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Veintitrés

por Joanna, em 28.11.15

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Continuei a caminhar pelas ruas desertas da cidade enquanto sentia a chuva fria a entranhar-se nas minhas roupas e no meu cabelo. Abracei-me a mim própria numa tentativa falhada de acalmar o frio que estava a sentir mas apesar disso não pensava em arranjar uma solução como abrigar-me daquele mau tempo ou voltar para a universidade para tomar um banho quente e mudar de roupa.

Odeio-te. Eram palavras muito fortes; obviamente não o odiava mas odiava a maneira como ele me fazia sentir, a maneira como por mais que eu tentasse afastar-me dele e afastar aquilo que sentia ele arranjava sempre uma maneira de me dar a volta aos pensamentos e me deixar mais fraca.

Suspirei e mordi o meu lábio inferior com força ao recordar o que se tinha passado na casa de banho da universidade, aquele beijo que eu tinha estado ansiosa por partilhar com ele desde a noite anterior em que isso quase tinha acontecido.

- Skylar.

Ignorei a voz que estava ao meu lado e continuei a andar sem rumo. Já nem fazia ideia de onde é que me encontrava mas tinha a certeza que já estava bastante longe da universidade apesar de ter andando num passo normal.

- Skylar, estamos os dois à chuva sem qualquer necessidade. – continuei a andar enquanto fingia que não o conseguia ouvir, coisa que apenas deixei de fazer quando o Enzo subiu o passeio com a mota e me cortou o caminho – Isto está a ser muito divertido mas está na altura de subires para a mota. – revirei os olhos enquanto o olhava fixamente – Desculpa. Não devia ter dito aquilo. – juntei as sobrancelhas bastante surpresa pelo seu pedido de desculpas – Vais ficar doente. Sobe para a mota, vamos sair daqui.

- Não. – respondi apenas enquanto me preparava para passar à volta da mota e seguir o meu caminho. Olhei por cima do meu ombro assim que o meu braço foi agarrado – Larga-me.

- Desculpa. – voltou ele a pedir. A chuva escorria-lhe pelo cabelo e pela cara, deixando-lhe as roupas tão coladas ao corpo como as minhas próprias. Nunca tinha chegado a perceber se o Enzo estava a ser sincero ou não mas a sua expressão parecia realmente franca. Só que ele era um mentiroso irritante por isso podia muito bem estar só a querer que eu fosse com ele – Prometo que não te volto a beijar. Continuo a dizer que o Martin é um parvalhão- - revirei os olhos e saí do aperto dele para continuar o caminho, até ter novamente o meu braço agarrado – Desculpa; se queres estar com ele é uma decisão tua, tu é que sabes. Agora por favor sobe para a mota para sairmos daqui.

Fiquei alguns segundos a olhar para ele enquanto ponderava o que fazer. Desviei apenas o olhar dos seus olhos para tentar perceber onde é que estava mas a verdade é que não fazia a mais pequena ideia e cada vez chovia mais. Respirei fundo e acabei mesmo por subir para a mota.

**

A viagem de mota tinha tornado toda aquela situação muito pior não só porque apesar de ter tentando evitá-lo ao máximo, tinha acabado por vir bastante próxima do Enzo mas também porque o vento que se fazia sentir naquele meio de transporte sem qualquer protecção ou aquecimento fazia com que a chuva que continuava a cair e aquela que já me tinha encharcado toda a roupa, me deixassem num estado muito pior do que aquele em que me encontrava antes. Agora sim, tinha a certeza de que ia ficar doente.

Encolhi-me contra o meu casaco para me tentar aquecer mas naquele estado nada resultava e mesmo o ar quente do interior da casa dos Suarez não era grande ajuda quando todas as minhas peças de roupa se encontravam completamente ensopadas e coladas ao meu corpo frio e arrepiado.

- Estou a morrer de frio. – queixou-se o Enzo enquanto soprava para os dedos e olhava para mim – Despe isso tudo, temos de tomar um banho quente. – juntei as sobrancelhas tanto pela sua primeira ordem como pela sugestão seguinte, principalmente devido à conjugação do verbo – Um de cada vez, claro. – completou ele ao ver a minha expressão.

Queria odiá-lo, queria mesmo afastar-me dele de uma vez e nunca mais o ver à frente mas isso era algo completamente impossível devido a uma lista enorme de factores entre os quais: a minha prima e o irmão dele terem uma relação, a minha melhor amiga ser irmã do Enzo e um outro fator que se encontrava no topo da lista era eu própria não me conseguir afastar-me dele por mais que tentasse. A verdade é que eu queria odiar o Enzo pela maneira como ele me fazia sentir e pela maneira como conseguia dar a volta aos meus pensamentos e deixá-los completamente à deriva sem pensar noutra coisa senão nos vários e pequenos momentos que partilhávamos. Sentia-me impotente e com a sensação de que estava a escolher exatamente a mesma opção que já me tinha dado errada antes mas que não conseguia evitá-lo.

E o mal disto tudo é que quando tinha escolhido o Theo no passado, não tinha havido mais ninguém mas agora parecia que seguia no mesmo caminho apesar de ter a opção mais segura que era sem dúvida alguma o Martin. Ele fazia-me sorrir, fazia-me sentir que era uma pessoa melhor e que estava no bom caminho mas apesar de todas essas coisas boas continuava a não conseguir fugir e resistir ao Enzo e isso era horrível.

Segui atrás dele até ao andar superior e passei à sua frente assim que ele me deu espaço para entrar na casa de banho. O espaço parecia agora muito maior desde a última vez que ali tinha estado, mas tendo em conta que da última vez tinha estado lá dentro com o Enzo, um Enzo muito despido, era natural que agora sentisse que tinha muito mais espaço por onde me mexer.

Despi as minhas roupas encharcadas e espremi a água das mesmas para dentro da banheira, estendendo-as de seguida num sítio qualquer onde houvesse espaço. Enfiei-me finalmente debaixo do jacto de água quente que caiu pelo meu corpo e foi afastando aos poucos o frio que se tinha entranhado na minha pele e ossos.

Estava tão distraída com os meus pensamentos, recordações e o ar quente que agora preenchia aquela divisão que acabei por demorar um pouco mais do que o necessário a sair da banheira. Afastei a cortina e olhei em volta, lembrando-me que devia ter pedido ao Enzo que me indicasse onde é que ficavam as toalhas mas rapidamente o meu olhar parou no tampo fechado da sanita onde se encontrava uma toalha de banho juntamente com algumas roupas secas e com aspeto lavado.

Depois de secar o meu corpo e os meus cabelos, prestei maior atenção às peças de vestuário que ali se encontravam e pude constatar que se tratavam de um conjunto de roupa interior que desconfiava ser da Lola, juntamente com umas leggins pretas que certamente teriam a mesma dona e ainda uma camisola preta de manga comprida que ao agarrar nela reconheci imediatamente como aquela que o Enzo me tinha emprestado algumas noites atrás.

Durante alguns segundos fiquei a ponderar as minhas opções mas não foi preciso muito para me decidir a vestir aquelas roupas já que todas as minhas peças de roupa continuavam completamente encharcadas e espalhadas pela casa de banho. Não ia voltar a vestir aquilo quando tinha à minha frente roupas secas e confortáveis.

Abri a porta da casa de banho e parei de repente conseguindo assim evitar embater contra o corpo do Enzo que estava à espera no corredor. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto sentia o olhar dele posto em mim, o que era horrível por todos os motivos que continuavam a passear pela minha cabeça mas principalmente pela maneira como me encontrava vestida particularmente por estar novamente com a camisola que lhe pertencia.

- Desculpa ter demorado. Distraí-me.

- Não faz mal. – mordi o interior da bochecha ao vê-lo a sorrir, um sorriso que não tinha nada a ver com os outros dele a que estava habituada porque em vez de ser aquele sorriso provocador e engatatão era um sorriso mais simples e querido coisa que me deixava ainda mais confusa e irritada comigo e com os meus pensamentos – Podes ir para o meu quarto que eu já lá vou ter.

Assenti com a cabeça e caminhei até àquela divisão, sentando-me na ponta da cama que pertencia ao Enzo assim que lá cheguei. Olhar para o sítio onde me encontrava fazia-me pensar há duas noites e aquela era a última coisa em que queria pensar agora. Entre mim e o Enzo nada tinha sido fácil mas agora era mesmo tudo mais difícil e estranho e a minha vontade era sair dali a correr e não voltar a pôr-lhe os olhos em cima mas uma espreitadela rápida pela janela fez-me perceber que aquela era uma péssima opção uma vez que continuava a chover bastante.

- Como é que te sentes?

Estava tão distraída com os meus pensamentos e com o facto de estar ali sozinha e em completo silêncio há uns bons minutos que ao ouvir a voz do Enzo novamente me fez saltar de susto. Automaticamente virei a cara na sua direção mas rapidamente voltei a desviar o olhar ao constatar que ele se encontrava apenas com a toalha de banho à volta da cintura enquanto se dirigia à cómoda onde tinha a roupa.

- Bem. – respondi mas rapidamente fui traída pelo meu corpo quando não consegui evitar um espirro – Ao chegar à universidade tomo qualquer coisa. – vi pelo canto do olho que ele já estava vestido e voltei a olhá-lo, recebendo uma embalagem de comprimidos – Não é preciso.

- Toma os comprimidos, princesa. – ordenou ele enquanto caminhava até à cama e trazia na mão um copo com água – Eu já tomei também. – acrescentou como se fosse aquilo que me ia fazer mudar de ideias e tomar o medicamento.

Acabei por o fazer, não querendo manter uma constipação por teimosia, e depois de o Enzo colocar a embalagem e o copo em cima da mesa-de-cabeceira, voltámos a estar demasiado perto um do outro e em total silêncio.

- Então… - comecei mordendo o meu lábio inferior de forma nervosa – Assim que a chuva passar vou voltar para a universidade.

- Não estou arrependido. – o Enzo ignorou por completo a minha tentativa de manter qualquer assunto que não fosse a meteorologia fora da nossa conversa – De te beijar. – completou ele apesar de eu saber perfeitamente que era disso que ele estava a falar antes – Mas não devia ter dito o que disse a seguir, foi estúpido e infantil.

- Não quero falar sobre isso. Podemos falar sobre outra coisa? – perguntei rapidamente.

- Eu disse que não me ia meter entre ti e o Martin por isso se é com ele que queres estar eu afasto-me. – tentei aumentar a distância que havia entre mim e o Enzo mas ele agarrou-me no pulso e impediu-me de ir para longe dele – Mas quero que o digas, que digas que não sentes nada quando estamos assim perto um do outro.

- Enzo, - comecei tentando parecer o mais confiante possível – eu e tu não resultamos, nem agora nem nunca.

- Não foi isso que eu disse. – constatou ele aproximando-se mais de mim. Estávamos agora virados um para o outro, sentados na cama com os nossos joelhos a tocarem-se e as caras bastante próximas – Eu só quero que me digas se não sentes absolutamente nada por mim e que o sentes pelo Martin. – engoli em seco, olhando para os seus olhos acastanhados e perdendo-me neles – Diz que não pensas em beijar-me quando estamos assim tão próximos ou que apesar de eu te irritar tu gostas um bocadinho disso e do facto de até sermos bastante parecidos um com o outro e nos conseguirmos perceber.

Mordi o meu lábio inferior novamente; estava a tentar arranjar maneira de negar tudo aquilo que ele dizia mas tanto eu como ele sabíamos que aquilo era a verdade. Não conhecia o Enzo assim tão bem ou assim há tanto tempo mas era impossível não perceber que havia uma certa química entre nós e que, tal como ele tinha dito, conseguíamos relacionar-nos em vários sentidos. E por mais que eu tentasse fazer um grande esforço para me afastar dele acabava sempre por não conseguir fazê-lo.

- Não. – murmurei num tom demasiado baixo – Não, isso não é verdade. – disse mais alto e até uma criança de três anos conseguia perceber que eu estava a mentir até porque o meu olhar encontrava-se agora parado nos lábios do Enzo que estavam tão perto dos meus que só conseguia recordar o beijo que tínhamos dado ainda há algum tempo na universidade.

- Não é? – perguntou ele com um sorriso brincalhão nos lábios, conseguindo perceber bem de mais que eu não estava a ser sincera – Tudo bem então. – a expressão dele adotou um ar mais sério enquanto se afastava lentamente de mim – Se é assim vou afastar-me de ti e deixar que te aproximes do Martin à vontade. Apesar de ele estar longe de ser o bom rapaz que tu achas que é.

Revirei os olhos e foi a minha vez de agarrar na mão dele e impedi-lo de se afastar; juro que me tentei controlar e não fazê-lo mas o meu corpo já há muito tempo que não dava ouvidos ao meu cérebro e mesmo o meu cérebro parecia não saber muito bem o que era certo ou não.

 – Vais contar-me de uma vez o que é que aconteceu com a Julia? – perguntei recordado a conversa que tínhamos tido há dias no restaurante.

- Ele é que tem de te contar, não sou eu. – engoli em seco ao ver-me novamente demasiado perto do Enzo. Ele esticou a mão e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, deixando-a estar depois junto ao meu pescoço – Diz que queres que eu me afaste e eu nunca mais te dirijo a palavra.

- Tu nunca fazes aquilo que eu te digo para fazer. – relembrei-o – Eu disse para me deixares em paz quando nos conhecemos e tu arranjaste maneira de te tornar meu amigo.

- Mas desta vez estou a falar a sério.

Sabia perfeitamente que o meu coração estava a bater demasiado depressa devido tanto à proximidade que havia entre mim e o Enzo como pelas suas palavras e a sua expressão séria e sincera. Queria dizer-lhe que queria que ele se afastasse e me deixasse em paz, que me deixasse aproximar do Martin que era aquele que eu sabia que devia confiar e com quem estar mas apesar de saber tudo isso não conseguia proferir as palavras em voz alta. Não conseguia ver-me a passar um dia sem ver o Enzo, sem embirrar com ele até me irritar a sério ou sem estar assim, tão próxima dele que era impossível não reparar nas pintas verdes que ele tinha nos olhos castanhos.

- Eu…

Tentei num rasgo de coragem dizer-lhe que queria que ele se afastasse de mim de uma vez mas não consegui acabar a frase e antes de perceber sequer o que é que estava a fazer, lancei-me para a frente, acabando com a distância mínima que ainda havia entre nós e juntando os nossos lábios novamente naquele dia.

Percebi que tinha apanhado o Enzo totalmente de surpresa quando ele ficou alguns segundos sem reagir mas rapidamente pareceu acordar e perceber o que se estava a passar pelo que as suas mãos desceram para a minha cintura e me puxaram mais na sua direção. Numa tentativa de ficar numa posição mais confortável e manter os nossos lábios juntos, acabei mesmo por sentar-me no colo dele, com as pernas à volta do seu quadril.

Entrelacei os meus dedos no cabelo da nuca do Enzo ao mesmo tempo que o puxava mais para mim, fazendo com que não houvesse qualquer dúvida de que entre nós não havia nem sequer uma fina camada de ar. Senti os dedos do Enzo a fazerem pressão na minha pele por cima da camisola enquanto me mantinha junto a si e aprofundávamos o beijo estando agora as nossas línguas em contacto.

Tanto tempo a tentar afastar aqueles pensamentos e afastar-me do Enzo que naquele momento parecia que o meu cérebro estava completamente desligado e o meu corpo desesperado em controlo. Tinha tido vários namorados, nunca nenhum tinha sido tão sério como o Theo mas mesmo com ele nunca me tinha sentido tão solta e livre como me sentia naquele momento com o Enzo, e o mais engraçado é que vistas bem as coisas o Enzo não me era absolutamente nada.

Sem o fazer propositadamente – ou sim, o meu corpo é que estava no comando e eu não fazia a mínima ideia do que é que fazia – ajeitei-me ligeiramente no colo do Enzo, o que devido a toda a nossa proximidade e apesar de nos encontrarmos ambos completamente vestidos, não deixou de ser um movimento que nos fez a ambos morder o lábio inferior e o Enzo acabou mesmo por soltar um suspiro arrastado.

- Sky. – o tom dele estava mais rouco do que normalmente e os nossos olhares encontravam-se fixos um no outro ao mesmo tempo que o peito de ambos subia e descia a uma velocidade também mais rápida que a normal.

Uma das mãos do Enzo manteve-se na minha cintura mas agora dentro da camisola que eu tinha vestida o que fez com que a minha pele sensível arrepiasse automaticamente com aquele contacto, enquanto a outra mão dele subiu até ao meu pescoço e depois para os cabelos da minha nuca, entrelaçando os dedos nos mesmos e puxando-me novamente para si de forma a que os nossos lábios entrassem em contacto.

Coloquei os meus braços à volta do pescoço dele enquanto correspondia o beijo e mordi-lhe o lábio inferior ao sentir o seu membro bastante próximo da minha intimidade. Continuávamos os dois completamente vestidos mas aquelas roupas finas e largas não pareciam grande barreira naquele momento. Além disso o meu corpo continuava a ser o único em controlo naquele momento e tinha-se passado tanto tempo desde a última vez que tinha estado assim com alguém, tanto tempo desde que andava a tentar resistir ao que o Enzo me fazia sentir que sabia que as coisas não iam ficar por ali.

A minha mente pareceu acordar do coma ao recordar que a última vez que assim tinha estado com alguém, que tinha confiado e me tinha deixado ir, não tinha corrido nada bem mas mesmo assim ela continuava a perder a luta contra o meu corpo que não estava mesmo com qualquer vontade de terminar ali quando estava finalmente aquilo que tinha estado tanto tempo a tentar evitar.

E o mal de toda esta situação era que apesar de eu estar a tentar controlar os meus pensamentos e agarrar as rédeas desta situação, começava a perceber que a minha vontade de acabar aquilo e afastar-me do Enzo era mesmo muito diminuta.

As nossas bocas afastaram-se assim que ambos precisámos de recuperar o ar mas nem por isso nos afastámos; as nossas testas estavam encostadas enquanto nos mantínhamos colados um ao outro e ainda me cheguei mais para junto do peito do Enzo ao sentir as suas mãos ligeiramente mais frias a entrarem em contacto com o fundo das minhas costas por dentro da camisola.

Apanhei o seu lábio inferior com os meus dentes e aproveitei para fazer o mesmo e colocar as minhas mãos dentro da sua camisola mas pela zona do pescoço. Os nossos olhares voltaram a encontrar-se enquanto o quarto voltava a estar em completo silêncio mas desta vez não se tratava de um silêncio constrangedor. Na verdade para mim aquele espaço estava longe de estar em silêncio já que eu conseguia ouvir o meu coração a bater bastante alto nos meus ouvidos.

Soltei o lábio inferior do Enzo e ainda a olhá-lo fiz um pequeno movimento de ancas que devido à posição em que nos encontrávamos, fez-nos a ambos soltar um gemido rouco e baixo. Mordi o meu lábio inferior devido àquela sensação de proximidade e passei as unhas pelas costas dele ao sentir os dentes do Enzo puxarem a minha pele de tal maneira que já sabia que naquele local ia ficar uma marca.

Ele voltou a pôr-se direito e sorriu enquanto me olhava – Se me disseres que não gostas disto, eu nunca mais o faço. – pediu ele aproveitando a posição em que nos encontrávamos para roçar os lábios pelo meu maxilar. Tinha-me esquecido completamente que aquele momento tinha surgido de uma tentativa do Enzo me fazer dizer que queria que ele se afastasse de mim.

Fechei os olhos com um suspiro ao sentir os lábios do Enzo a descer para o meu pescoço, parando junto ao meu ouvido onde foi deixando vários beijos lentos e molhados que me destruíam qualquer linha de pensamento.

Abri a boca para falar e dizer que gostava daquilo, o mal era gostar demasiado daquilo, mas não cheguei a dizer absolutamente nada quando a porta do quarto se abriu de rompante.

Saí tão depressa do colo do Enzo que nem sei como é que não perdi o equilíbrio e caí da cama mas a verdade é que consegui fazê-lo e senti todo o sangue fugir-me para as bochechas enquanto olhava para a figura parada do Santiago à porta do quarto que parecia tão surpreso como qualquer um de nós naquele momento. O Enzo demorou mais algum tempo a reagir mas acabou por se esticar até à almofada dele e pousar a mesma no seu colo, justamente no sítio onde eu tinha estado anteriormente e qualquer uma das pessoas que estavam naquele quarto percebiam perfeitamente o que é que ele estava a tentar esconder.

- Bem… isto é… interessante. – o Santiago foi o primeiro a quebrar o silêncio mas não parecia especialmente divertido ou feliz com aquela situação.

- Vou embora. – disse rapidamente mal me senti preparada para falar e sair dali. Desviei rapidamente o olhar para o Enzo e mordi o meu lábio inferior bastante nervosamente – Depois falamos. – foi a única coisa que disse antes de ganhar total força nas pernas e abandonar aquela divisão, passando por um Santiago ainda estático.

- Depois falamos, princesa. – ouvi o Enzo gritar quando já me encontrava no corredor dos quartos e fazia o caminho para o andar inferior para poder abandonar aquela casa – Parabéns Santiago. És sem dúvida o melhor irmão de sempre. – o tom irónico e irritado do Enzo foi a última coisa que ouvi antes de sair dali a correr.

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publicado às 16:23