Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Trece

por Joanna, em 29.08.15

c13.gif

Não falei com ninguém sobre o sonho que tinha tido; nem com a Meg, nem com o meu pai ou com a Kendra. Era uma idiotice, era apenas um sonho e não valia de nada falar sobre ele e deixar toda a gente preocupada. Não queria voltar a sentir-me uma boneca de porcelana que não podia fazer nada sem que estivesse a ser constantemente vigiada. Estava em Espanha, tinha um oceano a manter-me longe do Theo e aquilo não tinha passado de um sonho, ponto.

Apesar da Megan ter dito que queria falar comigo sobre a situação dela com o Santiago, não voltámos a falar sobre isso, pelo menos não muito. Eu disse-lhe que estava longe de concordar com aquela decisão mas era uma decisão dela, ela é que decidia em quem confiar e com quem estar e mesmo não concordando eu tinha de apoiar isso só lhe tinha pedido que ela não esperasse que eu ficasse radiante sempre que estivéssemos todos juntos.

E assim o fim-de-semana tinha chegado ao fim, trazendo de volta as aulas, trabalhos e estudo. Mas como isso envolvia também que eu voltasse a ver o Martin, todos aqueles pensamentos menos bons foram rapidamente atirados para debaixo do meu tapete mental.

- Então é assim. – juntei as sobrancelhas quando o Martin se sentou ao meu lado na disciplina que tínhamos em conjunto – O restaurante dos meus pais está finalmente pronto depois da extensão e esta noite é a reabertura. – ele sorriu daquela forma tão adorável que era impossível não sorrir de volta – Como é óbvio não me podes deixar ir sozinho.

- Isso é um convite?

- Bem… apanhaste-me… - sorri ao ver a sua expressão naquele momento – Vou ser sincero, eu sou péssimo nestas coisas mas basicamente estou a tentar convidar-te para um encontro.

Ri com aquilo que ele disse e abanei a cabeça – Não é assim tão difícil. Só tens de dizer “Sky, queres jantar comigo esta noite?” que eu chego à parte do encontro sozinha.

- Muito bem. – ele voltou a sorrir, fazendo-me imitar aquele gesto enquanto sentia uma impressãozinha na barriga – Sky, queres jantar comigo esta noite? É um encontro e espero que aceites, ia ficar muito feliz se aceitasses.

- Claro que aceito. – respondi rindo – Estava aceite assim que falaste no restaurante dos teus pais.

- Espertinha. Vou buscar-te às sete, está bem? – assenti com a cabeça o que o fez sorrir novamente.

Estava prestes a voltar a minha atenção para o meu caderno quando o Martin se aproximou de mim. Rapidamente a impressão que estava a sentir na barriga tornou-se praticamente insuportável à medida que sentia todo o calor do meu corpo a subir para as minhas bochechas. Não nos conhecíamos assim há tanto tempo mas era impossível não me sentir bem perto do Martin e acima de tudo, ele era exatamente o tipo de rapaz que precisava na minha vida, era isso que continuava a martelar na minha cabeça.

- Agora não vou conseguir pensar noutra coisa que em logo à noite. – o sorriso continuava nos seus lábios à medida que ficávamos cada vez mais próximos. Os lábios do Martin aproximaram-se bastante mas em vez de me beijar como eu estava à espera, deu-me um beijo na bochecha. Na bochecha. Naquele momento estava cheia de pensamentos contraditórios. Estava a sentir-me uma idiota por ter esperado que ele me beijasse mas ao mesmo tempo sentia-me feliz por ele ser mesmo diferente do tipo de rapazes a que estava habituada.

- Bem, é melhor pensares noutra coisa porque ainda falta muito para as sete. – disse mal consegui recuperar do que tinha acabado de acontecer.

- Olá meninos. – olhei para o lado ao ouvir a voz da Lola e sorri-lhe em forma de cumprimento – Não estou a interromper nada pois não?

- Não. – respondi acrescentado para mim mesma um infelizmente – Não te preocupes.

**

Apesar de estarmos a tentar viver com a grande divergência que de momento havia entre nós, não era difícil perceber que as coisas entre mim e a Megan estavam muito más.

Tinha-lhe contado do encontro com o Martin e ela tinha querido ficar comigo para me ajudar a escolher a roupa e a arranjar, coisa que eu estava bastante entusiasmada em fazer com ela até ela receber uma mensagem do Santiago. Ela tinha dito que lhe ia responder que não podia ir ter com ele naquela noite mas o mal já estava feito e a minha vontade de passar aquele tempo antes do meu encontro com ela desapareceu completamente pelo que ela acabou mesmo por ir ter com ele.

- As coisas entre vocês estão assim tão más hm?

Desviei o olhar do meu roupeiro para a Lola que se encontrava deitada na minha cama – Há muita coisa para trás, muita coisa que a Meg sabe e que a faz perceber o como tudo isto é mau. Mas ela parece ter perdido completamente a noção das coisas. Eu sei que ele é teu irmão mas…

- O Enzo e o Santiago são meus irmãos e eu adoro-os mais do que tudo mas não tens de pedir desculpa quando estás a dizer a verdade sobre eles. Eles andam metidos em coisas más e adoram arranjar problemas mas na verdade não são maus rapazes, a sério que não. Mas eu percebo que te custa, mesmo não sabendo a história toda, consigo perceber o quanto isto te afeta mas a Meg está feliz e nós também devíamos estar.

Assenti com a cabeça sabendo que tudo aquilo era verdade mas sem conseguir mudar a minha opinião a cem por cento. Tinha medo que a Megan estivesse a fazer o exato caminho que eu tinha feito e que as consequências fossem iguais ou piores que as minhas. E era isso que me custava tanto.

- Preciso de ajuda. – sentei-me na ponta da minha cama que era a única parte desocupada pela Lola – Não faço ideia do que vestir. E já são quase sete.

- Muito bem, vou entrar em acção. – atirei-me para trás assim que ela se levantou da cama e fiquei a olhar para a Lola enquanto ela se dirigia até ao roupeiro e dava uma volta ao mesmo para ver todos os vestidos que eu tinha e escolher o apropriado para aquela noite – Bem, parece que temos um vencedor.

Apoiei-me nos cotovelos e fiquei a olhar para o vestido vermelho que ela tinha nas mãos. Era um dos meus preferidos mas tinha medo que fosse um pouco exagerado de mais. Mas tendo em conta que para além de ser um encontro com o Martin tratava-se da reabertura do restaurante dos pais dele e muito possivelmente do meu primeiro encontro com eles, aquela era mesmo a escolha ideal.

- Parece que sim. – concordei com um sorriso enquanto me levantava, despindo de seguida a camisola larga que tinha vestido e colocando-me dentro do vestido vermelho. Depois da Lola me ajudar a apertar o mesmo, caminhei até à casa de banho para arranjar o cabelo e tratar da maquilhagem. Estava a acabar de apertar os sapatos de salto alto quando se ouviu uma batida na porta – Entra.

Meti-me direita e fiquei automaticamente sem respiração quando o Martin entrou na pequena divisão. Estava de fato e gravata o que lhe dava um ar totalmente diferente do seu aspeto habitual mas longe de ser no mau sentido.

- Uau.

- A Megan não está cá por isso vou ter de ser eu a fazer de Cúpido. – disse a Lola atrás de mim – Vocês estão… acho que nem existe palavra para descrever como vocês estão. E parecem o casal do ano.

O Martin riu-se, mantendo o olhar fixo em mim o que só me fez sentir com as bochechas tão vermelhas como a cor do meu vestido – Estás mesmo bonita. – tentei controlar-me e comportar-me decentemente mas estava cada vez a ser mais difícil – Vamos?

Assenti com a cabeça e agarrei na minha bolsa – Obrigada Lola. – agradeci e recebi de volta um polegar levantado e um oh meu deus que brasa silencioso – Até amanhã.

- Até amanhã Lola.

- Bom jantar! – acrescentou ela quando já tínhamos passado a porta do meu quarto.

Sorri apesar de ela já não me conseguir ver e mantive o meu braço entrelaçado no do Martin, enquanto nos afastávamos do meu quarto e caminhávamos pelo corredor dos dormitórios femininos em direção ao exterior do mesmo. Assim que saí do edifício a realidade caiu em mim. Eu ia a um encontro. Com o Martin. Certo, era mesmo isso que eu queria: afastar-me do Enzo e de todos esses rapazes que só viriam dar-me problemas e também esquecer aquele sonho horrível com o Theo. Mas… mas nada, eram só os nervos de não fazer isto há muito tempo e do facto de na última vez que o tinha feito as coisas tinham corrido pessimamente.

- Estás muito calada. – constatou o Martin assim que chegámos até ao sítio onde ele tinha estacionado o carro, local que felizmente não ficava muito longe do edifício porque com os saltos que eu levava se tivesse de andar muito dava-me uma coisinha má – Se quiseres podemos ficar por aqui. Ou se tiveres mudado de ideias e não quiseres vir a um encontro comigo bem, isso também se resolve.

Estava prestes a entrar no carro quando ele falou e assim que o Martin se calou, levantei o olhar para ele e foi impossível não sorrir. Ele era sem dúvida aquilo que eu precisava, aquilo que eu queria. Sempre que estava com ele não conseguia ficar sem sorrir, ele tinha esse efeito em mim, e era sempre tão querido e compreensivo que era impossível resistir-lhe.

- Não estou arrependida de nada e quero ir ao restaurante dos teus pais. Não podes faltar à festa de reabertura. – ele abriu a boca e eu sabia que era para dizer que caso eu quisesse ficar ali, ele ficaria também – A sério, nós vamos. Estava calada porque estava a tentar não cair e partir o pescoço com estes saltos. – disse rindo – Tenho mais jeito para as sapatilhas e para sapatos rasos do que para isto.

O Martin riu-se também antes de assentir com a cabeça – Muito bem, já percebi qual é o problema. Nesse caso prometo-te que não vamos andar muito no restaurante e que não vou largar o teu braço.

- Muito obrigada. – agradeci soltando mais uma gargalhada antes de entrar no carro.

**

O restaurante dos pais do Martin ficava na baixa de Madrid e um dos sítios mais bonitos que eu já tinha visto na minha vida. O espaço era enorme agora que as obras estavam concluídas e tinham aumentado de tamanho mas isso não era o único motivo daquele sítio ser tão espectacular. A decoração era tão bonita e brilhante, fazia lembrar aqueles contos de fadas que as nossas mães nos contam em crianças. Eu sei que devia já estar habituada a este tipo de coisas sendo filha de um embaixador mas a verdade é que aquele local era simplesmente majestoso.

Assim que entrámos no restaurante foram várias as pessoas que nos vieram cumprimentar, bem vieram cumprimentar o Martin, eu fui a reboque por ser a acompanhante dele. O meu olhar parou num casal que tal como nós era cumprimentado por imensas pessoas o que – para além de existirem várias parecenças entre eles com o Martin – me fez concluir que eram os pais dele.

- Anda comigo. – pediu o Martin ao meu ouvido quando nos vimos finalmente livres de todos os que nos queriam dizer boa noite.

Senti que ia desfalecer naquele momento mas ao mesmo tempo tentava preparar-me psicologicamente para ir conhecer os pais do Martin e a última coisa que queria naquele momento era desmaiar para cima de um deles, seria demasiado vergonhoso.

- Estou a ir. – murmurei tentando não me engasgar naquela frase enquanto fazia um esforço enorme para caminhar atrás dele e não cair com aqueles saltos. Que ideia tinha sido a minha de calçar aquilo? Quando estávamos a poucos metros do casal, eu já a preparar-me para me apresentar e tentar soar o mais normal possível, a mão que o Martin me dava puxou-me para o lado oposto – O que é que estamos a fazer? – perguntei e em resposta recebi apenas um sorriso.

 

Tomei uma decisão esta semana e é a seguinte, vou passar a publicar apenas aos sábados. Espero que compreendam porque com as aulas prestes a começar e eu tendo poucos capítulos adiantados (para além de que quando a universidade começar o meu tempo no computador vai ser muito menor tanto para escrever como para vir postar capítulos tantas vezes) e daí a minha decisão.

Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar! Beijinhos e obrigada c:

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

publicado às 18:24


1 comentário

De Sara a 31.08.2015 às 20:13

Tenho de me atualizar, acho que fiquei no capítulo 4!
Depois digo tudo o que achei, don't worry :)

Comentar post