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Veintiséis

por Joanna, em 19.12.15

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Uma viagem de carro com a duração de quase cinco horas parece bastante entusiasmante na primeira meia hora de viagem, em que estão todos bastante empolgados com o facto de irmos mesmo passar uma semana longe de casa, sem família, problemas ou aulas; mas depois dessa meia hora, só queremos chegar o mais rápido possível ao nosso destino ou no caso da maioria, acabas por adormecer e não dás por absolutamente mais nada.

Acordei com o solavanco da entrada numa estação de serviço quando a meio do percurso o Santiago se fartou de ser o condutor designado e quis trocar com alguém. Como a Lola e o Diego continuavam a dormir no banco de trás, o Enzo disponibilizou-se, um pouco a contra gosto, para conduzir o resto da viagem, e uma vez que o Santiago ia passar para o banco onde o irmão se encontrava anteriormente, a Meg quis ir para perto dela e desta vez não fiz qualquer comentário sobre a relação deles porque sinceramente a última coisa que queria era passar as duas horas de viagem que ainda faltavam ao lado da pessoa que me odiava de morte naquela carrinha.

Andar de carro deixava-me bastante ensonada mas estando no lugar da frente e com todos os outros passageiros a dormir, achei que seria uma má opção dormir também e deixar o Enzo sozinho a conduzir; a viagem era feita maioritariamente por auto-estrada o que conseguia ser bastante cansativo para além de que já tinha anoitecido e a última coisa que precisava era que tivéssemos um acidente.

- Vamos dormir juntos.

Olhei por cima do meu ombro para os bancos atrás de mim onde constatei que o Diego e a Lola continuavam adormecidos e que o Santiago e a Megan se tinham juntado a eles. Voltei a olhar para o Enzo e assenti com a cabeça.

- Depreendi isso já que vimos aos casais. A não ser que queiras dormir com o Diego para o manter longe da tua irmã. – acrescentei em tom de provocação.

- Confesso que ainda me custa um bocado pensar na minha irmã com alguém mas pelo menos é o Diego por isso fico mais descansado. – dei-lhe um encontrão no braço e apontei para a frente quando o Enzo desviou o olhar da estrada para olhar para mim com aquele seu sorriso – E não vou perder a oportunidade de dormir contigo durante uma semana.

Mordi o lábio inferior assim que aquela imagem me passou imediatamente pela cabeça. Depois de uma semana em que tinha estado tão afastada do Enzo por mais que me tentasse aproximar, pensar no facto em que íamos passar uma semana juntos, bastante juntos, deixava-me com a barriga às voltas.

- Eu só vim mesmo para te fazer a vontade. – respondi prontamente e revirei os olhos quando o vi sorrir novamente.

- Tinha saudades tuas. – voltei a olhar para ele assim que falou e senti novamente a minha barriga às voltas com aquelas suas palavras – E estou mesmo contente que tenhas vindo.

Senti os cantos dos meus lábios subirem para um sorriso – Eu também estou contente por ter vindo.

Durante os minutos seguintes o carro ficou em completo silêncio, à excepção do rádio que continuava a tocar mas num volume tão baixo que mal se percebia as músicas que passavam ou o que os locutores diziam. Eu queria dizer alguma coisa, falar sobre tudo o que já tinha acontecido entre nós e sobre o qual não tínhamos chegado a trocar qualquer palavra mas parecia que tinha a garganta presa sempre que o queria fazer. Apesar de tanto o meu corpo como a minha mente parecerem já ter chegado a acordo que não se conseguiam afastar do Enzo, ainda assim tinha bem vivas as cicatrizes do passado e parecia ter algumas das muralhas de protecção bem levantadas.

- Tenho as mãos geladas. – murmurou ele, retirando as mãos do volante para soprar para os dedos – A minha mãe bem disse que aqui não era assim tão quente nesta altura.

Antes de saber muito bem o que é que estava a fazer, agarrei na mão do Enzo que se encontrava mais próxima de mim e fiz aquilo que ele estava a fazer anteriormente, soprando-lhe para os dedos para os tentar aquecer. Senti o olhar dele posto em mim novamente, tão apanhado de surpresa com a minha acção como eu, e voltei a apontar com a cabeça para a estrada para que ele prestasse atenção ao percurso antes que nos espetássemos algures e morrêssemos todos. Mordi o meu lábio inferior antes de entrelaçar os nossos dedos e colocar a mão do Enzo no meio das minhas pernas.

- Pára de sorrir, estúpido. – murmurei enquanto olhava para a estrada mas sabendo perfeitamente que o Enzo não conseguia conter o sorriso.

**

Assim que chegámos finalmente ao nosso destino já eram quase onze da noite e apesar de a maioria ter passado quase toda a viagem a dormir, ninguém tinha vontade de aproveitar aquele dia para passear e em vez disso depois de feito o check-in, despedimo-nos todos e separamo-nos, indo cada um para os seus quartos.

Encostei a minha mala à parede e olhei em volta para observar com atenção aquele quarto simples mas bastante espaçoso e engraçado. A segunda coisa que fiz foi abrir a porta que dava para a pequena varanda voltada para a zona da piscina mas com a noite já cerrada não conseguia ver nada de especial e por isso mesmo decidi continuar a explorar tudo no dia seguinte.

A verdade é que começava a sentir-me mais nervosa pelo facto de ir mesmo dormir com o Enzo mas queria fingir que não era isso que estava a acontecer.

- Queres ficar com que lado da cama? – perguntou ele, destruindo por completo a minha tentativa de não pensar nisso – Podes escolher, a mim tanto me faz.

Encolhi os ombros e apontei para o lado mais próximo da varanda – Posso ficar deste lado. – ele assentiu com a cabeça antes de se começar a despir – Enzo! – resmunguei revirando os olhos. Obviamente não era a primeira vez que o via despido, já o tinha visto muito despido, muito perto, mas ainda assim continuava a dar-me uma coisinha má sempre que ele se decidia a despir-se sem qualquer aviso prévio.

- Sabes que isto vai acontecer muitas vezes, certo?

Revirei os olhos e atirei-lhe uma das almofadas da cama – Eu sei mas mesmo assim podíamos avisar antes de te começares a armar em stripper. – aproximei-me novamente da minha mala para tirar o pijama que tinha trazido e mudar de roupa.

Voltei a revirar os olhos assim que acabei de vestir o pijama e me virei para a cama, onde o Enzo já se encontrava deitado e me olhava mesmo à descarada. Respirei fundo e caminhei até ao meu lado da cama, entrando na mesma de seguida. O quarto encontrava-se às escuras mas devido à porta da casa de banho estar ligeiramente aberta e a luz dessa divisão estar acesa, conseguia ver o Enzo perfeitamente.

- Lembraste quando dormimos juntos em minha casa? – estávamos virados um para o outro, bastante perto um do outro mas sem nos tocarmos; assim que assenti com a cabeça o Enzo chegou-se para mais perto, deixando-nos a meros milímetros de distância um do outro – Dormiste agarrada a mim.

- É normal, eu não paro quieta quando estou a dormir. Gostaste de me ter agarrada a ti? – perguntei com um meio sorriso.

- Gostei. Não há noite em que me vá deitar e não me lembre disso. Espero que te agarres a mim nesta semana também. – no preciso momento em que o olhar do Enzo desceu para os meus lábios senti a minha respiração mais pesada e instintivamente passei a língua pelos mesmos – Tinha tantas saudades de estar sozinho contigo. – confessou olhando-me novamente nos olhos – Espero mesmo que esta semana não estejam sempre a interromper-nos.

O Enzo chegou-se para a frente, acabando por completo com a curta distância que havia entre nós. Os nossos lábios juntaram-se e senti-me derreter contra o seu corpo depois te ter passado tanto tempo desde a última vez que o tinha beijado. Afastei-me apenas dele quando precisei de recuperar o ar e mantive a nossa proximidade, deitando a cabeça no peito dele.

Sorri ao sentir os dedos do Enzo a passarem pelos meus cabelos e apoiei o queixo no peito dele, de maneira a conseguir olhá-lo – Tenho de confessar que a última semana também foi muito chata. – mordi o queixo dele assim que o seu sorriso provocador fez uma nova aparição naquela noite – Por mais que me tente afastar de ti parece que não consigo por isso já deixei de tentar lutar contra isso.

- Não precisas de te afastar de mim e eu não quero que o faças. – fechei os olhos quando o Enzo ergueu ligeiramente a cabeça e me beijou a testa, descendo de seguida para me beijar a ponta do nariz e finalmente os lábios – Eu tentei parar de pensar em ti mas parece que é impossível.

- Então… - interrompi-me antes de continuar a frase mas ainda assim ganhei coragem para a continuar – … o que é que isso quer dizer? O que é que isto é?

Assim que durante uns segundos o silêncio reinou no quarto, senti imediatamente vontade de bater com a cabeça contra a parede. Não estava à espera de uma etiqueta para a nossa relação quando eu própria não sabia muito bem o que é que esta relação era mas sentia a necessidade de falarmos sobre isto, mais que fosse porque em tanto tempo nunca tínhamos falado sobre o assunto.

- Uma grande amizade? – tentou o Enzo, mordendo o lábio inferior de seguida.

- Uma grande amizade? – repeti de sobrancelhas juntas – Porque é isto que costumas fazer com as tuas amigas, certo?

Não me mexi nem um milímetro mas o Enzo parecia ter receio que eu o fizesse porque senti os braços dele a apertarem-me mais contra o seu corpo, impedindo-me de sair de perto dele.

- Não, nem com as minhas amigas nem com as não amigas. Como eu disse antes, eu tentei manter-te longe dos meus pensamentos mas foi impossível. – fiz o meu máximo para evitar sorrir com as suas palavras – Mas eu já te contei como é que foi a última e a única vez em que estive numa relação; não correu nada bem. Estou habituado a que as coisas não me corram bem e as pessoas se acabem por ir embora e sinceramente não sei se quero mudar isso e ganhar esperanças para que depois aconteça de novo.

Cheguei-me para mais perto do Enzo, se é que isso era possível, e aproximei as nossas caras, fazendo-o parar de fixar o tecto do quarto para olhar para mim – A minha última relação também não nenhum conto de fadas e mesmo assim estou aqui, a confiar em ti. – essa era a mais pura das verdades; depois de tudo o que tinha passado com o Theo a última coisa que queria era outro relacionamento mas quando tinha começado a pensar nisso tinha tentando ao máximo encontrar alguém que fosse o total oposto dele, como o Martin, mas ainda assim não me sentia nem metade do segura com ele do que me sentia com o Enzo. O olhar do Enzo voltou a prender-se no meu e coloquei cada uma das minhas pernas de cada lado das suas, mantendo toda a nossa proximidade – Mas tudo bem. – encolhi os ombros e puxei o top do meu pijama mais para baixo, aumentando o decote, o que fez com que o olhar do Enzo descesse logo nessa direção – Eu percebo, a sério. – sentei-me no colo do Enzo e vi-o a morder o lábio inferior mal o fiz devido à nossa proximidade e ao facto de não termos assim tanta roupa entre nós – Somos amigos. Grandes amigos.

- Não sabia que eras assim tão provocadora. – murmurou ele enquanto subia as mãos para a minha cintura e me puxava mais para si.

- Provocadora? Achas? – perguntei com um ar chocado – Nem pensar. Eu não ando por aí a provocar os meus amigos, Enzo. Por quem é que me tomas?

Soltei uma gargalhada quando senti as minhas costas novamente contra o colchão e de seguida o corpo do Enzo em cima do meu, completamente pressionado contra mim.

- O que é que estás a fazer, amigo? – perguntei passando as pontas dos meus dedos pela nuca dele, sem conseguir evitar aquilo

- A beijar-te. – a resposta veio com um sorriso antes de ele fazer exatamente aquilo que disse.

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publicado às 14:33


2 comentários

De Sara a 19.12.2015 às 16:40

ADOREI

De Sara a 29.12.2015 às 11:50

O próximo capítulo?

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