos ajudarem a encontra-la mas isto agora é connosco. – olhei para eles os quatro – É melhor irem embora.
- Não te vou deixar aqui sozinha com ideias suicidas de entrar dentro desta fábrica sozinha.
Tirei a minha pistola que estava presa na parte de trás das minhas calças e levantei a mesma – Eu sei o que é que estou a fazer, Bryan. E vou armada.
- Devlin, o Bryan tem razão, não deixa de ser uma ideia parva. Tens de esperar pelos teus pais e pela polícia.
- Dom… - desviei o olhar do rapaz para a namorada dele – Não vale a pena, ela vai entrar. – a Reed já me conhecia demasiado bem para saber que eu era incapaz de ficar quieta à espera quando sabia que podia fazer alguma coisa – Por isso a única coisa que podemos fazer é entrar com ela. – apesar do que ela disse, juntei as sobrancelhas quando a Reed virou costas e começou a afastar-se depois – Mas também temos de ir armados. – disse ela enquanto agarrava nuns pedaços de metal que haviam para ali.
Assim que todos arranjaram alguma coisa para servir de armas, comecei a caminhar pelo outro lado da fábrica. Tal como eu tinha dito, havia uma porta lateral e tentei abri-la sem fazer muito barulho. Eu conhecia bem aquela fábrica, estava fechada à anos porque os donos tinham decidido expandir o negócio e ir para uma fábrica muito maior.
Estávamos numa casa de máquinas quando a porta por onde tínhamos entrado abriu atrás de nós. Levantei logo a minha glock e apontei naquela direção mas baixei a mesma quando vi que era o meu pai e a minha mãe.
- Qual foi a parte do esperar que não percebes, Devlin?
- Pai, eu sabia que o esperar era vocês entrarem e eu ficar lá fora. – respondi antes de abraçar os dois com força – O que é que vamos fazer agora?
- Os teus tios estão lá fora à espera da polícia. – respondeu a minha mãe enquanto olhava para nós os quatro prestes a dizer que nós devíamos ir lá para fora e esperar também – Já sei que não vale a pena dizer-vos para sair, não é? – assentimos todos com a cabeça e ela suspirou – Muito bem. Vamos ter cuidado. Não se aproximem demasiado porque os homens do Jake estão sempre armados e são perigosos.
- Dev. – já tinha recomeçado a andar para a porta que nos levava para a outra divisão quando o meu pai falou – Falta-te isto. – levantei a mão esquerda e agarrei no silenciador que ele me tinha atirado. Sim, pais polícias eram muito bons nestas ocasiões. Só esperava que estas ocasiões não voltassem a acontecer. Eu adorava armas mas preferia não ter de as usar para salvar a minha irmã ou quem quer que fosse.
Assim que passámos aquela porta, chegámos à zona principal da fábrica e era aí que tínhamos de ter o máximo de cuidado. Colocámo-nos atrás de paletes e pilhas de caixas e objectos abandonados e foi no momento em que ia sair de trás de uma palete para a outra que a vi. Parei automaticamente.
A Deborah estava sentada numa cadeira, amarrada à mesma mas parecia bem. Graças a deus. Estava sozinha mas no momento em que o resto do grupo chegou ao pé de mim e percebeu que eu estava ali especada e percebeu o porquê, tivemos todos de nos esconder porque a porta da frente da fábrica foi aberta.
- Chegou a hora, minha querida. – tentei controlar o vómito quando ouvi o Jake a falar – Vou mandar mensagem à tua mãe com o sítio onde nos vamos encontrar com ela.
- Ela nunca vai aparecer.
- Claro que vai, Deborah. Pensava que já conhecias a tua mãe melhor que isso. – assim que ele largou o telemóvel da Deborah, a minha mãe tirou o telemóvel do bolso para ler a mensagem que tinha acabado de receber – Pronto, já está. Espero que não te importes por ficar aqui mais um bocadinho. Não te preocupes, a tua mãe vai fazer-te companhia num instante. É uma pena não conseguir trazer a tua irmã também mas paciência. Duas de três já é muito bom.
Não consegui ouvir mais. Não consegui continuar a olhar para aquele filho da puta. Saí de trás palete de arma levantada e disparei. Errei o alvo mas apenas por centímetros porque em vez de lhe acertar no coração, acertei no ombro. Mas já era um começo.
- Devlin! – ouvi alguém gritar atrás de mim e depois aconteceu tudo demasiado depressa.
O Jake arrastou-se para uma zona onde não o conseguíssemos ver para se proteger de mais tiros e eu corri até à minha irmã – Estás bem? – perguntei-lhe enquanto pousava a pistola no chão e lhe tirava as cordas.
- Dev. – sabia que ela estava a sorrir mas não pude levantar o olhar das cordas, tinha que me despachar – Eu sabia que tu ias ser a teimosa que ia cá chegar primeiro.
No preciso momento em que a consegui soltar, os tiros começaram. Os homens do Jake abriram a porta da frente e ao fundo da fábrica o meu pai e a minha mãe começaram a disparar. Puxei a Deborah para baixo e puxei-a depois com a mão para corrermos até uma zona onde nos podíamos esconder.
- Estás ferida? – perguntei olhando para ela para ver se via sangue em algum lado.
- Não, estou bem.
Os homens do Jake começaram a cair, um a um à medida que os meus pais disparavam na direção deles. O bom timing da polícia foi aparecer quando o último levou um tiro mesmo no meio da testa. Saí juntamente com a Deborah para a zona onde os meus pais e os nossos amigos se começavam a juntar.
O meu coração continuava apertado no peito mas já estava mais calma. Muito mais calma. As coisas tinham corrido bem. A Deborah estava bem.
- Devlin!
Não sei o que é que aconteceu, só percebi depois de ter acontecido, depois de não poder evitar. Estavam todos a abraçar a Deborah enquanto eu estava ali a sorrir e a pensar, alheia a tudo. O Jake saiu do sítio onde estava de arma na mão a apontar na minha direção. Eu ia morrer mas não morri. Em vez disso, foi a pessoa que eu mais amava no mundo.
Cai no chão quando a Deborah me empurrou e pareceu acontecer primeiro a correr e depois em câmara lenta. A bala atravessou a Deborah, ela caiu de joelhos no chão com o sangue a jorrar da ferida que ela tinha no peito. A minha mãe disparou, acertando no Jake que caiu também no chão.
Gatinhei até à minha irmã e pressionei com força a ferida que ela tinha no peito para tentar impedir que ela perdesse sangue mas o chão já estava um lago de sangue. Só sangue.
- Dev.
- Shh, vais ficar bem. – disse sentindo as lágrimas a escorrer-me das bochechas enquanto continuava a pressionar a ferida – Precisamos de uma ambulância! – gritei.
- Dev. – uma das mãos da Deborah pararam em cima das minhas – Vou morrer. – abanei a cabeça – Vou sim. – a voz dela estava tão baixa, tão fraca – Vou morrer e tu vais ficar viva. Ainda bem. – continuei a abanar a cabeça enquanto ela sorria – Eu sei que consegues viver sem mim, eu não consigo viver sem ti.
- Não consigo viver sem ti, estúpida. Não vais morrer.
- Ele está apaixonado por ti. – limpei as lágrimas com a parte de cima do braço, sem parar de pressionar a ferida dela. Levantei o olhar para o Bryan que estava a alguns metros de nós, agarrado à Reed, assim como o Dom – Já não nos vamos chatear por causa de um rapaz. Eu sei que também o amas.
- Pára. Pára de falar. Estás a cansar-te. – levantei novamente a cabeça mas agora a olhar em volta – Onde é que está a merda da ambulância?
- Não me percas e a ele também.
Baixei novamente o olhar para a Deborah e foi nesse momento que vi. Pela primeira vez na minha vida assisti a como era ver a vida de alguém a desaparecer dos olhos.
- Deborah. Deborah! – pressionei a ferida com mais força – Não me deixes, Deborah!
Larguei-a e sentei o rabo nos calcanhares enquanto sentia as minhas calças a ficarem ensopadas de sangue debaixo de mim.
**
Estava sentada naquela cadeira desconfortável mas apesar de saber onde me encontrava, parecia que não estava lá. Parecia um sonho. Sim, estava a sonhar, era isso.
Mas eu sabia que não era. Não sei quanto tempo passou nem como aconteceu mas de repente já estava em pé à frente da cova, abraçada a mim própria enquanto via baixarem o caixão da minha irmã. O caixão da minha irmã.
A multidão começou a dispersar-se quando o coveiro começou a tapar o buraco com a terra que tinha tirado. Eu limitei-me a ficar no mesmo sítio. O que é que ia fazer? Ia para casa onde para onde quer que olhasse via a minha irmã morta?
Despedi-me da Reed e do Dom e depois de eles se afastarem eu limitei-me a continuar parada ali, a ver o coveiro trabalhar.
- Devlin. – olhei por cima do ombro quando ouvi a voz do Bryan.
- Não estou com paciência, Bryan.
- A tua irmã morreu ontem e tu não falaste com ninguém desde aí. Acho que precisas de falar com alguém.
- E porque é que hei de falar contigo?
- Porque eu era o melhor amigo dela e sou teu amigo. – ri-me – O que é que foi?
- Ela estava apaixonada por ti. – ele sabia que eu não ia deixar de olhar para o local onde a Deborah estava por isso caminhou até ficar ao meu lado.
- Eu sei, ela disse-me. Sempre que uma rapariga começa a sentir alguma coisa por mim eu afasto-a. Mas era a Deborah. – olhei para ele e vi-o sorrir – Quando a Reed nos apresentou ela era a rapariga mais tímida que eu conheci em toda a minha vida e por mais estranho que pareça, nunca a vi como vejo as outras raparigas. Fiquei feliz quando começámos a ser amigos em vez de termos alguma coisa romântica. Ela era a minha melhor amiga, Devlin.
- Agora está morta por causa de mim. – abanei a cabeça para tentar afastar as lágrimas – Estúpida, estúpida. – fechei os olhos com força – Sabes o que é que ela disse antes de morrer? Que estava feliz por ser ela a morrer, porque não ia conseguir viver sem mim mas sabia que eu conseguia viver sem ela. Eu não consigo viver sem ela, Bryan. E claro que antes de morrer tinha que se armar em casamenteira.
O Bryan voltou a sorrir ligeiramente – O que é que ela disse?
Desviei o olhar e encolhi os ombros – Disse que tu estavas apaixonado por mim. E que agora que ela estava morta não a podia perder a ela e a ti.
- Dev, eu sei que não é uma conversa para ter agora mas que se lixe. Tal como senti com a Deborah que a única coisa séria que queria ter com ela era uma relação de amizade bastante forte, à medida que passámos mais tempo juntos e que nos fomos conhecendo eu percebi que sim, estava apaixonado por ti. Ainda estou.
- Eu sei. – assim que o coveiro acabou e se foi embora, caminhei até à sepultura da Deborah e fiquei parada em frente à mesma. Deborah Parker-Winston. 1995-2014. Amada pela família e amigos. – O que me fez afastar de ti foi o que eu sentia por ti. Nunca fui de me apegar às pessoas mas contigo foi diferente. O que eu senti por ti, nunca tinha sentido por ninguém. E pela primeira vez na minha vida estava feliz até que a minha irmã me disse que estava apaixonada por ti. Ela tem razão, nós podemos ficar juntos agora mas não está certo.
- Devlin, eu sei que com tudo o que estás a passar é um tempo difícil e não te estou a pedir para começarmos a namorar, estou a pedir para estarmos juntos, para tentarmos que resulte.
Olhei para ele e suspirei – Não vai resultar, Bryan. Não consigo estar com o rapaz de quem a minha irmã morta gostava, por mais que te ame. E além disso, o verão está a acabar, eu vou voltar para França. – aproximei-me dele e parei quando ficámos frente a frente – Arranjas melhor que eu, prometo. Se a minha própria irmã acha que eu fico bem sem a ter aqui, é porque eu sou demasiado fria para ficar com quem quer que seja. – estiquei-me até conseguir beijar-lhe a bochecha e antes que ele dissesse alguma coisa que me conseguisse convencer a esquecer tudo o que eu já tinha dito, arranjasse um argumento para eu ficar e ficar com ele, lancei um último olhar à campa e afastei-me dele, saindo do cemitério.
Este capítulo fui muito maior do que os anteriores mas espero que não tenham perdido a paciência e tenham deixado de ler a meio. Aconteceu muita coisa aqui.. tenho a certeza que muitas de vocês não estavam à espera que isto acontecesse mas bem eu queria drama e desde o início da história que tinha decidido que uma das gémeas ia morrer, depois acabei por optar pela Deborah por causa deste final, da personalidade da Devlin e do facto de até a própria irmã achar que para ela a morte de alguém é mais fácil de lidar.
Posso dizer-vos que deprimi bastante a escrever a morte dela assim como a conversa da Devlin e do Bryan mas pronto.. life is a bitch.
Espero que tenham gostado apesar de tudo e no sábado é o último capítulo, um segundo epílogo. Beijinhos c:
Eu sabia que não tinha sido a semana mais produtiva a todos os níveis mas a nível de sono, não podia queixar-me apesar de tudo. Isso era o que eu achava mas estava enganada. Dormir novamente com o Dom fez com que esta fosse a melhor noite de sono que eu tinha à bastante tempo.
Dormi tão bem que a pessoa que me estava a tentar acordar já devia de o estar a fazer à tanto tempo que já estava impaciente e chateada – Reed, acorda.
Levantei a cabeça do peito do Dom e esfreguei os olhos, vendo-o a fazer o mesmo. Juntei as sobrancelhas quando vi a Cheryl a olhar para mim, juntamente com a Jennifer que se encontrava à porta do meu quarto. Aquilo era demasiada preocupação para ser por eu ter dormido com o Dom, para além de que elas já sabiam que isso ia acontecer.
- O que se passa? – perguntei com a voz ligeiramente ensonada mas a sentir-me muito bem e cheia de energia.
- A Devlin ligou. A Deborah… foi raptada. Não percebi bem o que se passou, ela estava demasiado nervosa para se explicar como deve ser mas pediu para ires lá a casa.
Ela ainda não tinha acabado a frase e já eu e o Dom estávamos a sair da cama para nos vestirmos. A Deborah raptada? Mas que raio? Dei voltas à cabeça e lembrei-me da história que elas me tinham contado sobre a mãe, o ex-marido do Texas. Só podia ser isso.
Acho que nunca me tinha vestido nem tomado o pequeno-almoço tão rápido como fiz desta vez porque passado dez minutos de nos levantarmos da cama já estávamos prontos e a entrar no carro.
- Manda mensagem ao Bryan. Ele tem de saber também.
- Não sei se é boa ideia, Dom… Eu sei que ele é o melhor amigo da Deborah mas ele vai querer ir e a Devlin… Vou mandar mensagem mas se ele aparecer lá em casa tu é que levas com a responsabilidade.
Tive de trocar umas quantas mensagens com o Bryan até ele perceber que eu não estava a gozar quanto à Deborah ter sido raptada e quando ele finalmente acreditou, prontificou-se logo a ir até ao rancho dos Parker para ajudar no que pudesse, tal como eu temia. Toda a ajuda ia ser necessária, mesmo que deixássemos a procura da Deborah para a polícia (coisa que eu seriamente duvidava), era preciso acalmar os ânimos em casa e ajudar no que fosse preciso. Mas depois do que tinha acontecido entre eles, ter o Bryan e a Devlin debaixo do mesmo teto? Hmm…
- Reed, querida, ficamos felizes por teres vindo. – abracei a Molly com força antes de entrar em casa dos Parker. Ouvi a Molly e o Dom a cumprimentarem-se atrás de mim mas não prestei grande atenção porque o meu olhar estava parado na minha melhor amiga.
A Devlin encontrava-se no sofá da sala, era a única ali, todos os outros estavam na cozinha, o que se percebia pelo barulho que vinha dessa divisão. O que me fez reparar nela não foi o facto de estar sozinha mas sim o estado em que se encontrava. Nunca a tinha visto assim, nunca. As lágrimas escorriam-lhe pelas bochechas e tinha umas olheiras gigantes, de certeza que não tinha dormido nada de noite. Claro que até a Molly estava num estado horrível mas a Devlin estava ainda pior.
- Dev. – aproximei-me dela e abracei-a com força.
- A culpa é minha, Reed. – apertei-a com mais força enquanto olhava para o Dom que estava a olhar para nós com o seu ar preocupado – Eu devia ter ido com ela, eu disse que ia com ela mas ela não quis. Mas eu devia ter ido na mesma.
- A culpa não é tua. Se tivesses ido com ela o mais provável era eles terem levado as duas.
- Ela deve estar tão assustada… - limpei as lágrimas da Devlin assim que ela se desencostou de mim – Pelo menos eu estava com ela e podia acalmá-la mas assim… ela está lá sozinha.
- Devlin. – olhámos todos para a entrada da sala de estar onde o Bryan se encontrava – Lamento muito. – ela assentiu com a cabeça e levantou-se do sofá. Por momentos achei que lhe fosse dar um estalo ou algo do género mas em vez disso, deu-lhe um abraço rápido antes de caminhar até à cozinha.
- Molly nem penses. – ouviu-se assim que chegámos. Tanto o Dan como o Billy tinham falado ao mesmo tempo.
- Ele quer que eu vá sozinha, ele vai perceber que for mais gente. Tenho de tirar a Deborah de lá.
- Mãe, não vais fazer o que aquele psicopata quer. – uma das coisas que eu mais admirava na Devlin era o facto de ela ter um enorme controlo, algo que ela tinha tirado aos pais – A Deborah disse que é numa fábrica abandonada, não há muitas fábricas abandonadas aqui na zona.
A prima mais velha da Devlin reapareceu na cozinha com um mapa na mão – Há quatro.
- Podemos dividir-nos e procurar. – disse o Dan mas a Molly abanou a cabeça – Não o vou deixar ficar com a nossa filha ou contigo, está fora de questão. Dividimo-nos e estamos sempre com os telemóveis. Assim que encontrarmos a fábrica ligamos uns para os outros e para a polícia. Já fizemos muitas apreensões deste tipo só nós os dois mas é a nossa filha.
Em cinco minutos dividiu-se a família em grupos: o Dan e a Molly iam a uma das fábricas, o Billy e a Becca iam a outra e nós os quatro a outra. Os primeiros a despacharem-se iam à última fábrica. E apesar de muito a contra-vontade, a Hailee ficava em casa a tomar conta da sua irmã e irmão.
A viagem até à fábrica que nos estava destinada foi feita em completo silêncio o que fez com que parecesse que esta demorava ainda mais tempo do que o real. E quando finalmente chegámos à fábrica, o Dom estacionou o carro numa zona um pouco afastada e escondida porque se estivéssemos na fábrica certa tínhamos que passar despercebidos antes que dessem pela nossa presença.
- Wow, wow. – olhei para trás quando ouvi a voz do Bryan e foi ai que vi que a Devlin já tinha saído do carro também e trazia na mão a sua glock na mão.
- Vê se mesmo que não conheces os Parker. – disse continuando a andar em direção à fábrica. Quando a Molly e o Dan tinham começado a ensinar as gémeas a usar armas, eu também tinha tido algumas aulas. Podia ser algo que não fazia parte da educação de todas as crianças mas elas eram filhas de dois ex-polícias e até o tio delas era ótimo com armas, devido ao seu trabalho no rancho.
Aproximámo-nos calma e silenciosamente da fábrica e tenho que admitir que à medida que o edifício ficava mais próximo, eu sentia o meu coração a bater mais depressa no meu peito. A minha melhor amiga tinha sido raptada e nós podíamos estar a aproximar-nos do sítio onde ela se encontrava. Com o agressivo e psicopata ex-marido da mãe dela que tinha de certeza montes de homens armados. Não tens nada com que te preocupar, Reed.
Agarrei na mão do Dom que estava à minha frente assim que chegámos à parede da fábrica. Ele olhou para trás e sorriu-me o que me acalmou ligeiramente mas mesmo assim continuava preocupada, claro. Entrelaçámos os nossos dedos e por momentos os meus pensamentos afastaram-se dali.
- Sobe para os meus ombros. – disse o Bryan à Devlin e eu olhei para cima do sítio onde eles se encontravam, percebendo que havia ali uma janela – Vocês vão até lá à frente ver se vêem alguma coisa.
Continuei de mão dada com o Dom enquanto caminhávamos encostados à parede da fábrica, sempre perto de algo que nos pudesse tapar caso aparecesse alguém. Quando a parede lateral da fábrica chegou ao fim, não foi preciso darmos um passo para a frente para ver a entrada para sabermos que estávamos na fábrica certa. Fábricas abandonadas não tinham pessoas a falar à entrada, ainda mais pessoas a dizer o que iam fazer com o dinheiro do rapto da gaja.
Engoli em seco e assim que o Dom me fez sinal com a cabeça, caminhámos de volta para onde tínhamos vindo.
- Não consegui ver nada. Vocês descobriram alguma coisa? – perguntou a Devlin assim que chegámos novamente ao pé deles.
- É aqui. – disse-lhe – Ouvimos vozes na parte da frente e estavam a falar da Deb.
- Vou ligar aos meus pais.
Graças a deus ela não disse para entrarmos nós os quatro. Ela era bem capaz disso mas nós precisávamos de ajuda. A Molly, o Dan e até o Billy. E claro… a polícia. Por amor de deus, que eles trouxessem a polícia.
Adorei que vocês ficassem totalmente apanhadas de surpresa com o caminho que a história seguiu porque era mesmo isso que eu queria, que a história não fosse super cliché e previsível e ainda bem que isso não aconteceu.
A história está quase no fim, este é o último capítulo agora só faltam dois epílogos sendo que um é muito grande e ainda estou a ponderar se o divido ou não, o que é que vocês acham? Têm paciência para ler um capítulo um bocado maior?
E claro, quais são as vossas previsões do que vai acontecer? A porra agora ficou séria e estão todos a aproximar-se de terrenos perigosos... vamos ver o que acontece...
Obrigada pelos vossos comentários e por serem umas leitoras maravilhosas!
Depois de sair do quarto da minha irmã e ir para o meu, demorei mais tempo a adormecer que o costume. Podia ser uma parvoíce ou estar a ser paranóica mas estava seriamente preocupada. E foi por isso que não dormi quase nada essa noite.
Acho que pela primeira vez em muito tempo, quando me levantei da cama e desci para a cozinha, não fui a primeira a acordar. A Devlin já se encontrava sentada numa das cadeiras a trincar uma torrada, com umas olheiras debaixo dos olhos que demonstravam que tal como eu não tinha tido uma das melhores noites da sua vida.
- Já cá estão as duas. – disse a minha mãe enquanto se apoiava no balcão de mármore e deixava um espacinho para que o meu pai se juntasse ao seu lado – Já podem dizer o que raio é que se está a passar?
- É a Deborah que tem de contar.
E foi assim que os olhos dos três se puseram em mim. Mordi o interior da bochecha nervosamente e sentei-me ao lado da minha irmã, agarrando na chávena de café que se encontrava mesmo à minha frente – No início do verão quando fomos todos ao festival da praia, um homem veio contra mim. E ontem quando fui ter com o Bryan vi esse homem outra vez. – bebi um pequeno gole de café e voltei a pousar a caneca na mesa – Se calhar não é nada…
- E se calhar é. – a voz do meu pai tomou aquele tom grave de quando ele estava preocupado e o olhar da minha mãe desceu para a bancada da cozinha antes de voltar a olhar para nós.
- Tenham cuidado, está bem? – pediu ela já a pensar naquilo que eu e a Devlin tínhamos pensado na noite anterior, o passado dela a meter-se no nosso presente – Nós vamos tentar perceber se se está mesmo a passar alguma coisa e até pode não ser nada mas até termos a certeza absoluta disso, tenham cuidado.
Assentimos as duas com a cabeça e de seguida vimos tanto o meu pai como a minha mãe a saírem da cozinha. Sentia-me culpada por os estar a preocupar com algo que podia não ser nada.
- O que é que vais fazer hoje?
- Devlin, não tens de andar atrás de mim. Estou a falar a sério.
- Só se prometeres que vais ter o telemóvel sempre à mão e caso vejas esse homem de novo ou tenhas alguma sensação errada me ligas logo. – quando eu revirei os olhos e assenti com a cabeça, ela encolheu os ombros – Então eu não ando atrás de ti.
Sorri e beijei-lhe a bochecha antes de voltar a subir para o meu quarto para me vestir para sair. Não tinha combinado nada com o Bryan ou com a Reed e ainda bem porque precisava de um tempinho sozinha.
Estacionei o meu carro num lugar livre e comecei a minha caminhada pelas ruas que eu já conhecia como a palma da minha mão. Mesmo vivendo quase na outra ponta da cidade e bastante isoladas, eu, a Dev e a Reed sempre tínhamos gostado de passear e conhecer todos os cantos e recantos da cidade.
Ia tão distraída a olhar em volta que fui contra uma pessoa – Desculpe. – pedi rapidamente.
- Não faz mal. – fiquei totalmente estática ao ouvir aquela voz e quando levantei o olhar para a pessoa senti um arrepio na espinha. Era o homem. E foi naquele momento que percebi que não podia ser uma coincidência. Eram muitas coincidências juntas – Tu estás bem?
Assenti com a cabeça e esforcei-me por sorrir mas tinha a certeza que pareceu tudo menos um sorriso, a Devlin é que era boa a mentir, não eu – Estou sim, ia distraída e não o vi, peço desculpa. – pedi novamente enquanto tirava o meu telemóvel do bolso – Bem, tenha um resto de bom dia.
SOS. Vi-o outra vez, veio contra mim. Rua principal. Dev, tenho medo.
Continuei a caminhar pela rua principal, andando o mais depressa que conseguia sem parecer uma maluca ou sem parecer suspeita. Precisava de entrar num café ou algo sítio público com bastante gente, assim ele não poderia fazer nada.
Mas não tive tempo de o fazer porque por todas as lojas por onde passava a maioria ainda estava fechada. O problema de ser domingo de manhã.
- Onde é que vais, Deborah? – ouvi a voz do homem atrás de mim e virei-me para ele enquanto olhava em volta à procura de alguém que me ouvisse caso eu começasse a gritar por socorro mas as poucas pessoas que tinham estado a circular pela rua tinham desaparecido uma vez que eu ia demasiado distraída para perceber que já não estava na rua principal mas sim numa das secundárias.
- O que é que quer? – perguntei tentando que a minha voz não tremesse.
Acho que ele mexeu a boca para me responder mas eu não cheguei a ver nada. Alguém apareceu atrás de mim, senti um pano na boca e no nariz e a minha visão começou a ficar turva até ficar mesmo tudo preto.
Não sei quanto tempo se passou ou o que aconteceu nesse tempo, a única coisa que sabia assim que abri os olhos foi que estava num sítio totalmente estranho e que se antes estava assustada, agora estava completamente apavorada.
Sentia as mãos presas atrás das costas, de certeza com corda porque os meus pulsos já estavam a doer e as pernas presas às pernas da cadeira onde me encontrava. Quando parei de analisar como me encontrava, percebi que não estava ali sozinha e não tinha a certeza se a pessoa que lá se encontrava tinha lá estado este tempo todo ou se tinha aparecido entretanto. Não importava.
- Olá, Deborah. Não deves saber quem eu sou. O meu nome é Jake Colton. Lamento que tenhas de estar aqui quando isto não te diz respeito mas sempre ouvi dizer que os filhos herdam dos pais.
- O que é que quer? – perguntei enquanto tentava manter a calma. Tinha conseguido mandar mensagem à Devlin pelo que ela sabia que se passava alguma coisa só não sabia onde me encontrar mas… eles iam resolver isso, eles resolviam sempre o assunto.
- A tua mãe fugiu de mim, Deborah. Eu pensei que conseguia suportar isso e viver sem ela mas não consigo, amo-a de mais. – revirei os olhos – Acredito que ela te tenha contado coisas mas não são verdade. Eu amo a tua mãe, nunca lhe faria mal.
- Bem, desculpe mas acredito mais na minha mãe do que em si que acabou de me raptar.
- Tudo bem, eu percebo. Não preciso da tua opinião preciso simplesmente que ligues à tua mãe. – o sorriso que ele me mostrava deixou-me ainda mais assustada que antes porque sabia que aquela conversa com a minha mãe não era para dizer que ele me ia deixar voltar para casa, pelo contrário.
Olhei para o meu telemóvel quando percebi que o Jake o tinha na mão e ficámos a ouvir o som de chamar até que alguém atendeu, alguém muito em pânico, a minha mãe.
- Deborah? Deborah, querida, o que se passou?
- Olá, Molly. – o sorriso que o Jake voltou a mostrar fez-me arrepiar completamente – A Deborah está aqui mas antes de falares com ela tens de falar um bocadinho comigo.
- Seu filho da puta, se mexes num cabelo da minha filha, estás morto! Ouviste, Jake? Morto!
- Dan, foi muito bom ouvir a tua voz mas quero falar com a Molly, não contigo.
- O que é que queres, Jake? Deixa a minha filha em paz, ela não tem nada a ver com isto. – encolhi-me mais de nojo do que de medo quando ele se aproximou de mim e com a mão que não segurava o telemóvel, tocou no meu cabelo.
- Mas ai é que te enganas, Molly. Ela tem tudo a ver connosco. Ela devia ser a nossa filha. Ela e a irmã. Tinha esperanças de apanhar as duas mas uma é bom na mesma.
- Mãe, é uma fábrica abandonada! – gritei o mais alto que conseguia – Protege a Devlin!
Calei-me assim que levei um estalo. Engoli em seco e fechei os olhos enquanto o ouvia a rir-se - Bem, bem. Ela é mesmo tua filha, Molly. Tem a mesma paixão que tu. Fazemos assim, vou mandar-te mensagem com o local onde quero que tu apareças. Vens sozinha e eu solto a tua filha, vens acompanhada e ela morre. Amo-te querida.
A chamada foi desligada e eu só conseguia ouvir o meu coração a bater tão alto que parecia um tambor.
Este capítulo é um bocado para o intenso, principalmente o final. Até agora a história era super banar, duas irmãs e um rapaz mas agora as coisas tomaram um rumo totalmente diferente.
Espero que gostem do capítulo apesar de não ser bem um capítulo para gostar e.e obrigada por todos os vossos comentários e por estarem a seguir a história, é muito importante para mim! Beijinhos s2